por José Alves*
A Festa de Iemanjá que, no dia 8 de dezembro de 2021, completou 55 anos de celebração, foi declarada patrimônio cultural imaterial da Paraíba. A lei de autoria da deputada estadual Estela Bezerra foi sancionada pelo governador João Azevêdo e publicada no Diário Oficial do Estado (DOE) do último dia 30.
A lei relaciona o evento como “de fundamental importância para a valorização da fé dos povos tradicionais de matriz africana”. Na capital, a festa reúne centenas de babalorixás de terreiros de diversos municípios e chega a mobilizar mais de 100 mil pessoas na orla, na noite em que se comemora a rainha do mar. “É a festa que representa a grande expressão da religião e da cultura afro-brasileira”, disse a parlamentar.
Para o babalorixá Pai Paulo de Iemanjá, “esse reconhecimento será motivo de orgulho e alegria para todos os pais de santo da Paraíba e vai movimentar ainda mais o turismo da cidade, no dia 8 de dezembro”, comemorou.
Pai Paulo de Iemanjá disse ainda que a Festa de Iemanjá sendo reconhecida como patrimônio cultural e imaterial da Paraíba valoriza os mais de 500 terreiros de cultos de matrizes africanas existentes no estado. “Só em João Pessoa, são aproximadamente 300 terreiros de umbanda e esse reconhecimento só tende a atrair mais pessoas aos cultos, sejam elas adeptas da religião ou simpatizantes da causa. Salve Iemanjá”, festejou.
Os festejos em homenagem a Iemanjá tiveram início, na Paraíba, há mais de 100 anos, mas de forma clandestina, porque, segundo Pai Paulo de Iemanjá, o evento era considerado uma festa de feitiçaria e era proibida pela polícia. As homenagens à rainha do mar, só puderam ganhar as ruas na década de 1960. Mas, só a partir de 1966, os adeptos da religião de matriz africana tiveram a liberdade de comemorar e reverenciar a rainha do mar, livremente.
Tradicionalmente, a Festa de iemanjá é celebrada, em João Pessoa, na praia de Tambaú, mais precisamente no Busto de Tamandaré. De acordo com as lideranças da Federação dos Cultos Afro-Brasileiros, a deusa do mar, Iemanjá é importante, não só para Paraíba, mas para o mundo por considerarem a entidade como a mãe protetora e cuidadora de todo seu povo. “O dia 8 de dezembro representa pra todos seus filhos, um dia de paz e amor, é assim que nós vemos nossa mãe Iemanjá”.
Celebração
A festa em homenagem a rainha do mar em João Pessoa, geralmente, se inicia às 17h, com a recepção dos participantes e visitação ao templo montado para receber oferendas e preces. Isso acontece após a chegada do cortejo que sai do Palácio de Xangô Alafim, do Pai Gilberto, no bairro de Cruz das Armas, com destino à praia.
A caminhada passa pela avenida Cruz das Armas, rua Francisco Manoel, avenidas Vasco da Gama, Américo Falcão, João Machado, Maximiano Figueiredo e Beira Rio e Epitácio Pessoa até chegar à praia de Tambaú. A abertura oficial da festa acontece às 18h, com homenagem da presidente da Federação dos Cultos Afro-Brasileiros na Paraíba, Mãe Penha de Iemanjá, seguida por queima de fogos.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 01 de janeiro de 2021