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Artesanato paraibano é premiado

publicado: 23/04/2024 09h11, última modificação: 23/04/2024 09h11
Peça em renda Renascença, da cidade de Monteiro, recebe reconhecimento de “excelência” pela Unesco em evento no Chile

por Daniel Abath*

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Echarpe Peixe, criada por Marlene Leopoldino, concorreu com quase 100 peças inscritas | Foto: Secom-PB

A cidade de Monteiro, reconhecida em 2021 pelo Conselho Mundial do Artesanato (CMI) como cidade mundial da Renda Renascença, conquistou mais um prêmio internacional. A peça da rendeira Marlene Leopoldino, o Echarpe Peixe, recebeu o Prêmio de Excelência Artesanal para a América do Sul, por sua participação na edição 2024 do Mercado das Indústrias Culturais do Sul (Micsur), encontro ocorrido na última sexta-feira (19), em Santiago, no Chile. O selo atesta o reconhecimento da Unesco e do CMI de que a produção paraibana se moderniza e, ao mesmo tempo, preserva sua identidade cultural.

De um total de 96 peças inscritas por sete países da América do Sul, apenas 16 artesãos foram contemplados com o prêmio, dentre os quais, a rendeira de Monteiro. Marlene é rendeira há mais de 30 anos e já participou de inúmeras feiras e exposições de artesanato ao redor do mundo, como França e Uruguai. “Eu já trabalho com esse estilo de peixes, que é a tilápia, muito comum na nossa região. Então eu pensei: se a gente está participando de um prêmio, ele tem que ser diferente. Eu peguei as cores de Flávio Tavares, lançadas no desfile #SomosTODOSParaíba. Usei cores fortes, porque no Chile e no Peru eles gostam muito de colorido, e, de repente, eu criei um echarpe para dar o diferencial”, explicou Marlene. Na solenidade de premiação, o Brasil obteve apenas dois premiados: um participante do Acre e a paraibana.

A rendeira contou que fez a montagem da peça em menos de cinco dias. Como as outras rendeiras não se voluntariaram para participar da premiação, Marlene decidiu inscrever-se no evento e enviou o material para Marielza Rodriguez, gestora do Programa do Artesanato Paraibano (PAP), que achou a peça “incrível”.

Em 2018, Marlene recebeu o título de Mestra Nacional e já fundou duas associações em Monteiro: a Associação dos Artesãos de Monteiro (Assoam) - já extinta - e a Associação das Rendeiras da Renda Renascença do Cariri Paraibano (Renasci).  “O mais importante é você fazer o que sabe com amor e dividir com o seu grupo. Estou muito feliz por esse reconhecimento, e a palavra certa é gratidão! Gratidão a Deus, ao Governo do Estado da Paraíba, às gestoras como Marielza e a todas as rendeiras do Cariri, pois juntas somos mais fortes e fazemos a diferença. Estou muito, muito feliz”, ressaltou Marlene.

Marielza explicou como se deu a sua participação no evento: “O brasileiro Eduardo Barroso Neto, integrante do Conselho Mundial do Artesanato, pesquisador e autor de obras sobre artesanato, foi convidado pelo Conselho Mundial do Artesanato para ser diretor do Conselho na América Latina. Eduardo, que mora atualmente em João Pessoa e trabalha com o PAP e o Sebrae, foi convidado a Santiago para participar da premiação, mas não pôde ir. Assim, ele me indicou como representante do Brasil junto ao Conselho durante o evento de premiação, que iria escolher 16 peças de toda a América Latina”.

NúSmero

Do total de participantes, receberam o reconhecimento de “Excelência” o Brasil (duas peças), Peru (uma), Paraguai (uma), Uruguai (uma), Equador (uma) e o Chile (10).

 *Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 23 de abril de 2024.