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Ato demonstra solidariedade a pessoas com deficiência

publicado: 23/08/2019 10h46, última modificação: 23/08/2019 10h46
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Há 7 anos, o projeto Acesso Cidadão, que reúne voluntários, proporciona momentos de lazer e esporte a pessoas com deficiência e crianças com Síndrome de Down, que frequentam a Praia do Cabo Branco. - Foto: Foto: Divulgação/ACsocial

tags: iluska , acesso cidadão

por Iluska Cavalcante

“Abraço Solidário” acontecerá amanhã no Cabo Branco em apoio ao projeto Acesso Cidadão e contra a intolerância

 

Um abraço solidário da sociedade. É assim que o ato em apoio às pessoas com deficiência realizado pelo projeto Acesso Cidadão vai responder aos ataques de preconceito que sofreu recentemente. O ato é um convite a todas as pessoas que queiram demonstrar não só apoio ao projeto, mas colocar em pauta a discussão e prática da tolerância, da gentileza e do fim do preconceito em todas as suas formas. A ação está marcada para a manhã deste sábado (24), às 8h, em frente à Fundação Casa de José Américo, na orla da Praia do Cabo Branco.

O ato solidário foi convocado depois que um grupo de senhoras moradoras do bairro ter procurado a vereadora Heloísa Holanda (PP), na Câmara Municipal de João Pessoa, com um pedido inusitado: que as pessoas com deficiência que frequentam a orla fossem impedidas de ir ao local ou que o projeto se transferisse para um outro espaço que não aquele.

Heloísa Holanda (PP) é uma das fundadoras do projeto, e foi chamada pelo grupo de senhoras de “dona dos deficientes”. “Eu estava no meu gabinete e chegaram senhoras com mais ou menos 80 anos e falaram assim: ‘a gente veio pedir a senhora para tirar aquele projeto da praia, porque aquela área foi construída por pessoas ilustres e de renome relevante. Criamos nossos filhos num lugar maravilhoso e belo. Esse projeto não está trazendo esse complemento de beleza à praia’. Fiquei estarrecida e triste, sem saber o que dizer”, contou a vereadora.

Crianças autistas, com síndrome de down, cadeirantes, deficientes visuais e idosos, que procuram lazer e diversão na praia, todos os sábados pela manhã, através do projeto Acesso Cidadão, foram acusados pelas senhoras de “tirar a beleza” do lugar. A ideia do ato deste sábado é mostrar que essas pessoas são apoiadas pela maioria da sociedade. Os organizadores pedem que toda a sociedade compareça. “O projeto estará acontecendo nesse sábado, e a gente quer que as pessoas compareçam, vejam e sintam. A gente não vai fazer confusão, não é o nosso perfil. Nós vamos sim dar um grande abraço às pessoas com deficiência, naquele mar maravilhoso”, explicou Helena.

A vereadora comentou que a acusação das moradoras não afetou em nada o projeto. Pelo contrário, deu motivação para expandi-lo. “Elas me deram uma ideia maravilhosa, não vou tirar, vou expandir. Quero que ocorra em mais praias de João Pessoa. Essas mulheres cometeram um crime de discriminação”, disse.

Além do apoio da CMJP, de associações e organizações não governamentais, o projeto, que existe há sete anos, conta com a parceria do Governo do Estado, através da Fundação Centro de Apoio à Pessoa com Deficiência (Funad), e da Prefeitura Municipal de João Pessoa.

O coordenador do Acesso Cidadão e presidente da Assessoria e Consultoria Pela Inclusão Social (AC Social), Genilson Machado, explicou que todas as pessoas que participam dos sábados de lazer têm direito e acessibilidade para aproveitar o ambiente da praia, através de cadeiras especializadas para cadeirantes, pranchas, caiaque, piscinas, brincadeiras, sempre com a participação de instrutores voluntários.

Genilson, que é cadeirante e também usufrui do projeto, enfatizou a importância desse momento para a vida dos participantes. “Tem a interação social, com terapia, com brincadeiras. Muitas pessoas que já estão cansadas no seu dia a dia, passam a semana no médico, encontram nesse momento uma diversão. Temos cadeiras anfíbias, que leva os cadeirantes para a água e lá nós ficamos nos confraternizando, trocando ideia”, comentou.

Ele ressaltou a importância do ato de apoio que será realizado amanhã para combater o preconceito. “Convidamos a população para dar um abraço e mostrar que estamos juntos, estamos em favor do bem comum, que vai para todas as pessoas. Precisamos do apoio da sociedade no projeto Acesso Cidadão, mostrando que as pessoas com deficiência estão sendo incluídas dentro do coração de cada um da cidade.”

A publicitária Karol Vieira Cavalcante é uma das fundadoras e frequentadoras do projeto. Ela é cadeirante há onze anos, devido a um acidente automobilístico e, desde então, se tornou militante na causa das pessoas com deficiência. Ela enfatizou que se sentiu ofendida e que as moradoras cometeram um crime de discriminação.

“Primeiro tentei entender o que acontece com essas pessoas que procuraram a vereadora, dizendo que nós estávamos atrapalhando a beleza do espaço, ou seja, no bom português, que estávamos “enfeiando” a praia. Para mim, pareceu que a deficiência que é o problema. Nós vamos mostrar de forma educativa que somos pessoas que podem sim se incluir, temos o direito de ir e vir, em condições de igualdade e oportunidade”, afirmou.

*publicado originalmente na edição impressa de 23 de agosto de 2019