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Dois novos casos de malária são confirmados em Conde

publicado: 05/06/2019 09h49, última modificação: 05/06/2019 09h49
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Confirmação pela Secretaria de Saúde eleva para10 o número de pessoas infectadas em Conde; os dois homens internados estão no Hospital Universitário Lauro Wanderley, em João Pessoa - Foto: Foto: Edson Matos

tags: malária

por Sara Gomes e Alexsandra Tavares

Pacientes são dois homens, um de 50 anos e outro de 57. Casos chegam a 10 e município intensifica prevenção

Dois novos casos de malária foram confirmados ontem no município de Conde, região Metropolitana de João Pessoa, elevando para 10 o número de pessoas infectadas. Os pacientes são dois homens, sendo um de 50 anos, morador de Jacumã, e o outro de 57 anos que reside em um assentamento em Carapibus. De acordo com a secretária de Saúde de Conde, Renata Martins, ambos estão internados no Hospital Universitário Lauro Wanderley.

A secretária lembrou que o primeiro caso registrado na cidade ocorreu no dia 29 de março e o surgimento de novos registros tem ocorrido por vários motivos. Um deles é porque o mosquito transmissor da doença vive em ambiente silvestre e 85% do Conde tem essa característica. Outro motivo é o fato do mosquito não viajar grandes distâncias, portanto, costuma agir numa área próxima.

Com o surgimento do primeiro paciente, a secretária explicou que foram tomadas uma série de providências para evitar a proliferação da malária. “Como não podemos aniquilar o mosquito, tentamos minimizar a ação dele e a disseminação da doença”, destacou.

Entre as medidas implementadas está a criação de uma Comissão de Investigação, composta por profissionais da saúde, principalmente agentes comunitários de saúde, agentes de combate às endemias e enfermeiros. Essa equipe faz a busca ativa por pessoas que apresentem os sintomas da malária nas áreas onde moram ou trabalham os pacientes que tiveram a confirmação da doença. Nesses locais, é realizada a borrifação intradomiciliar de alfacipermetrina para tentar barrar a ação do mosquito.

Quando há suspeita de um possível paciente, é feito o teste rápido e o teste de gota espessa. “O objetivo é identificar o quanto antes a pessoa“, afirmou Renata Martins. Semanalmente, o carro conhecido como fumacê é disponibilizado pela Secretaria de Estado da Saúde para passar nos bairros do município de Conde.

Maria do Carmo, moradora de Conde, disse não conhecer ninguém que contraiu a doençaSaúde do Estado e Fiocruz são imprescindíveis no combate à doença

A coordenadora do Departamento de Vigilância e Saúde do Conde, Rogéria Gomes, informa que o apoio da Secretaria de Saúde do Estado e do Ministério da Saúde, Fiocruz de Pernambuco, foi imprescindível para identificar e combater a doença, assim que o primeiro caso foi detectado na Paraíba. “Não é histórico de nossa região ter casos de malária. O último na Paraíba ocorreu há 30 anos. No primeiro caso fomos surpreendidos, mas graças à força conjunta dos servidores conseguimos controlar a doença”, explicou.

O que determina a gravidade da doença é a quantidade de Plasmodium Vivax (agente causador da malária) no organismo do paciente. Quanto mais infectado mais debilitado o paciente fica. Então, para evitar que os sintomas sejam agravados em domicílio, os pacientes são enviados para o Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW). Em média, são feitos 50 atendimentos por dia, entre busca ativa (nos postos de saúde) e passiva (agentes de saúde nas residências).

Em abril e maio deste ano, a equipe EpiSUS do Ministério da Saúde, em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde, realizou um estudo entomológico, no município de Conde, sobre a atividade do vetor, características e horários que o mosquito circula. Nesse estudo observou-se que o mosquito prego circulava no início da manhã e final de tarde, horário que as pessoas estão indo ou voltando de suas atividades cotidianas.

Primeiro caso

A primeira pessoa que teve a confirmação da doença em Conde surgiu após o período de Carnaval, época do ano em que vários turistas chegam à cidade para comemorar os festejos de momo. Isso dificultou a investigação da equipe da Secretaria de Saúde do município na descoberta da origem do paciente número um. Por isso, considera-se que o primeiro caso de malária no município é autóctone, ou seja, que apareceu no próprio município.

Morador infectado

O aposentado Pedro Ferreira, morador de Jacumã, provavelmente, foi infectado em um final de tarde quando estava jogando sinuca com os vizinhos da rua. Ele conta ainda que foi no Hospital da Unimed com sintomas de febre intensa, foi medicado, mas não foi diagnosticado com malária. “Depois de sentir três vezes febres alternadas atentei que poderia estar com malária, fui no posto de saúde de Conde, fiz o teste rápido e fui diagnosticado com a doença. Tive um atendimento excelente por parte do departamento de vigilância e saúde de Conde. E como demorei a ser diagnosticado antes, fui encaminhado para o HU, fiquei 6 dias lá e conclui o tratamento em casa”, disse.

Maria do Carmo é moradora de Conde, no loteamento Nossa Senhora da Conceição e não conhece ninguém que contraiu a doença. “A prevenção aqui foi muito grande, passaram três vezes na semana o fumacê, o que tranquilizou a população. A atuação da secretaria de Conde foi muito importante nesse controle”, disse.

SERVIÇO

Como prevenir:

Entre as principais medidas de prevenção individual da malária estão:

• uso de mosquiteiros;

• roupas que protejam pernas e braços;

• telas em portas e janelas;

• uso de repelentes.

Quais são os sintomas:

Muitas pessoas, antes de apresentarem estas manifestações mais características, podem sentir náuseas, vômitos, cansaço e falta de apetite.

• febre alta;

• calafrios;

• tremores;

• sudorese;

• dor de cabeça, que pode ocorrer de forma cíclica.