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Associação diz que em fevereiro eram 350 comerciantes no local; agora já são cerca de 480, um crescimento de 37%

Aumenta o número de ambulantes no entorno da lagoa

publicado: 10/05/2022 08h58, última modificação: 10/05/2022 08h58
2022.05.04_ambulantes nas calçadas © roberto guedes (8).JPG

Fotos: Roberto Guedes

por José Alves*

A cada dia aumenta o número de vendedores ambulantes no Centro de João Pessoa, mais precisamente no entorno do Parque Solon de Lucena. “Até o mês de fevereiro, aproximadamente 350 camelôs estavam ocupando as calçadas para vender seus produtos, mas até esse início do mês de maio o número de ambulantes nas ruas do Centro passou para cerca de 480. Um aumento de 37%”. A informação é da presidente da Associação dos Ambulantes e Trabalhadores da Paraíba, Márcia Medeiros. “Hoje, a gente vê muita gente na rua que nunca foi camelô, mas precisa ganhar algum dinheiro para conseguir fazer uma refeição”, revelou.

Para Medeiros, o número de vendedores ambulantes vem aumentando diariamente por causa dos altos preços dos alimentos. “A carestia está levando todo mundo ao desespero. Até quem tem outra atividade está tentando conseguir um bico para poder fazer a feira. Até as pessoas que antes conseguiam sobreviver do Bolsa Família (atualmente Auxílio Brasil), não conseguem mais apenas com o benefício”, desabafou a presidente da associação, complementando que o número de pessoas vendendo produtos nas mãos, ou seja, sem bancas ou barracas, também cresceu.

Os pedestres que transitavam ontem nas calçadas, dividindo o espaço com os vendedores ambulantes, culparam a prefeitura pela desorganização. A aposentada Alcina Maria disse que mesmo com as calçadas do Centro tomadas por barracas de vendedores ambulantes, as pessoas ainda conseguem caminhar, mas há trechos em que a caminhada fica quase impossível, com os transeuntes tendo que pedir licença para poder caminhar.

“O que falta mesmo é a Prefeitura de João Pessoa tomar uma atitude e fazer a padronização dessas bancas e barracas, para que todos possam caminhar e trabalhar em harmonia”, refletiu Alcina Maria.

Já a funcionária pública Pollyana Dornelas declarou que os camelôs, do jeito que estão nas calçadas de forma desordenada, atrapalham muito os pedestres. “Porém, reconheço que eles são pais e mães de família que precisam trabalhar. Cabe à prefeitura padronizar e fazer o ordenamento das barracas”, afirmou ela, ressaltando que a prefeitura só deveria permitir que eles vendessem os produtos em calçadas largas.

Gerentes de lojas do Centro da capital afirmam que não são contra os vendedores ambulantes armarem suas barracas nas calçadas para venderem seus produtos. Wilson Figueiredo, gerente de uma das lojas da Rua Santo Elias, disse reconhecer que a população está bastante prejudicada com a alta dos preços e afirmou que todos precisam “se virar” para sobreviver.

O também gerente de loja Douglas Monteiro disse que os camelôs nas calçadas não prejudicam em nada a venda das lojas. “Pelo contrário, muitos dos consumidores que frequentam o Centro para fazer compras procuram primeiro os camelôs e, quando não encontram o que procuram, acabam consumindo nas lojas. Os camelôs acabam atraindo o consumidor para as lojas”, observou Douglas.

Sedurb

A Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedurb) esclareceu que monitora o quantitativo de comerciantes informais no Centro da cidade de maneira quinzenal. Por meio desse levantamento, a pasta dividiu a área de comércio em três quadrantes, fiscalizando o ordenamento do espaço público.

O secretário Fábio Carneiro lembrou que, quando a gestão atual assumiu, o cenário da época era de proibição por decretos de comércio no Centro da cidade, o que fez com que esses trabalhadores passassem por uma situação difícil, já que muitos sobrevivem exclusivamente dessa atividade. À medida que os decretos foram sendo flexibilizados, a realidade se transformou, e não só aqueles que já ocupavam, mas novos trabalhadores afetados pelo desemprego, encontraram no comércio informal um meio de sobreviver.

No entanto, o monitoramento da Sedurb aponta que desde o mês de janeiro esse quantitativo permanece o mesmo. Recentemente, a equipe técnica da pasta iniciou estudos que já trazem projetos finalizados para implantação, onde visa temporariamente o ordenamento da categoria conforme o estabelecido no Código de Postura do município. “A meta é que, em breve, a gente consiga trazer de volta o pleno acesso do pedestre às calçadas e garantir uma melhor acessibilidade a quem precisa frequentar essas áreas”, concluiu o secretário Fábio Carneiro.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 10 de maio de 2022