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Acidente de trem em Santa Rita completa 1 ano, mas cancela ainda não foi instalada

publicado: 03/03/2017 00h05, última modificação: 03/03/2017 08h34
Instalação de cancela_f.jpg

Pedestres e motoristas correm riscos diários na passagem de Várzea Nova, onde morreram, durante acidente que aconteceu no ano passado, cinco pessoas - Foto: Evandro Pereira

tags: trem , acidente , cancela , prefeitura de santa rita , cbtu


José Alves

Após um ano do trágico acidente que matou cinco pessoas envolvendo um trem de passageiros da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) e um ônibus de Santa Rita, no cruzamento do distrito de Várzea Nova, nenhum mecanismo para evitar novos acidentes foi providenciado pela Prefeitura de Santa Rita ou pela CBTU naquela passagem. Para os moradores de Várzea Nova, ainda não foi colocada uma cancela na localidade, porque Santa Rita é a cidade mais esquecida do Brasil. “Se a CBTU tivesse um funcionário de plantão na área, trabalhando na sinalização com uma bandeira vermelha e avisando que o trem se aproximava do cruzamento, nada de grave teria acontecido, mas acho que estão esperando que ocorra outro grave acidente para poderem tomar alguma atitude”, disse, revoltado, o morador da localidade, Edilson Gomes de Lima.

Na opinião de outro morador do entorno, Marcelo Oliveira, a não solução desse problema só mostra o descaso das autoridades competentes com os moradores de Santa Rita. “Se fosse necessário fazer uma obra grandiosa, a desculpa seria que o país estava em crise, mas a colocação de uma simples cancela, só mostra como os moradores da cidade são desprezados. Acho isso um grande absurdo e fica a Prefeitura de Santa Rita jogando a culpa para a CBTU e a empresa de trem jogando a culpa na prefeitura. Uma vergonha”, disse Oliveira.

O secretário de Infraestrutura da Prefeitura de Santa Rita, Ademilson Montes, afirmou que as cancelas já deveriam ter sido colocadas pela administração anterior porque já haviam sido adquiridas, mas como nada foi feito, ele garantiu que até o final deste mês elas estarão funcionando. “O trabalho será feito em parceria com a CBTU, que vai realizar treinamento de pessoal para trabalhar nas cancelas”, informou Montes, lembrando que naquela passagem os trens passam das 5h até as 19h e vai ser necessário a colocação de funcionários porque as cancelas vão ser operadas manualmente.

Ele previu que uma outra cancela deverá ser colocada na passagem do bairro de Tibiri, próximo do Parque do Povo, mas afirmou que esse é um assunto que ainda vai ser discutido com a Superintendência da CBTU, sobre a necessidade, ou não, de uma cancela em Tibiri, porque lá nunca ocorreu acidente.

Plano de modernização prevê reforma nas estações

O secretário Ademilson Montes disse, no entanto, que a necessidade mais urgente é a colocação de cancelas no distrito de Várzea Nova, porque o trânsito lá é intenso e existem milhares de moradores nas imediações. “No momento do acidente, o ônibus não pôde sair de cima da linha porque tinha veículo na frente e na parte de trás, então ele ficou sem opção, aí aconteceu o acidente que vitimou cinco pessoas e deixou outras feridas e com sequelas que as impedem de trabalhar”, afirmou.

O superintendente da CBTU-PB, Paulo Barreto, confirmou que a cancela já havia sido adquirida pela Prefeitura de Santa Rita há cerca de um ano, e que, na época, eles haviam assumido a responsabilidade de colocar a cancela para funcionar, mas como não foi realizado nenhum trabalho, a administração atual está prometendo realizar esse serviço até o final deste mês. A medição para a instalação da cancela começou ontem.

Paulo Barreto disse ainda que no plano de modernização da CBTU será solicitada, ainda este ano, a reforma das 12 estações de trens existentes na Grande João Pessoa, bem como a construção de outras. Ele afirmou que dentro dessa reforma, além de Santa Rita, outros municípios serão contemplados com a colocação de cancelas nas passagens.

Na Paraíba, foram registrados 17 acidentes ocorridos com trens em 2015, dez em 2016 e um este ano, com morte. Os dados foram fornecidos pela assessoria de comunicação da CBTU.

No acidente ocorrido no dia 29 de fevereiro de 2016, no distrito de Várzea Nova, envolvendo um trem e um ônibus, três vítimas morreram no local: a professora Edilane da Silva Macêdo Alves, 49 anos, a zeladora Josefa Maria de Lima Silva, 52 anos e a doméstica Adriana Castro, 33 anos. Já a atendente de farmácia Cleia Percila do Nascimento Silva, 39 anos e a adolescente Josivalda Nascimento, 15 anos, ainda foram socorridas para o Hospital de Trauma da capital, mas não resistiram aos ferimentos e faleceram. Outras sete vítimas foram socorridas com ferimentos, sendo que algumas ficaram com sequelas irreversíveis.