Até o dia 25 de abril, os campi da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) estarão movimentados devido às eleições para a gestão dos próximos quatro anos da Reitoria. Os candidatos inscritos nas três chapas concorrentes foram ouvidos pela Rádio Tabajara, no Jornal Estadual. Duas candidaturas se repetem em relação ao último pleito, ocorrido em 2020: a Chapa 1, “UFPB: Inovação com Inclusão”, encabeçada pelas professoras Terezinha Domiciano e Mônica Nóbrega, respectivamente candidatas a reitora e vice-reitora; e, na Chapa 3, “Avança, UFPB”, concorrem à reeleição o atual reitor Valdiney Gouveia, agora, ao lado da candidata à vice-reitora Rita Pereira. Junta-se ainda a Chapa 2, “Conecta UFPB”, formada pelos professores Lucídio Cabral, candidato a reitor, e João Euclides, a vice-reitor.
As duas primeiras candidaturas – com exceção da professora Rita Pereira, que ocupa agora o lugar encabeçado em 2020 pela professora Liana Albuquerque (atual vice-reitora) – protagonizaram na última eleição uma decisão no mínimo polêmica do então presidente da República Jair Bolsonaro. Isso porque as eleições universitárias servem como uma forma de consulta à comunidade acadêmica sobre planos e propostas apresentadas. Cabe, então, exclusivamente ao chefe do Executivo Federal, a escolha do reitor ou reitora dentro da lista tríplice das candidaturas mais votadas, sem a necessidade legal de respeitar o resultado do pleito.
No cenário de 2020, a vencedora das eleições havia sido a chapa encampada por Terezinha Domiciano e Mônica Nóbrega. No entanto, o candidato escolhido e nomeado por Bolsonaro foi Valdiney Gouveia, que havia ficado na terceira posição. “Foi um período difícil para mim, para professora Mônica e para toda a comunidade. Houve um embate muito forte no Conselho Universitário (Consuni) com as representações da época, de técnicos administrativos, docentes, diretores e diretoras de centro, e também o alunado, sempre batendo em cima, porque não havia um modelo de gestão e a anterior já deixava muito a desejar”, conta a professora Terezinha, candidata da Chapa 01.
Para o candidato à reeleição, Valdiney Gouveia, da Chapa 3, no entanto, o cenário da UFPB, nos quatro anos de sua gestão, avançou, com passos importantes na pesquisa, no ensino e na extensão, conclusão de obras de infraestrutura que estavam em andamento, e ações de empreendedorismo, como a potencialização das startups, passando de duas para 10, e, futuramente, para 15. “O prédio da Central de Aulas foi reformado e vai ser entregue em julho, a Escola de Música, paralisada há 10 anos, finalmente foi entregue, o Centro de Ciências Animais, em Areia, vai ser entregue, o Centro de Extensão em Bananeiras vai começar agora. Uma obra chama atenção, que é a Subestação Elétrica 69, com investimento de R$ 20 milhões e economia de cerca de R$ 500 mil mensais à universidade”, citou o atual reitor, destacando apenas alguns feitos na UFPB.
Transparência
Para a Chapa 02, uma das críticas apontadas ao atual reitorado, que busca a reeleição, é a falta de diálogo e de transparência nas decisões. “A gente percebe isso com as reuniões do Conselho Superior (Consuni), com vários processos retidos, sem andamento e com pautas administrativas dentro do Consuni, porque falha-se em acolher os diretores de centro e entender o que esses centros precisam, as necessidades dos estudantes, dos professores e dos técnicos”, enfatiza João Guilherme, candidato à vice-reitor. “Nós vamos criar um Observatório de Dados da Graduação, instalar, no site da UFPB, plataforma de dados abertos, ter transparência total dos recursos e decisões. O nosso principal diferencial é experiência de gestão, uma postura democrática comprometida com a UFPB e aberta ao diálogo e à construção de forma ampla e participativa”, coloca o professor Lucídio.
Dentre as propostas da Chapa 01, voltadas para transparência, estão a criação do Observatório de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da UFPB para mapeamento de ações de pesquisa para transparência e processos de avaliação e planejamento das atividades; plataforma de comunicação para discussão e transparência das políticas de assistência estudantil; criação do Conselho de Transparência Pública; ampliar e aprimorar os canais de comunicação e relacionamento com a sociedade, disponibilizados pela UFPB (portal de transparência pública, serviços de informação ao cidadão, ouvidoria geral, dados abertos, boletim de serviços, redes sociais); entre outras ações.
Já a Chapa 03, nesse quesito, aposta na ampliação da transparência de informações sobre ações da universidade por meio das redes sociais e do site oficial, e o trabalho conjunto com as imprensas local, regional e nacional; criação e/ou consolidação e fortalecimento do Comitê de Governança, Controle Interno e Gestão de Riscos (Comgov), da Assessoria Especial de Acompanhamento e Monitoramento das Fundações de Apoio (ASEAMF) e da Comissão de Conformidade (Comconf), e redimensionamento de Unidades de Administração de Serviços Gerais (UASGS), e implantação do Boletim de Gestão de Pessoas do Sistema de Gestão de Pessoas (Sigepe).
Para as chapas, é unânime a necessidade de busca por mais e novos recursos para poder empreender as necessidades da autarquia universitária, no sentido de depender menos dos repasses do Governo Federal, que vêm diminuindo nos últimos anos.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 11 de abril de 2024.