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Comer fora de casa ficou mais caro por conta dos reajustes na cesta básica

Custo dos alimentos gera alta no preço de refeições

publicado: 25/03/2022 08h52, última modificação: 25/03/2022 08h53
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Foto: Arquivo/Marcus Antonius

por Carol Cassoli*

Os persistentes aumentos no custo de produção de refeições têm ampliado as dificuldades enfrentadas pelo setor alimentício na Paraíba. Além de mais uma alta na cesta básica e no preço de todos os tipos de carne este mês, os donos de bares e restaurantes ainda precisam lidar com os aumentos constantes no preço do botijão de gás. Por isso, como os gastos de produção não batem com os preços do cardápio, está cada dia mais difícil frear os aumentos no valor das refeições prontas.

Dono de um restaurante que, além de funcionar como churrascaria, oferece atendimento self-service, José Pereira tem enfrentado dificuldades para conciliar os gastos do mês e manter o lucro. Para ele, o principal problema é a inflação, já que ela afeta (direta ou indiretamente) os preços de tudo. Entre a cruz e a espada, José, que já está no ramo há nove anos, afirma que nunca precisou lidar com tantos obstáculos como atualmente.

Com medo de perder clientes, José explica que não consegue aumentar o valor da refeição servida em seu estabelecimento. “As verduras estão caras, gás de cozinha está caro, tudo está caro. Trabalhamos com uma margem de lucro muito baixa para manter nossa clientela”, afirma o proprietário do restaurante localizado em um bairro da Zona Sul de João Pessoa.

De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes na Paraíba (Abrasel-PB), Artur Lira, a realidade de José é, hoje, a mesma que a da maioria dos donos de restaurantes do estado. Isto porque, com a cesta básica custando meio salário mínimo e o gás de cozinha vendido, em média, a R$ 115, é difícil fixar preços no cardápio.

“Costumamos absorver a inflação e repassar para o cliente anualmente, no máximo, duas vezes por ano. Hoje, no entanto, quem reajustou os valores em dezembro já está praticando preços muito defasados”, comenta o presidente da Abrasel-PB.

Diante deste cenário, Artur informa que não há outra saída para o setor senão aumentar a frequência de reajustes. Segundo Lira, uma forma de encarar esta mudança sem despertar a antipatia do consumidor é aderir aos menus digitais, onde não é possível que o cliente acompanhe a mudança de preços, como acontece com as remarcações em cardápios físicos.

Para Roberto Lima, responsável por um restaurante de self-service e quentinhas, as mudanças no serviço oferecido aos clientes já vem ocorrendo há algum tempo. No serviço de delivery, por exemplo, a qualidade das embalagens diminuiu para dar lugar a uma marca mais em conta. Até mesmo o número de motoboys caiu pela metade na tentativa de reduzir os impactos da inflação. “Tudo que a gente pode tirar para economizar, tira”.

Para Artur Lira, da Abrasel-PB, retirar pequenos agrados do consumidor, como o tradicional cafezinho pós-refeição, é uma medida comum, mas que não resolve o problema, tendo um caráter paliativo nos danos. “Infelizmente o governo que comanda o país não tem contribuído com a população e isso nos afeta. Por isso, alimentação já não é mais a menina dos olhos de quem pretende abrir um negócio”, lamenta Roberto.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 25 de março de 2022