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nascidos em 2024

Crianças sem nome paterno são 5,4%

publicado: 08/08/2024 09h15, última modificação: 08/08/2024 09h15
Para diminuir essa estatística na Paraíba, Defensoria Pública realiza mais uma edição do mutirão “Meu pai tem nome”

Neste ano, das 31.049 crianças nascidas na Paraíba, 1.702 não possuem o nome do pai no Registro Civil, de acordo com a Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil). O número representa 5,4% do total, sendo maior do que a média percentual dos últimos cinco anos. A ausência do nome do pai no documento traz consequências para toda a vida, além de causar sentimentos como tristeza e frustração — sobretudo em crianças e adolescentes —, a cada segundo domingo de agosto.

Ter a filiação registrada nos documentos oficiais é um direito garantido constitucionalmente. Por essa razão, a Defensoria Pública do Estado da Paraíba (DPE-PB) aproveita o Dia dos Pais para lembrar que é uma aliada das famílias, na hora de fazer valer esse direito. “O reconhecimento da paternidade dá à criança a possibilidade de exercício de vários direitos, como o conhecimento de origem familiar, o direito de convivência, o direito a um auxílio financeiro (alimentos), afeto, direitos previdenciários e sucessórios — e isso é muito importante para essas pessoas”, pontuou o coordenador do Núcleo Especial de Proteção à Infância e da Juventude (Nepij) da DPE-PB, Jose Gerardo Rodrigues Jr.

Segundo o defensor, a instituição não impõe o reconhecimento de paternidade, mas pode ingressar com a ação de investigação, que culminará na exigência de um exame de DNA para comprovar o parentesco. Caso o suposto pai não queira se submeter ao exame na Justiça, a lei prevê a possibilidade de presunção de paternidade, favorecendo a proteção dos direitos da criança ou do adolescente.

A DPE não impõe que o pai reconheça a paternidade, mas ingressa com a ação que exige o exame de DNA para a comprovação

Meu pai tem nome

Com o objetivo de diminuir essa estatística no estado, a DPE-PB realiza, no próximo dia 17, mais uma edição do mutirão “Meu pai tem nome”. A ação também acontece em outras cidades do país, por meio de uma parceria entre as defensorias estaduais e o Conselho Nacional das Defensoras e Defensores Públicos-Gerais (Condege).

Na Paraíba, o mutirão acontecerá no Núcleo de Atendimento da DPE de três cidades, simultaneamente: João Pessoa, Campina Grande e Patos. A proposta é reunir, no mesmo dia, atendimentos que já fazem parte da atuação da instituição, mas de forma concentrada, com sessões de mediação e conciliação extrajudiciais, encaminhamentos para a realização de exames de DNA, em caso de dúvida quanto à paternidade, e reconhecimento de paternidade socioafetiva, entre outras atividades extrajudiciais.

Exame de DNA

Por meio de uma parceria com o Hemocentro, será possível realizar, durante o mutirão, a coleta de sangue para o exame gratuito de DNA, nos casos em que houver dúvida sobre a paternidade. Para isso, o Nepij solicita uma inscrição prévia, até a quinta-feira da semana que vem (15) e o comparecimento, no dia do mutirão, com os documentos pessoais e o comprovante de residência. O formulário está disponível no site da Defensoria Pública (defensoria.pb.def.br).

Dados

Nos últimos anos, de acordo com a Arpen-Brasil, o percentual de crianças que foram registradas sem o nome paterno foi de 5,19%, em 2019; 4,55%, em 2020; 4,82%, em 2021; 4,98%, em 2022; e 5,18%, no ano passado. Os dados referem-se a números totais, e não apenas a períodos.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 08 de agosto de 2024.