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Favelas debatem pautas para o G20

publicado: 22/08/2024 08h53, última modificação: 22/08/2024 08h53
João Pessoa sedia etapa estadual de encontros para eleger reivindicações prioritárias das comunidades periféricas
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A redução das desigualdades no combate à fome e à pobreza no Brasil está entre os temas a serem discutidos no evento | Foto: Marcos Russo/Arquivo A União

por Emerson da Cunha*

Temas como sustentabilidade, direitos humanos, raça, gênero e redução das desigualdades no combate à fome e à pobreza em relação a favelas, comunidades e periferias estarão em voga durante a etapa paraibana do G20 Favelas — Conferências Internacionais das Favelas. O evento ocorre no próximo sábado (24), a partir das 14h, no auditório do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), em João Pessoa.

A ideia é que grupos locais de periferia participem para debater e definir suas prioridades, que serão levadas para o Fórum Mundial das Favelas, previsto para setembro, no Rio de Janeiro, e realizado pela Central Única de Favelas (Cufa), com membros de 40 países. As pautas e reivindicações prioritárias, então, serão repercutidas nas conferências do próximo encontro do G20 — a tradicional reunião das 20 principais economias globais, que também será sediada no Rio, em novembro. Autoridades de África do Sul, Angola, Colômbia, Espanha, México e Estados Unidos deverão receber a comitiva especial durante o evento internacional.

"Nossa expectativa é que haja participação massiva de boa parte das periferias da Paraíba"
- Kalyne Lima

De acordo com a presidenta nacional da Cufa, Kalyne Lima, pessoas e grupos de zonas periféricas do estado podem participar da elaboração e da discussão das pautas, inclusive virtualmente. “É um chamamento público, queremos a maior participação possível. As propostas serão desenvolvidas durante a conferência, mas também por meio das consultas prévias que estamos fazendo nos territórios, via formulário digital. Nossa expectativa é que haja participação massiva de boa parte dos territórios considerados favelas, comunidades e periferias da Paraíba”, explica.

Kalyne adianta, ainda, que o Fórum Mundial das Favelas deverá contar com representantes estaduais e globais, unificando os envolvidos nas diferentes fases do processo para garantir a pluralidade regional e a natureza democrática que legitima as etapas atualmente realizadas. Ela aponta, inclusive, uma série de questões que periferias de todo o mundo compartilham hoje em dia.

“O combate à fome é um tema muito comum entre países com alto nível de desigualdade social. A promoção de justiça social a partir de uma melhor distribuição de renda e oportunidade de trabalho sempre são temas com maior semelhança entre os territórios vulneráveis, seja no Brasil, seja em outros países que estão participando das conferências e apresentando seus indicativos mais prioritários. Além disso, infraestrutura — com saneamento básico em alta —, violência e os preconceitos que sofre quem vive no território de favela [também são problemas comuns]”, relata Kalyne.

Aglomerados

Segundo o documento “Aglomerados Subnormais 2019 — Classificação preliminar e informações de saúde para o enfrentamento à Covid-19”, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), naquele ano, a Paraíba registrou cerca de 65 mil domicílios ocupados em aglomerados subnormais — ou seja, comunidades, favelas e palafitas, entre outros locais, correspondendo a cerca de 5% do total de domicílios ocupados. Ao todo, o Brasil somou, em 2019, mais de 13 mil aglomerados subnormais.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa no dia 22 de agosto de 2024.