por Juliana Cavalcanti*
Juarez Távora ou apenas “Juarez” para a maioria dos seus moradores, é uma cidade localizada na microrregião de Itabaiana e abre a rota do Brejo Paraibano pela PB-079. Em julho de 2023, o município completa 64 anos de emancipação política.
A cidade está localizada na região intermediária e imediata de João Pessoa e mesorregião do Agreste Paraibano. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Juarez Távora tem uma área territorial da cidade de 75,678 km e uma população estimada em 8.014 pessoas (dados de 2021).
Emancipado desde o dia 16 de julho de 1959, o município está 88.50 km distante da capital paraibana e limita-se com os municípios de Gurinhém, Mogeiro, Ingá, Serra Redonda e Alagoa Grande.
De acordo com o secretário de cultura e turismo de Juarez Távora, Fabrício Cabral, Juarez Távora é uma cidade turística e cultural onde a produção de couro e algodão colorido estão entre as suas principais atividades econômicas. A maior parte da sua população vive na área urbana e outras fontes de rendas importantes para a região são a Prefeitura (por meio de seus servidores) e o comércio local.
A agricultura é outro meio de sobrevivência para muitos moradores, em especial pelo plantio e colheita da fava, que é um dos principais pratos disponíveis nos bares e restaurantes da cidade. “A fava se destaca porque Juarez já teve recorde na colheita de grãos. Durante anos, a fava vem sendo o principal grão de colheita da cidade”, disse.
Com relação ao algodão colorido, ele diz que a Prefeitura percebe que a nova geração de habitantes, não está mais se dedicando ao cultivo do algodão e, por isso, existe uma grande dificuldade em obter mão de obra. “O cultivo do algodão colorido está sofrendo dificuldades e há uma preocupação com o futuro porque a nova geração não está se dedicando a essa produção. Isso faz com que muitos não tenham como lidar com o algodão colorido ou então restringir a quantidade dessa produção”, pontuou Fabrício Cabral.
A cultura é fortemente baseada no artesanato, através do labirinto. Mas, é a produção do couro que hoje gera renda para o sustento de boa parte das famílias da cidade. “Nos anos 1980, as famílias com mais recursos de Juarez Távora e as famílias tradicionais de João Pessoa só casavam se tivessem uma peça de labirinto, que era o artesanato principal das décadas de 1980 e 1990. Porém, esse artesanato sofreu uma queda na comercialização muito grande.
Por isso, a Prefeitura Municipal de Juarez Távora tem realizado um trabalho voltado à valorização das suas características turísticas e culturais, fortalecendo o pertencimento entre os moradores. Por isso, em parceria com o Sebrae, hoje uma das metas é a profissionalização do turismo e cultura da cidade. “Naturalmente, a cidade tem vocação para o turismo e a cultura. O seu forte é o labirinto e o couro. Além disso, ano passado, as duas quadrilhas da cidade foram se apresentar no Parque do Povo em Campina Grande. Isso mostra o quanto a questão da cultura local é intensa”, declarou o secretário.
Festas tradicionais movimentam economia
Entre as principais festas da cidade estão a da emancipação política (comemorada no dia 16 de julho), a festa em homenagem à padroeira da cidade, Nossa Senhora das Dores (em setembro) e os festejos do São João. Este último acontece através do “São João nos bairros”, com celebrações nos bairros durante o mês de junho.
Outro evento que se tornou a marca de Juarez Távora é o das vaquejadas, que acontece nos parques Progresso e Boa Sorte. A cidade recebe ainda a cavalgada, há 14 anos, e as comemorações do Dia das Crianças.
A cidade realiza também festas durante o carnaval, mas uma parte da população sai para as cidades do Litoral e, por isso, o público é menor. A maioria dos eventos acontece na Praça da Igreja Matriz de Nossa Senhora das Dores e, segundo o secretário de cultura e turismo, aquecem a economia movimentando setores como comércio e alimentação. “Nessas festas, vários grupos musicais são convidados e a cidade fica cheia porque é o momento de quem não é daqui, mas tem parentes ou amigos ou mesmo quem ouve falar, vem para a cidade”, destacou.
Desenvolvimento do turismo sustentável
Um dos pontos turísticos mais visitados em Juarez Távora é o assentamento Margarida Maria Alves, que recebe pessoas do mundo inteiro. “Juarez Távora foi uma das primeiras cidades a desenvolver o algodão colorido na zona rural. As pessoas se deslocam para ver como é feita a sua produção e conhecer também todo o maquinário. A produção de algodão colorido fica no assentamento ”, adiantou Fabrício Cabral.
No espaço onde é produzido o algodão colorido, existe o galpão da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), local no qual ocorrem os testes, o manuseio do algodão e a finalização de todo o processo. Os visitantes podem ver como essa produção é feita na prática.
Na Serra do Cruzeiro acontecem trilhas esportivas (trilha do cruzeiro) e caminhadas de fiéis. O cruzeiro fica praticamente no meio da cidade e na sua parte mais alta é possível ver toda a região.
Conforme o secretário de cultura e turismo, um novo atrativo turístico ficará acessível à visitação: a Pedra do Padre, localizada no Sítio Quirino. “Existe uma história por trás dessa pedra e, por isso, estamos dialogando com a comunidade para que o turismo nesse local seja um turismo sustentável.
A secretaria fez um levantamento dos possíveis atrativos e potenciais turísticos, além de catalogar os mais de 300 artistas locais, incluindo, pessoas que trabalham com couro (230 pessoas), labirinto, com cerca de 20 labirinteiras, e demais artistas.
História
De acordo com o IBGE, no local onde hoje está localizada a sede do município de Juarez Távora, surgiram as primeiras construções que, por volta de 1880, formavam a fazenda “Água Doce”, cujo proprietário era Joaquim Honório.
Pouco tempo depois, novas casas foram construídas, e o local se tornou um povoado. Esse aglomerado urbano continuou com o nome “Água Doce”, devido a uma cacimba de água potável nas proximidades e a água tinha gosto açucarado. No entanto, após a revolução de 1930, os habitantes da Vila fizeram um movimento para alterar o nome do povoado, pois queriam homenagear o militar Juarez Távora, que participou da revolução que levou Getúlio Vargas ao poder.
Filhos ilustres e defensores do labirinto
Segundo Fabrício Cabral, o tavorense é conhecido pela receptividade e talento com o labirinto. “São pessoas simples, mas com uma receptividade muito boa”, disse. As labirinteiras estão presentes na história de Juarez Távora em diversos aspectos, por fazer parte das melhores lembranças de suas famílias.
Vários filhos ilustres estão ligados ao setor cultural, como Eunice Cabral, Anaísa Cristóvão e Josefa Evangelista, que contribuíram importando e exportando o labirinto.
Antônia do Nascimento, conhecida como Antônia Simião, é mestra no Labirinto e está expondo seu trabalho no 35º Salão de Artesanato Paraibano.
Outros cidadãos reconhecidos na cidade são o ex-prefeito Alberto Mendonça, a escritora e Jornalista Maria da Paz Sabino, além do ex-prefeito Marcus Odilon.
Produção de labirinto
A produção do labirinto resistindo ao tempo e à tecnologia. Muitos moradores têm conseguido vender peças para os estados de Pernambuco e Rio Grande do Norte e nas principais cidades da própria Paraíba. O labirinto é uma arte passada de geração em geração pelas famílias e, em algumas delas, todas as mulheres conhecem a técnica e a adotaram como principal fonte de renda. Para outras, ela era aliada ao segundo meio de sobrevivência já que o primeiro era a agricultura.
Assim, hoje ocorre um trabalho de base não apenas com as labirinteiras, mas também desenvolvendo um projeto de incentivo nas escolas. A proposta da prefeitura é promover o conhecimento, a conscientização e fortalecimento desse artesanato nas salas de aula.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 22 de janeiro de 2023.