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População reivindica reparos no viaduto e nas obras de artes

publicado: 28/01/2025 09h10, última modificação: 28/01/2025 09h10
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No local, há seis painéis assinados por Chico Ferreira e dois por Elpídio e Lupicínio Dantas | Foto: Roberto Guedes

por Bárbara Wanderley*

Quem circula pelas imediações do Viaduto Prefeito Dorgival Terceiro Neto, também conhecido como viaduto Terceirão, no Centro de João Pessoa, percebe que a estrutura carece de manutenção. São pichações, cerâmicas quebradas e o banheiro público, que fica abaixo do viaduto, está sem energia elétrica há cerca de 15 dias, segundo um vendedor ambulante que trabalha na região. As obras de arte, seis grandes painéis de autoria de Chico Ferreira, e dois de Elpídio e Lupicínio Dantas, também estão precisando de reparos. Os autores cobram mais atenção do poder público para essas pinturas.

O artista visual Chico Ferreira lembrou que a prefeitura costumava lavar periodicamente os painéis, mas não soube dizer quando isso parou de ocorrer. “Acho que a sociedade é que tem que cobrar. É claro que a responsabilidade é da prefeitura, mas a sociedade também tem que assumir o seu papel de dona e exercer sua cidadania”, comentou.

Além da sujeira, um dos painéis precisa de reposição de cerâmica e, aparentemente, há algum tipo de infiltração, já que, no dia em que foi feita a reportagem, havia água escorrendo pela parede. 

Chico Ferreira contou que os painéis começaram a ser produzidos em 1999 e foram instalados em 2000, durante o primeiro mandato de Cícero Lucena como prefeito de João Pessoa. Ele lembrou que na época, a intenção era beneficiar não só os motoristas que transitavam por baixo do viaduto, mas também os pedestres que circulam pela parte de cima, por isso as obras foram instaladas, estrategicamente, nos vãos de abertura.

“Na época, eu pensei muito no urbanismo e nessa coisa do belo e do feio, porque a cidade também tem caos, sujeira. Por isso, fiz porcos sobre as flores”, explicou. Uma das obras conta com um trecho de uma letra de Chico César—“a tinta pinta o asfalto, enfeita a lama motorista”—da música Béradêro.  Outra contém um trecho de letra de Vital Farias — “eu sou teimoso, eu vou comprar dois automóveis, um pra mim, outro pra ti” — da música Pra Você Gostar de Mim. “São letras que também remetem ao urbanismo”, afirmou Chico Ferreira.

Trabalho conjunto

Já o artista Lupicínio Dantas, ou Lup Dantas como também é conhecido, lamentou que os dois painéis que pintou junto com o pai, Elpídio Dantas, estejam deteriorados. “Para mim, aquilo é muito importante, porque o meu pai faleceu. Então, é especial, porque foi a junção do nosso trabalho”, comentou.

Ele lembrou ainda que uma semana após concluir a pintura, foi morar nos Estados Unidos e, por isso, só chegou a ver pessoalmente a obra montada 23 anos depois. “Desde que eu voltei para o Brasil vejo aquilo. Tinha até um adesivo em cima de um dos painéis, uma propaganda de alguma coisa de carro, eu fui lá e arranquei”, disse.

Lup Dantas destacou que é necessário fazer alguma coisa, não só em relação àquelas obras, mas também ao viaduto, que é “uma obra arquitetônica linda”, e ao Centro de João Pessoa como um todo. “Se a gente não cuidar, vamos perder a nossa história, não demora muito não”, afirmou.

Saiba Mais

A Secretaria de Infraestrutura da Prefeitura de João Pessoa foi procurada pela equipe de reportagem e informou, por meio de sua assessoria de comunicação, que será realizada uma vistoria no local para levantar os problemas existentes e agendar uma ação de manutenção.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 28 de janeiro de 2024.