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Campanha da Fraternidade 2017 é lançada com foco na defesa do meio ambiente

publicado: 02/03/2017 00h05, última modificação: 02/03/2017 08h38
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O lançamento da campanha em João Pessoa foi realizado na manhã de ontem, durante a Missa de Cinzas, celebrada na Igreja Santo Antônio de Lisboa, em Tambaú - Foto: Edson Matos

tags: arquidiocese da paraíba , igreja católica , campanha da fraternidade 2017 , biomas brasileiros e defesa da vida


Cardoso Filho

A preservação do meio ambiente é o principal foco da Campanha da Fraternidade iniciada ontem pela Igreja Católica. Em João Pessoa, o lançamento aconteceu na manhã de ontem, com a Missa de Cinzas, na Igreja Santo Antônio de Lisboa, no bairro de Tambaú, pelo administrador apostólico da Arquidiocese da Paraíba, Dom Genival Saraiva de França.

A Campanha da Fraternidade 2017, que acontece durante a quaresma, tem como tema “Biomas brasileiros e defesa da vida”. Dom Genival Paiva enfatizou que a campanha quer mostrar o problema da degradação dos seis biomas do Brasil, enfatizando que nos próximos 40 dias a Igreja Católica vai voltar os olhos para essa questão. “Vamos pastoralmente trabalhar em cada paróquia para que os cristãos vivenciem essa realidade em seu universo. Esse olhar integrado de todos nós”, salientou.

Dom Genival frisou que a imprensa e a população são responsáveis, também, pela fiscalização junto ao poder público pela preservação do meio ambiente, afirmando que a responsabilidade maior é do Estado, “mas quando vemos que esse bioma está maltratado pela falta de saneamento básico é para dizer que a sociedade precisa ser reivindicativa e a mídia precisa fazer isso como um direito da coletividade”, acrescentou.

O cônego Egídio de Carvalho Neto, responsável pela campanha na Arquidiocese da Paraíba, disse que a história do Brasil mostra que desde o descobrimento até os dias atuais os biomas, as regiões e todo o território brasileiro sofrem com o uso irresponsável dos bens naturais e com a interferência direta do homem na natureza e no planeta. “Nossos biomas têm sentido de forma perversa o peso da mão inconsequente do ser humano”, salientou.

Para o religioso, é preciso cuidar de modo especial dos biomas brasileiros. “Desde 1979 que a igreja lançou um olhar e fez ao mesmo tempo um apelo à sociedade brasileira e denunciou a forma como o planeta estava sendo ameaçado pela ação maléfica do homem. O uso irresponsável tem feito com que nossos bens naturais estejam desaparecendo. Durante este tempo quaresmal, a Campanha da Fraternidade quer ajudar a construir uma cultura de fraternidade entre nós, apontando para a justiça e denunciando ameaças e violações da dignidade e dos direitos. É na vida fraterna, amiga e solidária que encontramos a síntese da Boa Nova trazida por Jesus. Neste ano de 2017, o chamado da Igreja é lançado a todas as pessoas de boa vontade, para enfrentar com compromisso as palavras do Criador que nos convida a 'cultivar e guardar a criação'. A nossa caminhada de fé não nos deixa ser indiferentes à realidade de violência e de descaso com que são tratados os biomas brasileiros”, finalizou o Cônego Egídio.

Missa de Cinzas abre a quaresma

A Igreja Santo Antônio de Lisboa, no bairro de Tambaú, ficou lotada de fiéis para assistir a Missa de Cinzas, celebrada durante duas horas por Dom Genival Paiva e pelo cônego Egídio Carvalho Neto. O responsável pela Campanha da Fraternidade disse que a Quarta-Feira de Cinzas significa a abertura da quaresma que separa a Páscoa e a Ressurreição de Jesus.

A Quarta-feira de Cinzas, explicou, acontece quando se coloca as cinzas sobre as cabeças das pessoas com as seguintes palavras: Lembre-se que vocês vieram do pó e que um dia vocês irão voltar. “Para nos lembrar da nossa finitude, da nossa limitação humana, que na nossa vida nós temos que ter essa preocupação de uma conversão, de uma mudança de vida, para que a gente não se ache eterno e imortal, mais para mostrar também nossa finitude, nossas limitações humanas”.

O que é o bioma?

É um conjunto de vida (animal e vegetal) que se constitui pelo agrupamento de tipos de vegetação identificáveis numa região, com condições geográficas e climáticas similares. Isso resulta em uma diversidade biológica própria. Dessa forma, um bioma é formado por todos os seres vivos de uma determinada região, onde a vegetação é similar e contínua, o clima é mais ou menos uniforme e cuja formação tem uma história comum. No Brasil temos seis biomas: Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal.

Na Paraíba, a Igreja Católica vai abordar os dois biomas nos quais nosso povo encontra-se inserido: Mata Atlântica e Caatinga. “Ao abordá-los, vamos entender melhor suas características e seus problemas para que, à luz da fé, questionemos os desafios atuais desses biomas e dos povos que neles vivem. Vamos discutir o que podemos e devemos fazer em defesa e em respeito à criação que Deus nos deu, não para maltratar e destruir, e sim para ‘cultivar e guardar’”, observou o Cônego Egídio.

Sobre a Caatinga:

A Caatinga encontra-se envolvida pelo clima semiárido. O semiárido abrange territórios de oito Estados do Nordeste, mais o norte de Minas Gerais, totalizando 1.135 municípios, onde vivem cerca de 27 milhões de pessoas. Essas pessoas representam 46% da população do Nordeste e 13,5% da população brasileira. A Caatinga cobre mais de 90% desse território com uma extensão de 844.453km².

A palavra Caatinga é de origem tupi-guarani, que significa “mata branca”, e este é o único bioma exclusivamente brasileiro. É o semiárido mais chuvoso do planeta. É muito rica em biodiversidade, tanto vegetal quanto animal. Muitas plantas deste bioma, como o Umbuzeiro, guardam água em suas raízes para poder se utilizar dela em tempos de falta de chuva. As árvores, secas e retorcidas, e os cactos, com seus espinhos, não representam pobreza, mas são sinais de vida, que soube se adaptar ao clima semiárido. A Caatinga abriga 178 espécies de mamíferos, 591 tipos de aves, 177 tipos de répteis e 241 classes de peixes.

Sobre a Mata Atlântica:

A Mata Atlântica é uma das áreas mais ricas em biodiversidade e mais ameaçadas do planeta. Originalmente, esse bioma correspondia a uma área de 1.315.460km² e abrangia 17 estados. Hoje restam apenas 8,5% de remanescentes florestais acima de 100 hectares do que existia originalmente. Vivem em regiões de Mata Atlântica, atualmente, quase 72% da população brasileira (IBGE 2014). Isso corresponde a mais de 145 milhões de habitantes, distribuídos em 3.429 municípios que, por sua vez, correspondem a 61% dos municípios existentes no Brasil. A maioria das nossas capitais litorâneas, das grandes regiões metropolitanas, concentra-se neste Bioma. Neste Bioma vivem mais de 20 mil espécies de plantas, 270 espécies de mamíferos conhecidos, 992 espécies de aves, 197 espécies de répteis, 372 espécies de anfíbios e 350 espécies de peixes.