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EM MANGABEIRA

Comerciantes e motoristas ocupam faixa exclusiva de ônibus

publicado: 15/07/2024 08h52, última modificação: 15/07/2024 09h01
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Ambulantes, motos e carros invadem espaço que deveria ser apenas do transporte coletivo | - Foto: Leonardo Ariel

por Marcella Alencar*

A faixa exclusiva para ônibus da Avenida Josefa Taveira, no bairro de Mangabeira, em João Pessoa, tem sido frequentemente ocupada por carros e comerciantes ambulantes. A prática tem gerado transtornos para o transporte coletivo público e para a população local, devido aos congestionamentos e à dificuldade de mobilidade urbana na área.

As vias são sinalizadas com pintura no asfalto e placas de regulamentação, que indicam os horários permitidos para o uso da faixa por outros tipos de veículos, sendo proibida a instalação de comércio na rua. No entanto, essas sinalizações são constantemente desobedecidas, prejudicando o tráfego de automóveis e de pedestres. Especialmente aos sábados e nos inícios de mês, quando a movimentação no local é mais intensa, vendedores ambulantes se instalam na faixa, impedindo o trânsito de fluir como deveria.

De acordo com Sérgio Luiz, chefe da Divisão de Controle e Posturas da Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedurb) de João Pessoa, a gestão municipal tem atuado para resolver o problema do comércio ilegal na via exclusiva de ônibus. “Quando há denúncia, a fiscalização vai ao local e emite um auto de notificação. Se o local não puder ser regularizado, é dado o prazo de 24 horas para a sua retirada”, explica. Ele acrescenta que o ambulante poderá ter a sua mercadoria recolhida pelo Grupo de Remoção e Demolição (GRD), caso continue insistindo em se instalar no lugar proibido.

Carga e descarga

Alguns comerciantes também sofrem com a ocupação da faixa de ônibus na Josefa Taveira. É o caso de Cleandson Ribeiro de Medeiros, que mantém, há 16 anos, a loja Ovos Ninho. “Em frente à minha loja, eu tenho a placa da Semob [Secretaria de Mobilidade Urbana] e o meio-fio pintado de amarelo. Mesmo assim, sofro com a restrição de trânsito na via, quando recebo mercadorias”, relata o vendedor.

Segundo conta, os caminhões que ele recebe vêm de outros estados, a exemplo de Pernambuco, e dificilmente conseguem chegar no horário permitido para carga e descarga — das 8h30 às 10h30 e das 14h30 às 16h30. “Sempre têm algum atraso, além de outras entregas a caminho. Quando eles chegam fora do horário, são obrigados a sair”, diz Cleandson.

Para ele, parte do problema seria resolvido se a Semob permitisse que isso fosse feito no horário comercial. “Facilitaria muito e ajudaria o comércio em geral. Somente alguns pontos são liberados, como na feirinha. Como comerciante, eu acho que melhoraria muito, se ampliasse o horário”, argumenta.

Segundo o diretor de operações da Semob, Sanderson Cesário, o órgão está sempre de olho, para garantir que as regras sejam obedecidas, por meio de fiscalizações diárias, realizadas pelas equipes móveis e pelo Controle de Operações de Tecnologia e Treinamento (Cott). “O trabalho de revitalização da faixa está prejudicado, em decorrência da chuva, mas esse serviço é realizado anualmente — ou conforme o desgaste da sinalização. Quem estacionar na via exclusiva pode ser multado”, afirma.

Maior bairro de JP tem comércio diversificado

O aquecido comércio de Mangabeira atende a população de diversas regiões de João Pessoa. É um bairro que está sempre cheio de gente, principalmente no começo do mês e aos sábados, quando as pessoas costumam sair às compras. Esse movimento é mais intenso na sua principal via comercial, a Avenida Josefa Taveira. Nesse espaço linear, o consumidor encontra de tudo: alimentos, vestuário, restaurantes, farmácias, conserto de eletrodomésticos, postos de combustível e até igreja.

O maior bairro de João Pessoa serve, também, de satélite para moradores de outros bairros, a exemplo de seu José Luiz de Souza. Natural de Guarabira, ele vive em João Pessoa desde os 12 anos de idade. “Trabalho fazendo pizza há 25 anos, mas, há 15, resolvi vender bolacha na rua. Moro no Costa e Silva e sempre venho para cá. Mangabeira é uma cidade, tem que visitar, para conferir”, diz o vendedor, que se veste de forma inusitada, no intuito de atrair ainda mais a freguesia. “Eu me visto com a arte da minha mulher, que é o crochê, e isso com certeza me ajuda na divulgação”, acredita.

José Luiz não está sozinho em sua escolha por Mangabeira. “Vejo o pessoal do centro migrando para cá, porque o comércio aqui está maior. Eu mesmo estou aqui há oito meses, vendendo de tudo um pouco. Neste período de chuva, sempre tenho uns cinco guarda-chuvas, porque tem saída”, diz Gildásio de Lima, morador dos Bancários.

Para além do comércio ambulante, há o Mercado de Mangabeira, que abriga lojas e bancas diversificadas, com produtos que vão de equipamentos de telefonia móvel a temperos, de brinquedos a peças em barro, de hortifrutigranjeiros a plantas ornamentais. Assim como outras feiras livres, o mercado está sempre muito movimentado.

O que chama também a atenção é a dinâmica de vendas dos produtos, que varia conforme o período do ano. “Como as crianças estão de férias, o que mais está vendendo é peão e ioiô. Essas coisas antigas voltaram a fazer sucesso”, conta Francicleide Juvêncio, uma das vendedoras do mercado.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 13 de julho de 2024.