O interesse pelo Museu da Cidade de João Pessoa tem crescido consideravelmente, desde sua fundação, em 2021. Localizado na Praça da Independência, Centro da capital, o espaço ocupa um imponente casarão, antiga residência de João Pessoa, ex-presidente da Paraíba, e foi cuidadosamente restaurado para receber o público. Com investimentos de R$ 1,3 milhão do Governo do Estado, o ambiente não apenas preserva a história, mas a apresenta de forma inovadora e interativa. Reflexo disso é que, a cada ano, o número de visitantes cresce: mais de 38 mil pessoas de 490 cidades e 36 países, além de 45 escolas e 42 universidades, já conferiram o acervo e as experiências oferecidas pelo local.
De acordo com Pablo Maia, coordenador do museu, a estrutura foi pensada para ser, de fato, uma verdadeira imersão no passado de João Pessoa. “O casarão foi todo projetado para que se pudesse apreciar a vista da Praça da Independência. E é muito comum ver os turistas encantados com a história do local e com o ambiente”, explica. Além disso, as exposições do espaço não se limitam apenas a objetos históricos, mas também usam tecnologias que proporcionam um contato mais profundo com a história e a cultura da cidade.
Mostras
O acervo permanente do local é centrado na vida e na trajetória do ex-presidente João Pessoa, incluindo móveis originais de sua família — como o bureau de trabalho e a mesa em que ele foi assassinado em 1930, no Café Glória, em Recife (PE). Mas esses itens de grande valor simbólico são somente uma parte da narrativa oferecida pelo museu, que se estende à história do município, por meio de fotografias, obras de arte e outros objetos que retratam o estilo de vida da sociedade paraibana na década de 1920.
Além disso, o espaço recebe mostras temporárias que exploram expressões artísticas variadas. Uma das atrações mais recentes foi a coleção de 100 imagens da cidade pelas lentes do fotógrafo Antonio David.
Com uma estrutura moderna e interativa, o Museu da Cidade de João Pessoa destaca-se como um centro dinâmico de preservação e divulgação do passado local. Nesse sentido, a tecnologia é usada para enriquecer as visitas, não só por meio de vídeos e livros, mas também de experiências sensoriais, permitindo que o público conecte-se de forma mais profunda com as raízes culturais da capital. “Essa variedade de exposições e experiências sensoriais tem encantado o público, que interage com a história e a cultura da cidade”, afirma Priscila Lima, guia do museu, lembrando que o espaço ainda funciona como ponto de encontro para discussões culturais.
Visitas são gratuitas
Situado, mais especificamente, no palacete da parte sul da Praça da Independência, o Museu da Cidade de João Pessoa abre entre terça-feira e domingo, das 9h às 16h30, com entrada gratuita. Grupos de até 10 pessoas não precisam agendar visitas, mas caravanas com 11 participantes ou mais devem entrar em contato com a administração do local para fazer o agendamento, seja por meio do telefone (83) 99198-4612 ou do Instagram @museudacidade.jpa. Já os grupos que visitarem o local com guia turístico são dispensados desse procedimento.
Cômodos residenciais do antigo líder político são reconstituídos
Projetado pelo engenheiro Souto Barcelos, originalmente, para ser a residência do comerciante Tranquilino Monteiro, um importante nome do comércio de algodão na época, o imóvel que abriga o museu ganhou notoriedade como o lar de João Pessoa, presidente da Paraíba entre os anos de 1928 e 1930, que lá passou boa parte de sua vida. “Esse casarão não é apenas um prédio antigo, mas um testemunho de um momento marcante da história paraibana”, ressalta Pablo Maia.
Composto por 100 peças distribuídas em diversos ambientes, o acervo permanente do museu permite ao visitante mergulhar no passado pessoense e compreender sua evolução. Na Sala Mangueira, por exemplo, o público pode contemplar a sala de jantar de João Pessoa, com vista privilegiada para a Praça da Independência. Ao lado, a Sala Cajueiro oferece uma reconstituição do dia da morte do presidente, com a mesa em que ele sentava quando foi assassinado, em 1930, na capital pernambucana — o que cria uma atmosfera única de imersão histórica.
Já na Sala Pitombeira, os visitantes podem explorar as mudanças arquitetônicas da cidade, por meio de fotografias e de aquarelas escolhidas pelo poeta paraibano Juca Pontes, falecido em abril de 2023, que capturam a transformação de João Pessoa ao longo dos anos. O museu também oferece a oportunidade de conhecer o espaço de trabalho do presidente, com seu bureau, onde ele dedicava grande parte do seu tempo às questões políticas.
Para completar a experiência, o Terraço Coqueiro oferece uma vista deslumbrante do Centro da cidade, além do Terraço Guajiruzeiro, que proporciona uma visão panorâmica da Praça da Independência. “Cada espaço do museu foi cuidadosamente planejado para contar uma parte importante da história de João Pessoa e do casarão, criando uma verdadeira viagem no tempo”, conclui o coordenador do empreendimento.
Neste verão, média diária de visitantes já subiu para 100
Durante o atual período das férias de verão, o Museu da Cidade de João Pessoa tem experimentado um aumento significativo na procura, tanto por parte de turistas quanto de moradores da capital. Conforme a guia Priscila Lima, o espaço vem recebendo uma média de 100 visitantes por dia, e estima-se que mais de três mil pessoas tenham passado por ele em janeiro, “já que estamos funcionando até aos fins de semana”.
Pablo Maia destaca, por sua vez, que, enquanto em meses regulares o público é predominantemente composto por alunos e turistas, em janeiro, o perfil de visitantes foi diferente, sendo formado, principalmente, por pessoas vindas da Região Sudeste, “que estão buscando conhecer mais sobre a cidade e sua história”.
De fato, a crescente demanda é reflexo do aquecimento do turismo local e de um maior interesse pelo passado da capital paraibana, que tem atraído cada vez mais brasileiros e estrangeiros. Segundo o coordenador do espaço, agências de viagens vêm se mostrando, inclusive, mais interessadas em incluir o museu em seus roteiros turísticos por João Pessoa. “Temos percebido um aumento no número de parcerias com guias locais e até de outros estados, como o Rio Grande do Norte, que, toda semana, trazem grupos de turistas do Brasil e de outros países”, comenta Pablo.
O casal Pedro e Carolina da Cruz, por exemplo, fechou seu pacote de viagem com uma agência pessoense e se encantou com a opção da visita ao lugar. Eles são de Minas Gerais e escolheram João Pessoa para comemorar sua lua de mel. “Eu sou historiadora e adoro conhecer a história dos locais que visito. Achei essa imersão incrível. Por mim, passaria o dia inteiro aqui”, declarou Carolina.
Para atrair ainda mais visitantes, o Museu de João Pessoa passará, neste ano, por mais uma reforma. Mantendo toda a arquitetura original do espaço, o projeto deverá instaurar uma minissala de cinema e repaginar parte da exposição permanente.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 02 de fevereiro de 2025.