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Verão é mais propício a infecções

publicado: 28/10/2024 09h45, última modificação: 28/10/2024 09h45
Fungos se proliferam em ambientes quentes e úmidos; fatores de risco incluem o uso prolongado de trajes molhados
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O calor, o aumento da transpiração e a maior exposição à água facilitam o surgimento de impinge e “pano branco”, entre outras micoses | Foto: João Pedrosa

por Samantha Pimentel*

Com as altas temperaturas, que passam a ser cada vez mais comuns com o avanço da primavera e a proximidade do verão, um problema de saúde pode se tornar mais recorrente entre a população: as micoses. Elas são infecções causadas por fungos que se proliferam em ambientes quentes e úmidos. Por isso, o calor, aliado ao aumento da transpiração e à maior exposição à água — em meio ao lazer em praias e piscinas —, acaba criando um ambiente propício para as micoses, que podem provocar sintomas como manchas na pele, descamação e coceira.

De acordo com a médica dermatologista Isabele Araújo, existem, de fato, tipos específicos de micoses que costumam se disseminar nesse período. “As micoses mais comuns no verão incluem a tínea ou tinha — micose superficial, conhecida popularmente como impinge, que afeta a pele e o couro cabeludo — e a onicomicose, que atinge as unhas. Outra muito frequente é a pitiríase versicolor, também conhecida como ‘pano branco’, que provoca manchas claras ou escuras na pele”, explica a especialista.

"Só me preocupo com o uso do protetor solar. Às vezes, fico o dia inteiro com o biquíni molhado"
- Carla da Costa

Isabele também salienta que algumas dessas micoses, como a tínea e a onicomicose, podem ser transmissíveis, tanto pelo contato direto com a pele infectada, como pelo contato com superfícies contaminadas — sejam estas toalhas, roupas ou até mesmo áreas de uso comum em piscinas e praias.

Um dos fatores que mais favorecem o surgimento das micoses, porém, é pouco conhecido entre aqueles que apreciam longas horas de dias ensolarados em seus trajes de banho. Trata-se, conforme destaca a dermatologista, do uso prolongado de roupas molhadas. “Os trajes de banho retêm umidade na pele, facilitando ainda mais o surgimento de micoses, especialmente em áreas como virilhas e entre os dedos dos pés”, alerta.

A engenheira Carla da Costa, que tem aproveitado o clima quente em seu passeio por João Pessoa, confessa que não costuma se atentar ao tempo que passa com os trajes de banho úmidos. “Quanto à pele, só me preocupo com o uso do protetor solar, mas com o biquíni molhado não tenho essa preocupação, e, às vezes, esqueço mesmo, fico o dia inteiro [com o biquíni]”, afirma Carla, revelando nunca ter notado irritação ou qualquer tipo de alteração na pele em decorrência disso.

Ela lembra, porém, ter passado por um problema do tipo quando foi a um show, em um espaço ao ar livre, e teve de permanecer, por muito tempo, com a roupa molhada. “Pegamos chuva o tempo inteiro e, no dia seguinte, eu não aguentava tanta coceira pelo corpo e nos pés. Deve ter dado frieira ou alguma coisa assim, porque fiquei com os pés na água o tempo todo, com muita umidade”, relata a engenheira. Ela conta que, na ocasião, não procurou ajuda médica e apenas lavou bem as áreas onde sentia coceira, até que o incômodo cessou naturalmente com o passar do tempo.

“A umidade prolongada cria um ambiente favorável para o crescimento de fungos na pele. O ideal é trocar o traje de banho por roupas secas assim que possível, especialmente após sair do mar ou da piscina”, reforça Isabele.

Roupas leves e calçados ajudam a prevenir

Para prevenir infecções de micose, a dermatologista recomenda que, além de evitar passar muito tempo com trajes molhados, é preciso tomar alguns outros cuidados. “Secar bem os espaços entre os dedos dos pés, axilas e virilhas também ajuda a impedir o acúmulo de umidade”, indica Isabele Araújo, acrescentando que se deve, ainda, usar roupas de tecidos leves e “respiráveis”, que permitam a evaporação do suor; e evitar andar descalço em áreas públicas — como piscinas, vestiários e saunas —, pois estes são ambientes onde os fungos podem estar presentes. “O uso de talcos antissépticos em regiões mais propensas ao suor também pode ser uma boa medida”, complementa a especialista.

"É importante procurar um dermatologista quando surgirem manchas brancas ou escuras, que coçam ou descamam "
- Isabele Araújo

Isabele enfatiza que, mesmo assim, é essencial ficar atento a manchas, coceiras ou outras alterações na pele que possam indicar o aparecimento de micoses, buscando ajuda médica ao identificar algo estranho. “É importante procurar um dermatologista quando surgirem manchas brancas, escuras ou vermelhas na pele, que coçam ou descamam, além de áreas com rachaduras ou bolhas e de esbranquiçamento entre os dedos dos pés. Alterações nas unhas, como espessamento, descoloração ou quebra, também podem ser sinais de onicomicose”, ressalta.

Segundo ela, obter o diagnóstico correto, o quanto antes, é crucial para garantir que o tratamento seja mais rápido e eficaz, impedindo que a infecção se agrave ou se espalhe para outras áreas. Além disso, a especialista chama atenção para os riscos da automedicação e reitera a necessidade do acompanhamento profissional para eliminar a infecção,  com a prescrição e a aplicação adequada de medicamentos.

Bolhas ou rachaduras na pele, além de unhas quebradas ou descoloridas, também são sintomas da doença

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 26 de outubro de 2024.