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CRM constata situação precária no Trauminha de Mangabeira

publicado: 08/08/2017 00h05, última modificação: 08/08/2017 07h10
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De acordo com o órgão, o hospital sofre com a falta de medicamentos e escassez no fornecimento de roupas de cama - Foto: Kaylle Vieira/CRM-PB

tags: trauminha de mangabeira , conselho regional de medicina , paraíba , interdição , prefeitura de joão pessoa


Jadson Falcão - Especial para A União

O Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB) constatou, durante inspeção realizada nessa segunda-feira (7), que o Complexo Hospitalar Governador Tarcísio Burity, em Mangabeira, está superlotado e com equipamentos danificados e em número inferior ao que seria necessário. De acordo com o órgão, o hospital sofre ainda com a falta de medicamentos, falta de manutenção predial e escassez no fornecimento de roupas de cama e de vestuário para profissionais e pacientes.

Durante a fiscalização, o CRM-PB constatou que os pacientes em estado mais crítico, que permanecem na área vermelha do complexo, chegam a ficar no local por mais de um mês, quando deveriam ficar por no máximo 72 horas. O órgão atestou ainda no setor a falta de monitores, de manutenção predial e de roupa de cama para pacientes.

Na área amarela foram identificadas diversas infiltrações, estruturas danificadas e falta de ventilação e climatização. A falta de roupas de cama também é uma realidade nesse setor, e o CRM-PB constatou que o vestuário tem sido disponibilizado pelos familiares dos próprios pacientes.

No setor verde, o órgão constatou que haviam pessoas que aguardavam por encaminhamento para procedimentos há seis dias. As reclamações de pacientes e acompanhantes aconteceram em todos os setores visitados pela equipe de fiscalização do Conselho Regional de Medicina da Paraíba.

Falta de equipamentos

Apesar de ser um hospital de grande porte e de referência em trauma, o Complexo Hospitalar Governador Tarcísio Burity está há mais de seis meses sem um tomógrafo, o que acontece por falta de uma peça no equipamento. O hospital vem sofrendo também com a escassez de máquinas - existe apenas uma - que monitoram o dióxido de carbono dos pacientes durante as cirurgias, o que vem provocando atrasos nos procedimentos cirúrgicos.

Durante a inspeção, o CRM-PB observou ainda que, por conta da falta de leitos, pacientes instáveis aguardam por atendimento no corredor.

Situação se repete

Esta é a primeira fiscalização que o órgão realiza no hospital em 2017, mas ao longo dos últimos três anos o Conselho tem inspecionado a unidade e solicitado adequações para a prestação do serviço médico aos pacientes, além de melhores condições de trabalho para os profissionais.

“A situação do hospital praticamente não mudou em relação à fiscalização que fizemos há um ano. Os problemas persistem e pouco foi feito para sanar as inadequações que encontramos em outras inspeções”, afirmou o diretor do Departamento de Fiscalização do CRM-PB, João Alberto Pessoa, em entrevista ao Portal ClickPB.

O presidente do órgão, João Medeiros, afirmou que alguns setores do hospital deveriam ser interditados imediatamente. Ele explicou, no entanto, que "como a unidade atende a uma grande parcela da população e, em especial, a pessoas mais carentes", a interdição não deverá ser realizada neste momento.

“Vamos nos reunir com os gestores, secretário municipal de Saúde e o Ministério Público para buscar soluções para os problemas identificados mais uma vez no hospital. Uma das tarefas primordiais do conselho é zelar pelo exercício ético da profissão no sentido de que sejam oferecidas condições mínimas para o trabalho médico, para que seja oferecido um atendimento digno e de qualidade a nossa população. Nosso intuito com esta fiscalização é contribuir para a melhoria das condições de atendimento desse hospital", frisou.

Secretaria de Saúde emita nota

A Secretaria de Saúde da Prefeitura Municipal de João Pessoa afirmou, em nota, que a direção do Complexo aguarda o relatório da visita do CRM-PB "para dar as explicações necessárias" sobre a fiscalização ocorrida nessa segunda-feira.

De acordo com o órgão, "é preciso esclarecer que a unidade hospitalar está em pleno funcionamento, realizando todos os tipos de atendimentos, inclusive cirurgias". O texto emitido pela Secretaria de Saúde enfatizou ainda que o hospital "não tem problemas de superlotação" e que haviam vagas para atendimento no momento da fiscalização.

"A unidade hospitalar dispõe de medicamentos em suas farmácias e diversos equipamentos que auxiliam no diagnóstico dos pacientes, a exemplo de aparelhos de radiologia, ultrassonografia, endoscopia e de monitorização. São feitos exames de análises clínicas, inclusive para detectar infarto do miocárdio. [...] Recentemente foram feitas adequações prediais no setor do ambulatório e agora os serviços estão sendo realizados no Pronto Atendimento de Saúde Mental (PASM)", disse o órgão na nota.