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Ciclistas pedem por mais espaço

publicado: 10/05/2023 10h31, última modificação: 10/05/2023 13h13
Em João Pessoa, os conflitos entre os proprietários das bicicletas e os motoristas de veículos são constantes
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Ciclistas convivem com vários desafios, como a ciclovia da Avenida Tancredo Neves, que está desativada e serve até de depósito de lixo - Foto: Evandro Pereira

por José Alves*

Ciclistas X condutores de veículos. Ainda não existe harmonia entre esses dois personagens do trânsito em João Pessoa. Os primeiros reclamam da falta de segurança viária e reivindicam mais espaços destinados ao tráfego das bikes, especialmente em áreas da cidade afastada da orla marítima, onde há uma estrutura mais adequada à presença deste tipo de veículo.

Os ciclistas reivindicam mais ciclovias ou ciclofaixas nos principais corredores da cidade, a exemplo das avenidas Epitácio Pessoa, Bancários Sérgio Guerra e Cruz das Armas. Tais vias foram construídas apenas com espaços reservados para o tráfego de automóveis.

Para o comerciante e influenciador digital, André Nascimento, mais conhecido como “Pirulito”, a Prefeitura de João Pessoa precisa ter um olhar especial para a mobilidade urbana, mais precisamente para as pessoas que utilizam a bicicleta como meio de transporte. “Afinal, o estímulo ao uso desse meio de transporte promove a saúde dos cidadãos, melhora as condições de trânsito na cidade e diminui a geração de gases poluentes”, observou ele, alertando que a falta de ciclovias acaba complicando a vida do trabalhador porque os condutores de veículos ainda não respeitam os ciclistas.

“Eu tenho um quiosque na Avenida Epitácio Pessoa e costumo ir ao trabalho de bicicleta. Por várias vezes enfrentei muitos perigos. Quem vai pedalar pela Epitácio tem que pedalar bem atento e praticamente colado ao meio fio das calçadas. Alguns condutores de veículos respeitam e se afastam um pouco do ciclista quando está passando por ele. Outros, fazem questão de passar bem perto do ciclista a ponto da bicicleta bater no retrovisor do carro. Isso é um grande desrespeito com o ciclista” denunciou.

Ele disse que não existe harmonia entre os usuários de bicicletas e condutores de veículos. “Na Epitácio Pessoa, onde não existe ciclovia, boa parte dos ciclistas que transitam por lá está preferindo guiar suas bicicletas pelas calçadas. Mas acabam entrando em atrito com os pedestres que reclamam com razão, avisando que calçada foi feita para pedestre. Por outro lado, os ciclistas afirmam que quando estão pedalando na avenida passam por grandes perigos”, detalhou.

“Pirulito” frisou que, além dos principais corredores, a maioria dos bairros da cidade não tem opção para as pessoas pedalarem, a exceção à orla marítima. A diarista, Maria da Conceição que não quis ser fotografada de frente, disse que pedala tranquila quando está no Retão de Manaíra, porque tem ciclovia, mas quando está pedalando em uma avenida sem ciclovia o medo é grande. “Apesar dos perigos, eu prefiro ir trabalhar de bicicleta em razão da economia e também para cumprir meus horários. Chego bem mais rápido nas casas dos clientes quando vou de bicicleta”, resumiu.

O prazer de pedalar vem crescendo na capital da Paraíba. Não é à toa que grupos de ciclistas estão reivindicando, através das redes sociais a volta da ciclofaixa aos domingos na Avenida Epitácio Pessoa. Na ciclofaixa ligando a orla ao Parque Sólon de Lucena, muitas pedalavam pela ciclofaixa percorrendo 13 quilômetros de extensão, das 7h às 16h, sempre aos domingos.

Malha cicloviária

João Pessoa já tem mais de 95 quilômetros de ciclovias e ciclofaixas. Elas passam pelos bairros do Bessa, Manaíra, Tambaú, Cabo Branco, Quadramares, Seixas, Valentina e Funcionários, entre outros bairros.
Na Avenida Tancredo Neves, por exemplo, a ciclovia está desativada há anos e vem servindo de depósito de lixo e estacionamento. O que obriga os ciclistas a dividir os espaços da avenida com motos, carros e ônibus. A ciclovia daquela avenida possui 1,6 quilômetro de extensão.

Saiba mais

A ciclofaixa não tem separação física entre as vias que circulam os outros veículos. Geralmente, é uma faixa pintada no asfalto, diferente da ciclovia, que é separada por uma barreira física da faixa de rolamento ou passeio público.

A ciclofaixa de lazer é usada essencialmente para hobbies, com bicicletas não profissionais, de uso infantil, com baixa velocidade e fluxo. Às vezes, ela pode ser misturada com o uso de pedestres, sendo uma ciclofaixa de lazer compartilhada. A ciclofaixa de treinamento é usada por profissionais ou atletas amadores que trafegam em velocidade mais alta, preferencialmente é fechada, sem fluxo de pedestres.

Já as ciclovias compartilhadas são aquelas em que o fluxo é preferencialmente dividido por pessoas que não estão a pé. Nelas circulam bicicletas, patins, skates e afins. Eventualmente, pessoas circulam correndo, mas a Semob não recomenda este uso.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 10 de maio de 2023.