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Casos confirmados caem 41% na PB

publicado: 14/05/2024 09h00, última modificação: 14/05/2024 09h00
Dor de cabeça intensa, febre e prostração são sintomas da doença, que provocou dois óbitos no estado, neste ano
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Uma adolescente de 12 anos faleceu com quadro suspeito da infecção na última sexta (10), no Hospital de Trauma de CG | Foto: Divulgação

por João Pedro Ramalho*

A Paraíba registrou, até o último sábado (11), 17 casos confirmados de meningite, uma redução de 41% em relação às 19 primeiras semanas epidemiológicas de 2023, quando foram confirmadas 29 ocorrências da infecção. Os dados são da Secretaria de Estado da Saúde (SES), divulgados, ontem, por meio da Gerência Executiva de Vigilância em Saúde (Gevs). O número de mortes decorrentes da doença também caiu, com a confirmação de dois óbitos até o começo de maio, além de quatro casos sob investigação. No mesmo período do ano passado, foram registrados oito óbitos.

Na última sexta-feira (10), uma adolescente de 12 anos faleceu com quadro suspeito da infecção. Ela estava internada no Hospital de Emergência e Trauma Dom Luiz Gonzaga Fernandes, em Campina Grande, e a causa da morte ainda será confirmada por meio de exames realizados pelo Laboratório Central de Saúde Pública do estado (Lacen-PB).

A chefe do Núcleo de Doenças e Agravos Transmissíveis da Gevs, Fernanda Vieira, ressalva, por isso, que o número de infecções e óbitos confirmados neste ano pode crescer. Ao todo, a secretaria registrou 51 notificações de suspeita de meningite nas 19 primeiras semanas epidemiológicas de 2024. Além dos casos positivados, houve 15 descartes, e 19 pacientes seguem sob investigação. No ano passado, apesar do maior registro de confirmações, o número de casos suspeitos da infecção foi o mesmo: 51. Porém, foram descartadas 21 ocorrências, e havia um paciente cujo quadro estava sendo examinado.

De acordo com os dados divulgados pela SES, cinco casos de meningite foram confirmados em João Pessoa, dois em Sapé e um em cada um dos seguintes municípios: Alagoa Grande, Campina Grande, Esperança, Guarabira, Igaracy, Mogeiro, Santa Rita e Soledade. Já os dois óbitos pela doença ocorreram em Alhandra e Cabaceiras. Para Fernanda, a situação na Paraíba corresponde ao cenário previsto pela Gevs para esta época do ano: “Esses casos não têm correlação um com o outro, então, não há uma configuração de surto. São isolados e esperados dentro da curva epidemiológica”.

Maioria dos casos vem de vírus e bactérias

A meningite é causada pela inflamação das meninges, tecidos que cobrem o cérebro, protegendo-o de impactos. Segundo o infectologista Fernando Chagas, os sintomas mais comuns da doença são dor de cabeça intensa, febre e prostração. Outros sinais incluem manchas e sangramentos na pele, dificuldade de mover a cabeça, convulsão, visão duplicada e déficit motor, quando a pessoa perde o movimento de um dos lados da face ou de um membro.

Fernando afirma que, caso haja uma combinação de sintomas, tomar uma ação rápida é fundamental. “A qualquer sinal de dor de cabeça muito intensa, associada a qualquer um desses sintomas, a gente tem que pensar em meningite. Como é uma doença potencialmente fatal, é preciso imediatamente buscar um serviço de urgência. E não me refiro a uma Unidade Básica de Saúde, mas à UPA [Unidade de Pronto Atendimento] ou a um hospital”, alerta. Ainda conforme o infectologista, as populações mais vulneráveis são as crianças com menos de dois anos e os adultos acima dos 50 anos.

A maior parte dos casos de meningite é causada por vírus e bactérias. Nos quadros de origem viral, a manifestação é branda e o paciente tende a se recuperar sozinho, de acordo com Fernando. Já as infecções bacterianas são mais preocupantes, especialmente a meningite meningocócica, que evolui rapidamente e pode matar em 24 horas. Por outro lado, se houver intervenção médica a tempo, o paciente logo se recupera, segundo o infectologista. Nesses casos, o tratamento envolve internação imediata, realização de exames e o uso de antibióticos.

Em casos de suspeita de meningite meningocócica, uma forma transmissível da doença, também se deve dar atenção ao entorno do paciente. Assim, as pessoas com quem ele tem contato, em ambientes como casa, escola e trabalho, devem ser medicadas com antibiótico. Essa prática, conhecida como quimioprofilaxia, pode ser viabilizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), como esclarece Fernanda Vieira. “Quando o médico assistente, que está tratando o paciente, indica a quimioprofilaxia, nós podemos entrar em apoio: tanto o município pode fornecer a medicação, como o Estado, via Ministério da Saúde. Aí são necessárias as prescrições, a relação nominal com peso e idade e a indicação do médico assistente”, explica o infectologista.

 Prevenção

A principal ação de prevenção à meningite é a vacinação. Imunizantes como Meningo C, Meningo ACWY e Pneumo 10, disponíveis pelo SUS, são importantes para evitar a infecção pelas formas transmissíveis da meningite, como a meningocócica. “Quem não estiver com o cartão de vacina completo tem que buscar a UBS [Unidade Básica de Saúde] e completá-lo, para todo mundo estar protegido”, adverte o infectologista Fernando Chagas.

 *Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 14 de maio de 2024.