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voto facultativo

Eleitores idosos não abrem mão de participar das eleições

publicado: 28/10/2024 10h51, última modificação: 28/10/2024 10h51
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Zenilton Diniz, 81 anos, fez questão de ir à seção eleitoral | Foto: Carlos Rodrigo

por Lílian Viana e Marcelo Lima*

O voto é facultativo para maiores de 70 anos, para pessoas entre 16 e 17 anos e analfabetos no Brasil. Mas muita gente não abre mão do seu direito por motivos pessoais ou simplesmente pela vontade de contribuir com as questões públicas. Um exemplo é a população idosa.

Aos 90 anos, Hamilton Cavalcanti sente que votar é uma obrigação cívica e uma forma de reivindicar seus direitos. “Quero escolher meu representante, alguém que se preocupe com os idosos e defenda nossas necessidades”, ressaltou.

Ele chegou ao local de votação por volta das 9h30, acompanhado pela esposa Irenita Bronzeado, também com 90 anos. De braços dados, foram ao local de votação caminhando e dispostos a participar do processo eleitoral. “Enquanto pudermos andar e pensar, estaremos aqui”, disse Hamilton, enquanto sua esposa, Irenita, complementou: “É um direito que conquistamos e não podemos deixar de exercer”.

A presença de Hamilton e Irenita nas urnas é reflexo de um compromisso que vai além do dever cívico. Eles acreditam que a voz dos mais velhos deve ser ouvida, especialmente em um contexto onde as políticas públicas muitas vezes ignoram suas demandas. “É importante que políticos honestos nos representem e, para isso, precisamos votar”, afirmou Irenita, com firmeza. O casal reflete sobre a importância do voto em suas vidas. “Votamos com a esperança de que mudanças aconteçam, de que novas vozes se levantem em defesa de quem precisa”, acrescentou Irenita.

Assim como o casal Hamilton e Irenita, Maria Estela, de 77 anos, também é um exemplo inspirador. Antes mesmo das 9h, ela já estava na sua zona eleitoral, no Bairro dos Estados, determinada a fazer a diferença na escolha do prefeito de João Pessoa. “Eu votei a vida inteira e não pretendo parar agora. É um compromisso com o futuro da minha cidade e, também, é o que posso fazer pelos meus filhos”, declarou, com entusiasmo, após sair da cabine de votação.

Segundo dona Maria Estela, a vontade de participar da democracia é um reflexo da experiência e da sabedoria acumulada ao longo dos anos. “Cada voto é uma história, uma vida vivida. Nossas vozes são cruciais na construção de um futuro melhor”, concluiu, com um sorriso aberto e uma disposição de quem sabe a importância da sua ação.

Aos 81 anos de idade, o engenheiro e administrador de empresas aposentado Zenilton Nitão Diniz é um desses que não deixa um dia de eleição passar em branco. Conquistar o voto do aposentado é quase uma garantia de vitória. “Nunca perdi uma eleição. Sou do Sertão, sertanejo tarimbado, e não falho. Em toda eleição, o candidato em quem eu voto tem a felicidade de ganhar”, contou.

Mesmo com 72 anos de idade, a costureira Rosilda Oliveira Silva teve um momento inédito na sua vida neste ano: votou pela primeira vez em João Pessoa. Ela se mudou de Mato Grosso do Sul para a Paraíba recentemente. A mudança de ares não é motivo para renunciar o seu direito de opinar na vida pública.

“Sempre gostei de votar. Não voto em branco de jeito nenhum nem nulo. A gente votando, a gente tem como cobrar”, afirmou.

Jovens comparecem às seções, mesmo sem obrigatoriedade

No outro extremo da jornada da vida, muitos jovens compareceram ontem às urnas. A estudante do Ensino Médio integrado do IFPB Beatriz Menezes, de 17 anos, estreou seu direito político nas eleições de 2024. Ela explicou que parte da sua escolha foi motivada por sua mãe. “Mas  também voto por mim, porque sei o que é certo agora”, disse.

Para Beatriz, o exemplo que vem da família é decisivo para fazer questão de votar. “Acho que vem de cada um da família. Há famílias e pais que não votam e preferem justificar”, opinou.

Vale lembrar que, no primeiro turno das eleições de 2024, em João Pessoa e Campina Grande, em média, 17% dos eleitores, em idade obrigatória de votar, se abstiveram.

Saiba Mais

Quem não compareceu às urnas nas Eleições 2024 precisa justificar o voto para não ser prejudicado. Essa prestação de contas junto à Justiça Eleitoral deve ser feita até 60 dias depois de cada turno.

De acordo com a assessoria de comunicação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a justificativa da ausência pode ser feita pelo e-Título ou no Sistema Justificativa, no portal do TSE.

Outra alternativa é preencher o formulário de Requerimento de Justificativa Eleitoral e entregá-lo, preenchido, no cartório eleitoral correspondente à zona eleitoral. O documento ainda pode ser enviado pelos Correios à autoridade judiciária da zona eleitoral responsável pelo título.

Segundo o TSE, quem não está em dia com a Justiça Eleitoral sofre algumas consequências e fica impedido de obter passaporte e a carteira de identidade, de se inscrever em concurso ou realizar prova para ocupar cargo ou função pública, e não pode ser empossado.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 28 de outubro de 2024.