As dificuldades financeiras enfrentadas pelo Hospital Padre Zé são sentidas em todas as áreas da unidade de saúde. De acordo com a diretoria da instituição, falta recursos financeiros para comprar insumos básicos, como medicamentos, alimentação, material para curativos e até fraldas geriátricas. O hospital também convive com o risco de, até o fim do mês, os pacientes que recebem alimentação enteral (por sonda) ficarem, literalmente, passando fome. Atualmente, o Padre Zé tem cerca de 50 pacientes internados, mas tem capacidade para abrigar 120 - ou seja, a ocupação está em torno de 42%.
Há parlamentares que não querem enviar mais emendas para não associar seu nome a um escândalo - Rafael Pinheiro
O diretor-adjunto da unidade, Rafael Pinheiro, afirmou que cerca de 60% dos gastos são com remédios, como antibióticos e remédios controlados. “Grande parte dos pacientes também não se alimenta pela boca, recebe uma dieta que passa por uma sonda, e esse tipo de alimentação é algo que a gente corre atrás toda semana de algum fornecedor que possa fazer um preço mais em conta ou de alguém que queira doar”, explicou. Conforme o diretor, no momento o hospital possui menos de 40% do necessário para a alimentação especial desses pacientes até o fim do mês.
A falta de recursos afeta os programas sociais encampados pelo hospital, como o acompanhamento de pacientes pós-alta, com doações de cestas básicas e remédios necessários para a continuidade do tratamento, além do programa Prato Cheio, que distribuía alimento para pessoas em situação de rua. “Os programas estão suspensos devido ao quadro atual. Vez ou outra ainda vêm famílias de pacientes que não conhecem a situação do hospital e a gente não desassiste, dá (as doações)”, disse Rafael.
Meta é ocupar 80% dos leitos até dezembro
O diretor-adjunto Rafael Pinheiro afirmou que mais de 60% dos leitos estão com todos os equipamentos, mas estão desocupados porque falta dinheiro para mantê-los. Rafael afirmou que o recurso que vinha do Sistema Único de Saúde (SUS) e da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) chegou para o hospital, porém, durante a gestão do padre Egídio de Carvalho, a diretoria não autorizou o gasto para uma parte dos leitos.
Conforme Rafael Pinheiro, a meta é ocupar de 70% a 80% dos leitos até o fim do ano. Para isso, eles vão realizar uma campanha de Natal para sensibilizar a população para ajudar o hospital. “Estamos de portas abertas para quem quiser conhecer o hospital para que a credibilidade que o padre Zé Coutinho (fundador do hospital) construiu seja retomada, porque hoje está bem manchada”, disse o diretor-adjunto.
Parlamentares
Outra fonte de renda do hospital são as emendas parlamentares, principalmente, as destinadas pelos deputados estaduais e pela bancada federal paraibana no Congresso. Mas, Rafael afirmou que até essa verba pode diminuir pelo temor dos políticos em se envolverem com a instituição.
“Há parlamentares que não querem enviar mais emendas para não associar seu nome a um escândalo, mas outros se sensibilizaram e querem ajudar para reerguer esse hospital”, disse Rafael.
Ação beneficente
No dia 13 de dezembro, o Hotel Oceana será palco de uma tarde festiva e beneficente. O empresário e estilista Luiz Antônio Cunha, juntamente com Carmen Benevides e Socorro Fontes promovem um evento especial em prol do Hospital Padre Zé. Pela programação, haverá um desfile de moda da Maison Guilhermina, um chá da tarde especial, sorteio de brindes e outras atividades. O evento é aberto ao público, com ingressos limitados, e podem ser adquiridos na unidade da Maison Guilhermina em João Pessoa, no valor de R$ 150. Nesta data, empresas parceiras também farão doações de cestas básicas e brinquedos.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 22 de novembro de 2023.