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Bairros da Capital mostram modernismo e antiguidade

publicado: 24/06/2018 00h05, última modificação: 23/06/2018 06h43
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Bairros como Altiplano, Manaíra e outros localizados na orla da Capital estão crescendo verticalmente e sendo considerados nobres
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Iluska Cavalvante

Alguns são mais tranquilos, outros famosos pela agitação nas ruas, há os que são conhecidos pelos grandes edifícios e também os que mantêm as casas como identidade entre as suas ruas. Uns são mais comerciais, outros familiares. Entre peculiaridades e características diferentes, os bairros de João Pessoa compõem e contam um pouco a história da capital paraibana.

Terezinha Coutinho, de 90 anos, teve a sua fé que como principal motivo para permanecer por mais de 80 anos morando no bairro do Roger. Com o mesmo nome da padroeira do bairro, ela conta que não foi coincidência permanecer tanto tempo ali. “É perto da igreja, onde tem a procissão da padroeira Santa Terezinha todo ano. Graças a Deus pude estar em todos os anos, não perco, não, ela é a minha protetora”, comentou.

Ela chegou aos 14 anos no bairro. Casou e criou três filhos ali. Dois dos filhos decidiram permanecer no bairro que, segundo Terezinha, é famoso pela tranquilidade. “Era mais tranquilo antes, mas em comparação a outros bairros que vemos por aí, aqui é calmo e seguro. Me familiarizei com o lugar desde que cheguei, todos os vizinhos me querem muito bem. Gosto muito daqui”.

O bairro Cordão Encarnado, localizado no centro da cidade, apesar de ser pouco conhecido atualmente, também é um dos mais antigos. Para Francisco Chagas, de 52 anos, que mora no bairro desde criança, o bairro sofreu boas mudanças e a localidade é a característica que ele mais gosta. “É centro aqui, né. Perto de tudo, tem comércio, tudo que você quiser aqui perto. É um bairro ótimo”.

Já Laura Cristina, de 21 anos, diz que uma das coisas que mais gosta do Cordão Encarnado é a vista no pôr do sol. As lembranças alegres da infância de brincadeiras na calçada de casa não serão passadas para a filha de nove meses. “Com o tempo as crianças foram parando mais, acho que por conta de tudo estar mais perigoso hoje em dia”, comentou.

O bairro do Roger tem 10.381 moradores segundo o censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE).

Segundo o arquiteto especialista em Gerenciamento de Obras e Tecnologia da Construção e presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo da Paraíba (CAU-PB), Ricardo Vidal, João Pessoa do Centro à praia de João Pessoa é possível ter exemplos de arquitetura colonial, modernista e contemporânea. Ele explica que isso ocorre devido à forma como a cidade foi fundada e desenvolvida. “João Pessoa possui uma peculiaridade em comparação às demais capitais litorâneas, por ter sido fundada às margens de um rio, para só depois crescer em direção ao litoral. Só que esse processo durou cerca de 300 anos, o que delimita, de oeste a leste, a evolução das tipologias arquitetônicas dos últimos séculos”, disse.

De acordo com ele, o bairro do Roger e Cordão Encarnado permanecem com suas características e pouco mudou ao longos dos anos. “São quase cápsulas do tempo, em que a medida que a especulação imobiliária fechou seus olhos, preservam arquitetura e hábitos de décadas passadas”.

Bairros populosos

Localizado na zona sul da capital paraibana, Mangabeira é no bairro mais populosos de João Pessoa. De acordo com o Censo 2010 do IBGE, com 75.988 habitantes. Além de ser o maior da cidade, com uma área territorial de 1.069 hectares.

Mangabeira também é conhecida por conta do seu comércio. A principal avenida do bairro, Josefa Taveira, é cercada por lojas de todos os tipos, roupas, eletrônicos, cosméticos, supermercados, entre outros. A chamada pelos moradores de “cidade de mangabeira” realmente é independente e seus moradores dificilmente precisam sair de lá para encontrar algo.

Carlos Alberto, de 62 anos, mora em mangabeira há quase 30 anos. Ele conta que comprou a casa onde mora no início do seu casamento e que nunca mais quis sair do bairro. “Mangabeira tem de tudo, é uma cidade, eu não preciso sair daqui pra nada. Não quero sair daqui nunca”, disse.

E realmente, ele nunca saiu. Mesmo com o casamento que o motivou a comprar a casa no bairro tendo chegado ao fim, Carlos não deixa o local e nem pensa em vender a sua casa. “A nossa casa, minha e da minha ex-mulher, é um patrimônio para nossos filhos, porque a cada dia que passa o valor dela se valoriza mais. Esse bairro só tinha mato quando vim morar aqui e hoje só tende a crescer cada dia mais”, comentou.

Ele não é o único que pensa dessa forma, o comerciante José Vadenes diz está muito feliz com o seu comércio no mercado público de mangabeira. Ele saiu do Rio de Janeiro para morar em João Pessoa, e a convite do cunhado, decidiu ser comerciante em um bairro novo da capital paraibana. “Eu estava destinado a vim pra mangabeira. Isso já faz 25 anos, não foi na fundação, mas as mudanças que eu vi por aqui nesse tempo foram muitas”, disse.

A evolução de alguns bairros, principalmente da zona sul, como bancários e mangabeira, foi algo claro e rápido, que desencadeou o crescimento não só do comércio, como também do mercado imobiliário. “Alguns bairros demonstram maior crescimento do que outros, bem como suas vocações acabam mudando com o tempo. Bairros como Mangabeira ou Bancários, têm se mostrado com grande vocação comercial, se contrapondo ao Centro”, explica o arquiteto.

Outro bairro com bastante vocação comercial é mandacaru. O bairro que habita cerca de 12.593 pessoas, segundo o censo 2010 do IBGE, também sofreu mudanças e crescimentos ao longo dos anos.

Antônio Moraes conta com orgulho que morou ainda criança no bairro de mandacaru. Hoje com 70 anos, explica com detalhes como o que era “só mato” como ele descreve, foi se tornando em um dos maiores bairros de João Pessoa. “Eu vim morar aqui não tinha nem saneamento básico. Agora tudo mudou, cresceu, desenvolveu. O que preciso encontro por aqui, no comércio. Conheço todo mundo e todo mundo me conhece”.