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Contas de início de ano podem elevar orçamento em até 50%

publicado: 23/12/2017 12h05, última modificação: 23/12/2017 12h05
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Brasileiros iniciam o 2018 tendo que lidar com diversas contas, como IPTU, IPVA, TCR e despesas com matrícula e material escolar - Foto: Ortilo Antônio

tags: contas , impostos , ano novo , dívidas , gastos , economia , taxas , décimo terceiro


Adrizzia Silva
Especial para A União

Com a chegada do Natal e do Ano Novo que se aproximam, as esperanças sempre se renovam. É período também de lidar com as contas pesadas para pagar logo após o estouro dos fogos. Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), Taxa de Coleta de Resíduos (TCR), despesas escolares com as crianças e outras misturam-se com os custos de viagens, presentes para a família e os gastos natalinos em geral. Segundo economistas, as contas extras podem elevar o orçamento familiar em até 50% no início do ano. A orientação, segundo eles, é o planejamento financeiro. O 13º salário deve ajudar e o empréstimo é citado como a última alternativa.

Impostos, taxas, matrícula e material escolar, reajuste do aluguel, do seguro, compromissos normais do mês, várias são as origens das contas de início de ano. O economista e estatístico Martinho Campos explica que essas despesas geralmente vêm acompanhadas de faturas de cartões de crédito, engordadas pelos gastos costumeiros no mês de dezembro. “A situação pode ainda se agravar se houver muito comprometimento com dívidas bancárias e outras, relativas a empréstimos contratados no ano anterior, sem falar em gastos imprevistos. Os orçamentos pessoais, portanto, são vivamente impactados nessa época, o que exige, na maioria das vezes, muita ‘ginástica’ financeira”, afirma.

Martinho declara que poucas são as pessoas que começam o ano com estabilidade orçamentária, capaz de enfrentar esses gastos extras sem maiores problemas. Usar o 13º salário pode ser uma saída. “Acreditamos que muitas pessoas façam isso. Entretanto, uma boa parte, sabidamente, procura saldar dívidas ou diminuí-las com esse recurso financeiro, de modo a entrar o ano com um passivo menor. Outros, e não são poucos, por impulso dos festejos de fim de ano, resolvem gastá-lo com compras de presentes, de roupas, calçados e eletrodomésticos, com viagens, festas e reformas da casa, sem preocupação maior com o baque financeiro futuro”.

Em termos teóricos, a melhor maneira de não ter uma grande enxaqueca diante de orçamentos familiares deficitários é o clássico planejamento. Na prática, significa manter permanentemente, ao longo do ano, um fluxo de caixa, ou seja, um mapeamento detalhado das despesas. Para tanto, o economista e supervisor técnico do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socieconômicos da Paraíba (Dieese-PB), Renato de Assis, explica que é necessária certa poupança nos meses anteriores.

“O planejamento financeiro se torna um importante instrumento no combate a dificuldade financeira, que venha surgir no início do ano e que poderá se arrolar pelos demais meses, transformando-se em uma ‘bola de neve’. O brasileiro, comparado a países mais desenvolvidos, e principalmente devido aos baixos rendimentos da grande parte da população, que recebe salário mínimo, não tem uma grande propensão a poupar, estão o tempo todo ‘apagando incêndio’. Isso se deve muito à enorme e cruel desigualdade socioeconômica que abrange nosso país”, explica Renato.

Outra orientação, segundo o economista Martinho, diz respeito aos pagamentos à vista ou parcelados de impostos. “O recomendável é, sem dúvidas, que, caso haja recursos disponíveis, pague o total, ainda mais porque há sempre redução desses tributos nessa forma de pagamento. Porém, se for pagar parcelado, a pessoa deve calcular bem se poderá arcar com as prestações mensais, para não agravar o seu quadro de endividamento financeiro”, previne.

Muitas pessoas, com efeito, contraem empréstimos para enfrentar gastos extras ou pagar dívidas. De acordo com Martinho, isso não está de todo errado, embora não se recomende endividamento para sanar um anterior. “Mas, se for realmente necessário, deve-se buscar contratos que apresentem as menores taxas possíveis, o que explica a busca pelos empréstimos consignados”, adverte.

O economista Renato concorda que o empréstimo deve ser a última alternativa adotada por um devedor. Ele orienta a adesão ao empréstimo somente no caso de dívidas elevadas e caso haja possibilidade de conseguir um valor por taxas de juros baixos. Desta forma, a quitação dos débitos é feita à vista e o pagamento do empréstimo pode ser feito de forma parcelada. “É importante quebrar o cartão de crédito e evitar novas dívidas. Se não há condições de quitar as contas com valores altos é viável procurar um empréstimo com menores taxas de juros e com parcelas que possam ser pagas mensalmente”, aconselha.

De acordo com os economistas, de uma forma geral, o valor destinado aos pagamentos não deve ultrapassar o total do ganho mensal para que a pessoa consiga manter as despesas fixas referentes à alimentação, transporte, energia elétrica, água, entre outros. O 13º salário deve ser um aliado e por isso poupado para o pagamento das contas que chegam no mês de janeiro. Caso contrário, é provável que o cidadão enfrente dificuldades financeiras para se manter.

Dicas para começar 2018

# Listar os gastos previstos para o próximo ano e organizá-los em planilhas ou caderneta são os primeiros passos para criar um planejamento financeiro. Saber quanto será gasto e o vencimento de cada conta ajuda o consumidor a se preparar para os custos futuros e reservar o dinheiro necessário. Um jeito fácil é ir acumulando reservas durante o ano. Para isso, é preciso fazer uma estimativa da quantidade necessária para honrar esses compromissos, e tentar reservar recursos todo mês.

# Estabelecer prioridades e definir os pagamentos que merecem mais atenção. Em geral, impostos como o IPTU e o IPVA tendem a oferecer descontos mais altos à vista. Caso tenha recursos suficientes, a dica é priorizar o pagamento do material escolar no ato, já que é comum que a pechincha garanta até 10% de desconto.

# Ao saber quais são as contas que devem ser pagas e as prioridades, já é possível reservar o dinheiro. Uma das dicas é usar uma parte do 13º salário para arcar com os custos. Além disso, os consumidores podem recorrer a uma parte das reservas financeiras para o pagamento à vista de algumas dessas contas.

# As altas taxas de juros transformam a aquisição de crédito para bancar as despesas do início de ano em um tiro no pé. Por isso, a dica dos consultores financeiros é evitar os empréstimos e recorrer a eles apenas para trocar uma dívida mais cara por outra mais barata. Hoje, as linhas com juros mais baixos são o crédito consignado e o Crédito Direto ao Consumidor (CDC).

O fim de ano traz uma infinidade de tentações. O clima de Natal e a proximidade das férias fazem com que os riscos de despesas maiores que o previsto aumentem, o que pode comprometer o orçamento do próximo ano e trazer sérias consequências para o bolso. Por isso, é importante ter disciplina e contar com a ajuda da família para não gastar mais que o valor definido.