Adrizzia Renata - Especial para A União
Os transtornos ocorridos diariamente na faixa exclusiva para transportes coletivos urbanos, nas imediações da agência do Banco do Brasil, na Avenida Epitácio Pessoa, na capital, foram tema de reunião, na manhã de ontem, que teve o objetivo de tentar encontrar uma solução para a obstrução da via pelos clientes. O encontro foi entre representantes da Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de João Pessoa (Semob-JP) e do Banco do Brasil.
Os condutores de veículos que necessitam passar pela faixa destinada aos ônibus para ter acesso ao estacionamento e autoatendimento do Banco do Brasil geram fila que interrompe o tráfego dos coletivos. É comum verificar o trânsito lento no local e os usuários dos ônibus geralmente são os mais prejudicados.
Scheila Patricia Lemos, auxiliar administrativa e passageira de coletivo, comentou que algumas vezes por semana precisa ir à Receita Federal e ao pegar o ônibus de volta é rotineiro esperar muito devido a paralisação do tráfego ou porque o motorista do ônibus ‘queima a parada’. “Muitas vezes estou aqui esperando e como já tem dois ônibus ou mais parados, o que preciso pegar passa direto ou fica esperando a fila de carros, em frente ao banco, andar, para chegar até aqui. Isso faz a gente atrasar muito aos compromissos, perder muito tempo. Além do cansaço em ter que ficar aqui esperando”, desabafou.
Já os motoristas dos coletivos precisam esperar o fluxo dos veículos dos clientes do Banco do Brasil prosseguir para alcançar a parada de ônibus. Outras vezes, é necessário trafegar pela faixa do meio até chegar à parada. “Os carros parados na faixa preferencial atrapalham o motorista, porque temos que sair dela e passar para a faixa do meio e nem sempre dá para retornar para a exclusiva de ônibus. Aí nesse caso, ou esperamos todos os carros passarem ou paramos bem mais à frente, contestou a motorista de um ônibus da empresa Transnacional, Adriana Caetano.
Por outro lado, os clientes do BB também reclamam das poucas vagas de estacionamento na agência e também do espaço entre o caixa de autoatendimento e a calçada que dá aceso à avenida, o que gera fila no local. “Eu chego aqui, fico parado na fila, arriscado a levar uma multa ou dando várias voltas no quarteirão para voltar e conseguir entrar no estacionamento. Por conta disso, estou pensando em transferir a minha conta para a agência do Espaço Cultural, que tem muito mais opção de estacionamento. Já cheguei a ficar mais de meia hora aqui na fila e a STTrans ameaça multar, manda sair, é um transtorno”, disse o químico Osvaldo Espínola.
A Semob-JP explicou que a faixa exclusiva para transportes coletivos deve ser respeitada e caso isso não ocorra, deve ser aplicada a regra de trânsito. “Os motoristas de todos os veículos têm direito a entrar à direita para ter acesso ao banco ou a qualquer rua ou outro estabelecimento, mas não devem permanecer parados, pois bloquear via pública e utilizar essa faixa sem ser de uso exclusivo caracterizam infração de trânsito. Os ônibus também têm direito ao acesso à faixa do meio, em casos específicos, em que o tráfego está parado, para dar continuidade ao trajeto e voltar à sua faixa exclusiva para seguir seu destino”, afirmou o diretor de Planejamento do órgão, Adalberto Araújo.
De acordo com a Semob-JP, embora não haja registro de reclamações nem fiscalização frequente naquele local, as câmaras de monitoramento da Central de Controle por Área (CTA) mostram constantemente os transtornos no trânsito gerados devido ao fluxo de veículos que utilizam a agência. A partir daí, os agentes de trânsito mais próximos são acionados para intermediar a situação. Caso o motorista persista em permanecer parado na faixa, bloqueando a via, está cometendo a infração de desobediência e será multado por isso.
Na reunião com o Banco do Brasil, a Semob garantiu disponibilizar o engenheiro do órgão para juntos criarem um projeto que amplie o estacionamento da agência. Os planos de ação estão em andamento para em breve solucionar o problema de paralisação do trânsito no local.
Saiba mais
Há faixa exclusiva no anel externo da Lagoa, Viaduto Miguel Couto, Avenida Cardoso Vieira, Avenida Cândido Pessoa e Avenida Sanhauá até o Terminal de Integração do Varadouro. Após o Terminal, a faixa segue pela Rua Padre Azevedo, Rua Padre Meira até o cruzamento da Avenida General Osório com a Rua Guedes Pereira e na Avenida Epitácio Pessoa.
Quem pode circular na faixa, além dos ônibus, são os ciclistas, resguardada a distância mínima de segurança. Os veículos particulares só podem utilizar as faixas exclusivas para entrar e sair de estacionamentos ou 50 metros antes quando forem entrar à direita em alguma rua transversal. Os veículos de saúde, de emergência, viaturas policiais e de fiscalização, inclusive da Semob, têm livre acesso nas faixas destinadas a ônibus, caso estejam em serviços de urgência com sinalização sonora e luzes acionadas.
Atualmente, a infração para o motorista que for pego dirigindo em corredores de transporte coletivo é gravíssima, com multa de R$ 191,54, além de sete pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
Os motoristas de ônibus que saírem de sua faixa exclusiva também estão sujeitos à autuação pelo CTB no valor de R$ 85,13. A infração é considerada média e acarreta em quatro pontos na carteira de habilitação.