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Famílias ficam desalojadas na capital

publicado: 29/01/2025 09h03, última modificação: 29/01/2025 09h03
Grande volume d’água inundou casas, causou queda de muro e interrompeu, temporariamente, o tráfego de trens
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Durante o dia, enquanto a equipe da Defesa Civil atendia as ocorrências, população tentava driblas os pontos de alagamento nas ruas da cidade | Fotos: Roberto Guedes
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por Bárbara Wanderley*

A madrugada de ontem foi um verdadeiro filme de terror para o auxiliar de depósito Francisco Abílio, morador do bairro Esplanada, em João Pessoa. Ele se viu preso, com a esposa e os dois filhos, de três e sete anos, dentro de uma casa que estava inundando rapidamente, durante uma enxurrada que deixou um rastro de destruição em toda a rua, consequência das chuvas e de um problema na drenagem que ainda está sendo investigado pela Defesa Civil. Ele foi uma das vítimas dos alagamentos causados pelas chuvas ocorridas nas últimas horas na cidade e que deixaram nove famílias desalojadas, causaram deslizamento de terra e a suspensão temporária do tráfego de trens na capital.

As precipitações devem continuar nas próximas horas. Segundo comunicado divulgado ontem pelo  Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), e válido até hoje, dois alertas amarelos de perigo potencial de chuvas intensas foram emitidos para 116 cidades paraibanas. A equipe da Defesa Civil está em alerta para qualquer ocorrência e comunica que, em caso de problemas ocasionados pela chuva, como alagamentos e risco de deslizamentos de barreiras, a população deve telefonar para o número (83) 98831-6885.

Perdas

Segundo o coordenador da Defesa Civil de João Pessoa, Kelson Chaves, das 45 áreas de risco da cidade, as que requerem maior atenção da equipe são o Bairro São José e a comunidade Saturnino de Brito, por estarem situadas próximo a barreiras.

Das nove famílias que ficaram desalojadas ontem, oito são moradores do bairro de Cruz das Armas e uma do bairro do Esplanada. Nas primeiras horas de ontem, Francisco Abílio, do Esplanada, contou que acordou ao ouvir um estrondo e percebeu que a residência estava sendo inundada. A força da água era tanta que virou um guarda-roupa. Emocionado, ele lembrou que teve que ficar segurando o móvel até que a família conseguisse sair do quarto. “O desespero era só para tirar nossos filhos de dentro de casa. A porta ficou trancada devido aos entulhos que caíram da parede do quarto. Comecei a cavar, a tirar as pedras da porta e consegui abrir uma pequena brecha para minha mulher passar com meu filho caçula, de três anos. Peguei o meu filho mais velho, puxei a porta e o levei para onde não tinha água. Depois, voltei para ajudar os vizinhos que estavam precisando de ajuda”, lembrou entre lágrimas.

“Foi desesperador. Eu pensava em tirar eles. Eu pensei que ia cair tudo”, completou. De acordo com o coronel Kelson Chaves, houve um acúmulo de água no terreno que fica por trás das residências. “Esse acúmulo ocasionou a pressão do muro e ele foi levado pela água. Aqui você tem dois pontos de captação, só que esses pontos estão, pelo que a gente pôde deduzir no primeiro instante, obstruídos. Não se sabe, exatamente, se com resíduo sólido ou com o resto de uma possível intervenção que foi feita neste terreno por trás. Há uma empresa que será procurada para a gente tentar identificar o que eles andaram fazendo, que terminou por obstruir o sistema pluvial”, explicou.

O coronel Kelson estimou que cerca de 15 famílias foram prejudicadas do bairro do Esplanada e muitas delas perderam tudo que tinham para a água. Francisco Abílio teve de sair de casa porque o volume d’água danificou a estrutura da residência.

 O coordenador da Defesa Civil informou que a prefeitura estava disponibilizando um abrigo provisório para as pessoas desalojadas. Ele frisou que as famílias teriam acesso à alimentação e seriam cadastradas em programas sociais para atender as suas necessidades. Francisco Abílio, porém, contou à reportagem que optou por ficar na casa do sogro, até se restabelecer.

Pontos de alagamento

Além das famílias desabrigadas, foram registrados alagamentos em diversos pontos da cidade. Um dos mais críticos ocorreu na Ponte do Cuiá, que liga os bairros de Mangabeira e Valentina, onde apenas alguns veículos utilitários de grande porte conseguiam passar. Quando a reportagem visitou o local, na manhã de ontem, havia dois carros aguardando o reboque e um motociclista teve que empurrar a moto depois que ela parou de funcionar em meio à água. “Quando chove, é todo dia esse negócio aí”, comentou um morador da região.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 29 de janeiro de 2025.