por José Alves*
O dia 7 de fevereiro marca o Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas, pela conquista dos movimentos sociais e pelos direitos humanos de grupos minoritários. Na Paraíba, a data será comemorada pelas tribos potiguara e tabajara com a realização das “‘Olimpíadas Indígenas”, com a disputa de diversas modalidades esportivas, entre elas o futebol, a corrida de toro, natação e canoagem.
Segundo o chefe da Coordenação Técnica Local da Fundação Nacional do Índio, Irenildo Cassiano Gomes, “nossa população atual é de aproximadamente 22 mil indígenas, conforme estatística da Secretaria Especial de Saúde Indígena da Paraíba. Atualmente nossas principais reivindicações continuam sendo por mais empenho na demarcação e homologação das terras, mais políticas públicas voltadas para os povos indígenas e o reconhecimento da sociedade brasileira”.
Ele destacou que, por serem aguerridos, os povos indígenas avançaram na educação. “Temos muitos índios na Universidade Federal da Paraíba e alguns deles já estão trabalhando como professores, médicos e advogados. Somos a maior população indígena do Nordeste do Brasil e estamos sempre lutando pelos nossos direitos para que eles não sejam violados. Afinal, a terra para nós é sagrada”, enfatizou.
No que diz respeito à sobrevivência, ele revelou que atualmente boa parte da população indígena vive da pesca artesanal do camarão e da plantação da cana-de-açúcar, sem abandonar a cultura de subsistência com a plantação de mandioca, batata, feijão, inhame e coco. “Antes já fomos escravos dos usineiros da cana-de-açúcar, sofríamos plantando para eles. Hoje, somos donos de nossos próprios plantios”, comemorou Irenildo Gomes, informando que os potiguaras e tabajaras estão sempre abertos à visitação de todos, desde que respeitem os costumes das tribos.
O Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas, também é marcado pelo incentivo à produção agrícola nas aldeias com vistas à subsistência.
Tribo potiguara é a mais numerosa e vive no Litoral Norte da PB
A maior população indígena da Paraíba atualmente é a tribo potiguara, que vive no Litoral Norte nos municípios de Baía da Traição, Marcação e Rio Tinto. Já o povo tabajara está mais presente no Litoral Sul, nos municípios de Conde, Alhandra e Pitimbu.
No que diz respeito à educação, a última pesquisa realizada pelo censo da Educação Superior do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), referente ao ano de 2016, mostrou que o número de estudantes universitários que se autodeclara indígena aumentou 512%. Para os povos tradicionais, a formação universitária possibilitou o encontro de culturas, transformando não apenas a vivência desses povos, e ampliou também as visões de mundo de toda a comunidade acadêmica.
Na Paraíba, todas as aldeias são autônomas e a organização social e política está sob a autoridade máxima – o ou a cacique. Ele ou ela representa todo o povo nas tomadas de decisão política em níveis locais e junto à sociedade nacional. Em cada aldeia também existem outras lideranças, como parteiras, professores, agentes de saúde e anciãos.
No que diz respeito à economia desses povos, as fontes básicas de renda são a lavoura, a pesca, extrativismo marinho, vegetal e criação de animais de pequeno, médio e grande porte, a exemplo de galinhas, patos, gansos, caprinos e bovinos. Mas tudo em pequena escala de produção. Já outros trabalham em repartições públicas e no comércio local.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 05 de fevereiro de 2022