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Caminhos do Frio em Alagoa Nova

publicado: 04/09/2023 10h17, última modificação: 04/09/2023 10h17
Circuito começa amanhã e vai até o próximo domingo. Durante a semana, a cidade celebra a emancipação política

por Alexsandra Tavares*

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Edificações como a Igreja Matriz de Santa Ana são atrativos para os visitantes - Foto: Prefeitura de Alagoa Nova/Divulgação

Após passar por nove municípios do Brejo paraibano, o Caminhos do Frio encerra o ciclo de visitação deste ano em Alagoa Nova. A cidade de apenas 21.013 habitantes teve como primeiros moradores os indígenas bultrins, da nação Cariri, e no próximo dia 5 de setembro completa 173 anos de emancipação política. O município possui atrativos turísticos como cachoeiras, engenhos, lagoa, prédios históricos. Segundo estimativas da prefeitura, estão sendo esperados cerca de três mil visitantes a cada dia da rota cultural, que começa amanhã, e se estende até o próximo domingo.

O prefeito Francinildo Pimentel destacou que uma equipe está se mobilizando para fazer uma grande festa da rota cultural, cuja programação também abrange as comemorações do aniversário do município. “Estamos nos organizando há algum tempo para deixar tudo bonito no encerramento do evento. Esse ano, como o Caminhos do Frio aborda o cordel, estamos preparando a decoração dentro desse tema. O público vai poder conferir o que nossa cidade tem de melhor. Na programação estará incluída a comemoração do aniversário da cidade. Serão 10 dias de evento em Alagoa Nova”, afirmou o prefeito.

Durante o Caminhos do Frio, o público vai poder conferir várias atividades, entre elas estão exposições fotográficas e de quadros, palestras, artesanato, teatro de babau, desfile exibindo peças de vestuário bordadas, shows musicais, inclusive, religiosos. Uma das bandas esperadas é a Limão com Mel.

Segundo Jefferson Barbosa Lira, secretário de Cultura, Turismo e Juventude de Alagoa Nova, o visitante ainda poderá andar pela Vila da Gastronomia, Vila do Artesanato, conferir réplicas de casas em xilogravuras, conhecer um espaço instragramável e uma área dedicada ao cordel. “A previsão de público é a melhor possível, girando em torno de três mil visitações diárias”, declarou.

Turismo de aventura

O secretário enfocou que Alagoa Nova é uma cidade com potencial turístico na área rural e de aventura, onde se costuma fazer trilha na Cachoeira da Boa Vista, passando por serras que possibilitam uma visão exuberante da cidade, como a trilha para a Barragem de Nova Camará. Atualmente, a barragem é ponto de visitação e Liraturismo de aventura.

“Na parte gastronômica, temos a Rota dos Sabores, produto criado que viabiliza a visitação a três restaurantes rurais entre os Sítios São Tomé e São José. Temos os Restaurantes Dona Berna, Quinta do Sabiá e Pesque e Pague como referências, além da produção agrícola do município com produtos orgânicos, doces caseiros e o artesanato que tem sua tradição”, enfocou o secretário de Cultura, Jefferson Barbosa Lira.

Indígenas bultrins dominavam o local

Os primeiros habitantes de Alagoa Nova, segundo a prefeitura da cidade, foram os índios bultrins, da nação Cariri. A população nativa criou um aldeamento chamado Aldeia Velha, posteriormente batizado de Bultrins. Em 1760, com a promulgação do Diretório dos Índios, as terras indígenas foram ocupadas por fazendeiros, gerando conflito com os povos nativos, que resistiram à invasão. No entanto, não puderem vencer o poderio bélico dos forasteiros, sendo mortos ou escravizados.

Alguns remanescentes indígenas foram viver na Missão do Pilar, enquanto os fazendeiros estabeleceram propriedades e formaram novos povoados. Em 1763, o governador Francisco Xavier de Miranda Henrique concedeu terras do Olho D’Água da Prata, terra vizinha ao aldeamento Bultrin, a Maria Tavares Leitão e seu filho, o alferes José Abreu Tranca. Ambos investiram na agricultura de subsistência, na criação de gado e no comércio do excedente de farinha, que era vendida para o Sertão. Por causa dessa prática, o historiador Epaminondas Câmara denominou essa fase de “civilização da farinha”.

Documentos antigos mostram a existência de Alagoa Nova desde o século 17. Segundo a prefeitura da cidade, registros históricos mostram que em 1840 existia um grupo de moradores próximos de uma lagoa, dando origem à fazenda Alagoa Nova - primeiro topônimo do povoado. A propriedade pertencia ao senhor Manoel Pereira da Silva. Outros fazendeiros se destacaram na região, como Severino Benedito e Belarmino Nogueira.

“A previsão de público é a melhor possível, girando em torno de três mil visitações diárias até o dia 10" Jefferson Barbosa Lira

A primeira capela do local, dedicada a São Sebastião, foi construída em 1870, em um terreno doado pelas irmãs Catarina e Balbina, da família Ferreira Rabelo Aranha. Tempos depois, foi construída outra igreja, tendo como padroeiro o Divino Espírito Santo. Atualmente, ela é a Igreja Matriz de Santa Ana.

O dono da fazenda Alagoa Nova, Manoel Pereira da Silva, foi o primeiro grande cobultrins dominavam localmerciante da região e em 1977 o setor comercial já estava desenvolvido no povoado. Manoel Pereira foi responsável pela instalação de um engenho primitivo para descaroçar algodão, chamado de “bulandeira”. Ele também era usado na moagem da cana-de-açúcar e na fabricação de rapadura. Com o crescimento e o desenvolvimento da região, criou-se o distrito de Alagoa Nova, por meio da Lei Provincial no 6, de 22 de fevereiro de 1837, sendo subordinado ao município de Campina Grande.

Em 5 de setembro de 1850, o distrito foi elevado à categoria de vila, com a denominação de Alagoa Nova, pela Lei Provincial no 10, de 5 de setembro de 1850, se desmembrado de Campina Grande, com sede no núcleo de Alagoa Nova.

Vale lembrar que parte da história da cidade foi destruída devido a um incêndio ocorrido durante a Revolta do Quebra-Quilos, em 1874, movimento que aconteceu na região. Na ocasião, o arquivo da prefeitura foi queimado.

Pontos Turísticos

  • Cachoeira dos Caldeirões

Localizada no limite entre Alagoa Nova e Esperança, a Cachoeira dos Caldeirões se destaca pela formação rochosa. Ela está inserida no Sítio Ribeiro e Sítio Carrasco, possuindo pequenas gravuras rupestres em suas formações rochosas. Devido à correnteza do Rio Riachão, afluente do Rio Mamanguape, as pedras que constituem a cachoeira apresentam deformações que chamam a atenção do visitante.

  • Cachoeira da Boa Vista

A cachoeira fica distante cerca de 8km da zona urbana e apresenta, no entorno, vários exemplares da vegetação local. Tem uma queda d’água de, aproximadamente, 50 metros. É apropriada para a prática de trilhas e turismo de contemplação.

  • Portal Pedro Moreno Gondim

Na entrada da cidade, o visitante se depara com o portal dedicado a Pedro Moreno Gondim, ex-governador do município. A obra tem duas colunas inspiradas nas chaminés do período dos engenhos. Também é possível observar bancos no formato de moenda, com uma calçada apropriada para a prática de caminhada.

  • Barragem Nova Camará

A Barragem de Camará foi construída entre 2002 e 2002. Embora, a cidade tenha vivido uma passagem negativa na década passada, atualmente a área é visitada, tendo áreas apropriadas para a prática de trilha, caminhada, ciclismo e rapel.

  • Parque Lagoa Manoel Pereira

Segundo historiadores, o local servia de descanso para os tropeiros. Eles paravam para descansar das longas viagens e dar água aos animais. Os animais eram usados para transportar fardos de algodão, produtos agrícolas e especiarias que eram comercializadas do Sertão para o Agreste. A lagoa foi urbanizada em 1998, sendo conhecida como “Lagoa de Joca Patrício”. Hoje, é um dos pontos de encontro da população.

  • Engenho Olho D’Água

O Engenho Olho D’Água é um dos símbolos do apogeu da produção da cana-de-açúcar, do progresso e agricultura canavieira na região. O engenho produzia rapadura e aguardente. Parte dos produtos era vendida na região e em Campina Grande.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 03 de setembro de 2023.