Conhecida por abrigar diversos sítios arqueológicos, a Paraíba reserva, ainda hoje, novas descobertas aos pesquisadores da área. O Grupo Paraíba de Espeleologia, da Universidade Estadual da Paraíba (GPE/UEPB), identificou uma variedade de materiais arqueológicos no Parque Nacional da Serra do Teixeira, em meio ao extenso levantamento sobre cavidades naturais que vem realizando, com apoio da UEPB e financiamento do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas, vinculado ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (Cecav/ICMBio).
O GPE, único grupo de espeleologia – ciência que estuda cavidades naturais subterrâneas – do estado, desenvolve pesquisas na área há mais de 17 anos. De acordo com o professor e espeleólogo Juvandi de Souza, coordenador do grupo, o novo estudo é fruto de uma recente intensificação de suas ações: “De um ano e meio para cá, com o apoio do Cecav/ICMBio, começamos a realizar mais atividades na Paraíba, principalmente de cunho científico”.
Com o objetivo de mapear as cavidades naturais da região, o GPE passou pelo Seridó Oriental e o Cariri, até chegar no Sertão paraibano, onde concentrou esforços no Parque Nacional da Serra do Teixeira. “Realizamos três grandes atividades na Serra do Teixeira para identificar sítios arqueológicos e cavidades naturais. Começamos o levantamento em três municípios do Parque: Mãe D’Água, Santana dos Garrotes e Água Branca”, explicou Juvandi, destacando a riqueza arqueológica registrada pela expedição no local: “São muitas as cavidades naturais que a gente tem no Parque, que em seu interior tem restos ou vestígios arqueológicos, seja arte rupestre ou materiais cerâmicos, líticos ou ossos humanos”.
O coordenador do GPE salientou que a descoberta da diversidade de materiais arqueológicos deverá contribuir fortemente para alavancar o turismo na Serra do Teixeira.
Abrigos rochosos
Apesar de comumente associarmos a arqueologia ao estudo de fósseis ou cavernas, estas constituem apenas um tipo de cavidade natural encontrada nas paisagens originárias. Como aponta o coordenador do GPE, existem outras tipologias, como lapas, abismos, tocas e abrigos sobre rochas.
“A maioria das cavidades naturais da Paraíba é de abrigos sobre rochas, ou abrigos rochosos, do tipo primário, que são cavidades que surgem a partir do deslocamento ou rolamento de matacões, geralmente no alto das serras do Planalto da Borborema. Quando ocorre algum tipo de abalo sísmico, esses matacões rolam e, quando chegam ao sopé da elevação, se encostam em outros matacões, criando, ali, um vazio. É justamente esse vazio que forma a cavidade natural”, descreveu Juvandi.
O professor e espeleólogo ressaltou ainda que, se no Cariri e no Sertão do estado predominam as cavidades naturais primárias, em função de seu momento de formação, no litoral se nota a presença de cavidades naturais secundárias, que são areníticas ou calcárias, apresentando um outro tipo de formação.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 23 de abril de 2024.