O número de doadores de órgãos na Paraíba cresceu 271% nos últimos três anos, segundo dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO). Em 2021, foram registrados 26 doadores efetivos de órgãos, enquanto em 2018 foram apenas sete doadores efetivos no Estado. O número por milhão de população (pmp) saltou de 1,7 para 6,4.
“Essa conquista é fruto do comprometimento que o Governo do Estado tem com a saúde da população paraibana. Desde o início dessa gestão, passamos a ter um olhar diferenciado para a doação de órgãos e o resultado são vidas salvas e sonhos renovados por meio dos transplantes realizados,” enfatiza a secretária de Estado da Saúde, Renata Nóbrega.
Este ano os números de doações e transplantes também vêm aumentando em comparação com o ano anterior. Já são 14 doadores efetivos e 94 transplantes realizados. As doações aconteceram em João Pessoa e Campina Grande. O aumento mais significativo tem sido observado após a redução dos casos de Covid-19.
“Começamos 2022 com números bastante positivos. Estamos atingindo nossa meta de uma doação por semana, além de ter alcançado um número expressivo de autorização familiar, que é reflexo do trabalho de conscientização realizado pela Central de Transplantes. Também é importante ressaltar o total apoio, incentivo e olhar sensível do Governo e da Secretaria de Estado da Saúde como determinantes para alcançarmos esse patamar. A Paraíba segue no caminho certo”, destaca a chefe do Núcleo de Ações Estratégicas da Central de Transplantes, Rafaela Carvalho.
Na fila, 295 pessoas ainda esperam por um transplante de córnea, quatro esperam por um transplante de coração, 17 aguardam um transplante de fígado e 187 precisam de um transplante renal.
Transplantado de coração recebe alta
“Eu nasci de novo, graças a generosidade de uma mãe que aceitou doar os órgãos do seu filho e de uma equipe que não mediu esforços para cuidar de mim, desde o primeiro atendimento, até os dias que virão. Sou grato a todos”. A declaração foi de Willis Pereira Evangelista, 61 anos, paciente que se submeteu, em 26 de março, ao primeiro transplante cardíaco da Paraíba realizado em uma unidade pública de saúde, o Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires, em Santa Rita, unidade gerenciada pela Fundação Paraibana de Gestão em Saúde – PB Saúde.
Em menos de um mês, o paciente que apresentou excelente recuperação, recebeu na tarde de ontem, alta hospitalar. O cirurgião cardiovascular responsável pelo procedimento, Antônio Pedrosa, evidenciou a melhora clínica do paciente. “Desde o primeiro dia pós-transplante, a evolução de seu Willis foi melhor do que esperávamos. Em três dias ele já se encontrava sem o dreno, o cateter e marca-passo, o seu corpo correspondeu bem, e tão logo ele pôde receber alta da UTI para enfermaria”, pontuou.
Na saída do hospital, Willis foi surpreendido com uma homenagem preparada pela equipe que o atendeu. A esposa, Suelly Pereira, junto ao companheiro, agradeceu pelo acolhimento e humanização por parte de todos da instituição. “Não há um sequer, que trabalhe aqui, que não tenha nos ajudado. O Willis antes de receber a notícia de que haviam encontrado um coração compatível, tinha preparado doces para vender no fim de semana, e na sexta-feira ele se internou. Eu comentei aqui no hospital, e toda a equipe disse que eu trouxesse os doces que eles comprariam para nos ajudar, nossa gente, vocês não fazem ideia, do quanto isso nos marcou, sem contar todo o cuidado e atenção a nós dois, e aos filhos deles, que receberam mesmo estando em São Paulo. Deus recompense a todos. Do governador, ao diretor, ao faxineiro, todos mesmos”, narrou emocionada a artesã.
Willis sofria de miocardiopatia dilatada, doença também conhecida como coração crescido, que se agravava.
A cardiologista clínica e coordenadora do Ambulatório para Transplante Cardíaco do Hospital Metropolitano, Tauanny Frazão, relembrou os primeiros atendimentos. “Eu sempre mencionava que o coração de 20 anos, iria chegar para ele, e fomos surpreendidos pelo poder das palavras, e a compaixão de uma mãe em luto que foi capaz de autorizar a doação, e permitir que o nosso paciente continuasse a viver, graças ao coração do seu filho”, disse a médica.
O diretor, Gilberto Teodozio, frisou que a equipe está pronta para receber pacientes com insuficiência cardíaca. “O nosso ambulatório funciona de segunda a sexta-feira, e os interessados bastam agendar o atendimento através do número 83 3229.9157, para serem avaliados, e caso haja indicação de transplante, vamos listá-lo e acompanhá-lo até a chegada do órgão, da cirurgia e pós-cirurgia”, esclareceu.
Apesar de ansioso para voltar à rotina normal em casa, o paciente afirmou que seguiria as recomendações médicas: “É interessante como a gente se apega aos enfermeiros, médicos, técnicos, a toda equipe, porque a gente sente a empatia que eles têm por nós. Eu seguirei orando pela vida de cada um, porque o que fizeram por mim, só Deus para pagá-los”.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 21 de abril de 2022