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Corte de energia acaba em protestos

publicado: 07/05/2024 09h17, última modificação: 07/05/2024 09h17
Comerciantes disseram que a comunicação do desligamento foi feita com menos de 24 horas de antecedência
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Sem alternativas para preservar os produtos sob refrigeração, os feirantes protestaram interditando a avenida Dois de Fevereiro, tocando fogo em pneus | Fotos: Roberto Guedes

por Emerson da Cunha*

Quando Ari Costa chegou, cedo na manhã de ontem ao box que ocupa no Mercado Público do Rangel, mais conhecido como Feira do Rangel, percebeu que os freezeres que mantinham produtos, como peixes e frutos do mar, estavam sem funcionar. Junto de outros comerciantes, Rui descobriria que a energia havia sido cortada durante a madrugada. Assim como outros feirantes de produtos perecíveis, como carnes e frios, o feirante saiu com prejuízo financeiro.

Deixou a gente na mão, sem ter condições de trabalhar. Tudo fechado aqui. Até para o comércio das outras lojas
- Ari Costa

“Tem peixaria, tem frigorífico de carne, frango, tudo sem energia desde ontem. Tem a turma que tem bar, a cerveja tudo descongelando, refrigerante. Deixou a gente na mão, sem ter condições de trabalhar. Tudo fechado aqui. Até para o comércio das outras lojas, não tem ninguém para comprar”, lamenta Ari, que afirma ter tido um prejuízo de R$ 2 mil a R$ 3 mil.

O comerciante foi um dos mais de 100 feirantes que se mobilizaram ontem contra o corte brusco de energia no mercado durante a madrugada pela prefeitura da capital. Por volta das 6h30, a população ateou fogo em objetos de madeira na Avenida Dois de Fevereiro, interditando cerca de 300 metros da frente da entrada principal do mercado durante toda a manhã.

Os feirantes disseram que a comunicação do desligamento da energia havia sido feita com menos de 24 horas de antecedência, de boca a boca por um representante da prefeitura, sem nenhum envio ou material impresso ou visual, e que nem todos os feirantes haviam sido informados. Além do corte da energia, os comerciantes também reclamavam das condições insalubres do local onde os boxes da Feira do Rangel tem indicação para serem realocados, na rua 14 de julho, paralela à Avenida Dois de Fevereiro, onde fica a entrada principal do espaço. Lama no chão, boxes improvisados, falta de acesso a água e energia, caçambas de lixo abertas, estacionamento de motocicletas, e cobertura de tendas que, segundo os feirantes, seriam uma estrutura frágil para o período de chuvas e ventos que se avizinha.

“Eles tinham que ter uma estrutura para colocar a gente. O que não pode é tirar a gente, colocar nessas tendas perto do lixo. Quem vai guardar as mercadorias aqui? Quando chove, isso fica tudo inundado, com quase dois palmos de água”, aponta a feirante Penha Menezes.

Sedurb garante que os feirantes foram informados

Um grupo encabeçado pela presidenta da Associação dos Ambulantes e Trabalhadores em Geral do Estado da Paraíba (Ameg-PB), Márcia Medeiros, foi recebido na sede da Prefeitura Municipal por representantes da Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedurb), Secretaria de Infraestrutura (Seinfra) e Secretaria de Comunicação (Secom). Entre as demandas, estavam: religação imediata da energia no mercado, retirada do lixo próximo, mais tendas, separação por segmento e mais banheiros químicos no local.

Eles tinham que ter uma estrutura para colocar a gente. O que não pode é tirar a gente, colocar nessas tendas
- Penha Menezes

De acordo com nota enviada pela Sedurb, os comerciantes haviam sido informados, na semana passada, sobre o desligamento de energia para início das obras. Na reunião, ficou acordado que a energia será religada no mercado por um período de 48 horas, e, em seguida, os feirantes serão encaminhados para a área combinada anteriormente.

“Esse prazo não pode ser prorrogado, caso contrário, corre o risco da perda de contrato com a construtora responsável. A Sedurb reitera que é necessária a retirada por medidas de segurança para os comerciantes, mas que se trata de algo provisório, apenas enquanto a obra estiver sendo executada”, informa a nota. A previsão de conclusão da reforma é em 120 dias.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 07 de maio de 2024.