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Espécies são essenciais, pois absorvem gás carbônico e liberam oxigênio, além de serem fontes de alimento

Verde com sabor: a importância das árvores frutíferas

publicado: 07/02/2022 08h54, última modificação: 07/02/2022 08h55
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Foto: Roberto Guedes

por Juliana Cavalcanti*

Em cada estação do ano, existem as frutas cuja produção é mais favorável, pois o ambiente, clima e solo estão adequados para garantir o cultivo e boa qualidade após a colheita. Em João Pessoa, as mangueiras e cajueiros se destacam na arborização urbana durante o verão, de acordo com o engenheiro agrônomo e chefe da Diretoria de Controle Ambiental (DCA) da Secretaria do Meio Ambiente de João Pessoa (Semam), Anderson Fontes. As mangueiras produzem frutos entre setembro e janeiro e o caju, entre janeiro e fevereiro.

As árvores frutíferas, assim como as ornamentais, são fundamentais para o meio ambiente já que o plantio delas absorve o gás carbônico (CO2), que é um dos gases de efeito estufa, e libera oxigênio (O2), importante para a sobrevivência humana. Elas propiciam sombras e ajudam no equilíbrio do meio ambiente.

No entanto, Anderson Fontes observa que as que dão frutos têm um grande significado dentro da arborização, pois além de trazer melhores condições de sombreamento, conforto térmico e equilíbrio do clima em relação aos gases poluentes, ainda têm um diferencial que é o uso alimentar pela população. “Elas são tão importantes quanto as demais, mas são uma fonte de alimento. Além de todas as suas funções, ela alimenta o ser humano e a fauna local. Quando tem esse período de frutificação você vê vários pássaros ou macaquinhos, principalmente sagui, utilizando dessas frutas para se alimentar”, comentou.

Para Anderson Fontes, esta é a razão para manter os pomares urbanos com frutíferas: garantir alimentos em especial para a população de baixa renda. “A Prefeitura consegue socializar essas frutas para as pessoas que realmente queiram aproveitá-las como alimento, reforçando a cadeia alimentar da família. Essa é uma das principais diferenças de você manter hoje uma arvore frutífera no meio urbano”, avalia.

O verão é o período em que muitas árvores estão produzindo frutos, pois segundo Anderson Fontes, o clima da região Nordeste é favorável a adaptação e frutificação de muitas espécies principalmente a manga e o caju que são típicas do verão. Além destas, na cidade ainda podem ser encontrados outros tipos cuja produção também é favorável, tais como a carambola, abacate, acerola, dentre outras opções nos quintais ou em espaços públicos como calçadas, praças e canteiros centrais.

“O que temos de característica principal hoje na frutificação em João Pessoa é a mangueira e o cajueiro. Isso de acordo com as chamadas árvores viárias que são as árvores localizadas em áreas de praças, canteiros centrais e nas calçadas dos imóveis da cidade”, explicou o diretor de controle ambiental.

Ele acrescenta que a mangueira e cajueiro são o destaque entre as frutíferas no verão pessoense no meio urbano, pois são facilmente identificadas em várias ruas da capital, a exemplo das mangueiras na Avenida Maximiano de Figueiredo ou na João Machado. As árvores localizadas em vias públicas são controladas pela Semam, por meio das podas de limpeza (assepsia) de plantas.

Mas, a poda de mangueira atualmente não é necessária porque vai atrapalhar a frutificação. Por isso, ocorrem apenas as podas emergenciais. “A manga e o caju são destaque agora entre as árvores, mas também temos a acerola que é uma árvore frutífera de pequeno porte que mesmo não sendo comum em calçadas ou praças é muito encontrada nos quintais. Nos quintais também são comuns a pitanga, o cajá, mangaba, carambola que não encontramos muito em meio urbano”, detalhou o engenheiro.

Entre as frutas da estação mais procuradas nas feiras livres estão o abacaxi, a manga, goiaba, acerola, maracujá, siriguela, limão, laranja, uva, banana, melancia, melão, manga e caju. Durante o verão, elas estão mais doces e maduras e nos dias mais quentes, as pessoas aproveitam para fazer sucos ou comê-las da forma como são colhidas, se beneficiando das propriedades de cada uma delas. 

Busca do equilíbrio do espaço urbano

Ao longo dos anos, as árvores nas cidades vão dando espaço aos prédios empresariais ou residenciais e a construção civil vem permitindo uma divisão dentro dos municípios entre as belezas naturais e aquilo que é produzido pelo homem. Sobre isso, o diretor de Controle Ambiental explica que qualquer árvore pode tornar-se rara conforme o crescimento urbano.

Porém, ele adianta que o que deve ocorrer é a construção, retirando um pouco da floresta, permitindo em seguida que as árvores sejam plantadas em calçadas, canteiros centrais e outros espaços. Esta seria uma política de retorno das espécies, através do replantio. “O problema das árvores frutíferas nos espaços urbanos (como grandes canteiros e calçadas) é que a manutenção é um pouco difícil, mais do que uma árvore de grande porte ou ornamental como os ipês, as sibipirunas, as sucupiras, o pau-brasil e outras espécies nativas”, argumentou.

Por isso, o ideal, conforme o engenheiro é realizar o plantio em locais chamados pomares urbanos instalados em determinados pontos da cidade. Tal estratégia favorece a arborização urbana e a qualidade de vida da população. “Com a população pode-se desenvolver alternativas de plantar frutíferas como mangueiras, abacateiros, cajueiro e várias espécies para plantar. E as pessoas além de terem o conforto e a beleza das árvores, também terão a segurança alimentar”, ressaltou.

Ele lembra que a árvore frutífera é muito suscetível a doenças e pragas, diferente das mais nativas, que são melhores de serem conduzidas dentro da paisagem das cidades. Com isso, independente da construção civil, a perda de frutíferas também pode ocorrer se as condições de plantio não forem adequadas.

Desta forma, é necessário que estas plantas fiquem em condições ideais de desenvolvimento, de acordo com estudos prévios. “A Prefeitura hoje traz a árvore urbana frutífera para onde realmente é adequada dentro de suas condições. A construção civil veio, mas cabe a cidade administrar seu crescimento sustentável com seus programas de replantio e reflorestamento dessas áreas”, pontuou o especialista.

A plantação de frutíferas nas cidades hoje segue a Sociedade Brasileira de Arborização Urbana que orienta que se deve plantar frutífera onde ela tem condições de crescimento. Portanto, ao mesmo tempo que a construção civil cresce também devem existir formas de replantio, pois quando uma obra é aprovada através de um licenciamento ambiental, existe a obrigação de repor as áreas verdes.

“São áreas onde se possa ter um pomar urbano com mangueira, abacateiro, cajueiro, cajazeira, siriguela, todas as árvores que o cidadão possa pegar e usufruir. E nos espaços onde cabe arvore na calçada, cada casa ter uma árvore em frente”, descreveu Anderson Fontes.

Pomares urbanos em parques e praças

Diante do crescimento da capital, atualmente as frutíferas são indicadas para os pomares urbanos, espaços que em João Pessoa estão concentrados próximo a região sul e em algumas praças onde há condições para essa estrutura segundo os estudos. Eles já estão presentes nos bairro dos Bancários (perto das Três Ruas) e Valentina (próximo ao Parque Cuiá).

A intenção é que esses pomares sirvam para diversos tipos de frutíferas e não apenas as mangueiras e cajueiros, observando sempre os espaços possíveis. Ou seja, trazê-las para um local certo tendo segurança de seu florescimento e frutificação.

Portanto, existem árvores que ainda podem ficar nas calçadas ou em avenidas largas como a Avenida Hilton Souto Maior, mas não ficariam tão bem nos canteiros menores por conta da queda de frutos e o trabalho de manutenção.

 Melhor qualidade e sabor

De acordo com o nutricionista clínico e esportivo, Sebastião Filho, o ideal é escolher as frutas da estação, pois elas terão melhor qualidade, aspecto e sabor, se comparadas as outras. E no verão, é comum elas ficarem ainda mais presentes no café da manhã, sobremesas, lanches, na forma de saladas, sucos, doces e outras receitas.

Ele observa que o abacaxi, a banana prata, o coco verde, a graviola, a laranja pêra, o limão, a manga, mamão, o maracujá, a melância e o melão estão entre as mais comercializadas nesta estação. Ele afirma que estas são frutas que fazem parte do hábito alimentar no nordestino, são ricas em vitaminas, sais minerais e fibras e nesta época do ano estão ideais para o consumo.

“A carambola muitas pessoas também gostam para hidratar. E tem a pinha, que é muito consumida e em janeiro está pronta para o consumo, sendo muito encontrada nas feiras, mesmo não sendo da região”, informou.

Neste período do ano também se destacam a jaca, abacate, pêssego, maçã, e a pera. O nutricionista acrescenta que a ameixa, cereja, damasco, o figo, framboesa, kiwi e romã também são muito compradas nestes meses.

A produção de frutas tropicais ocorre praticamente em todos os meses do ano na Paraíba, em especial a graviola, o caju, coco verde, manga, cajá, acerola, mangaba e abacaxi. O especialista explica que o ideal é que as frutas sejam utilizadas ao máximo em praticamente todas as refeições, independente da época ou dieta específica.

Benefícios

A hidratação é um dos aspectos mais considerados quando as pessoas buscam as frutas, especialmente no verão. Porém, o nutricionista ressalta que além disso, estes alimentos possuem antioxidantes, substâncias que retardam o envelhecimento precoce das células. Algumas delas têm vitaminas A, C ou E, essenciais para combater os radicais livres, além de sais minerais e algumas enzimas que melhoram a digestão e fibras que previnem a prisão de ventre. “Elas oferecem uma quantidade muito grande de sais minerais que nesta estação perdemos através do suor principalmente na atividade física”, comenta.

Sebastião Filho lembra que apesar de existirem frutas com um bom poder de hidratação, é fundamental utilizar a água para se hidratar e fazer um complemento com as frutas. O abacaxi (safra entre dezembro e fevereiro),  por exemplo, é desintoxicante, tem grande quantidade de água, vitamina C e minerais, além da bromelina, enzima que auxilia na digestão.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 06 de fevereiro de 2022