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Fiéis e autoridades participam do sepultamento de Dom Marcelo Pinto Carvalheira, em JP

publicado: 28/03/2017 00h05, última modificação: 28/03/2017 08h47
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A Basílica de Nossa Senhora das Neves foi lotada pela multidão que compareceu ao velório, que teve a presença do governador Ricardo Coutinho - Foto: Marcos Russo

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Rachel Almeida - Especial para A União

A Catedral Basílica de Nossa Senhora das Neves se tornou pequena para a quantidade de fiéis que acompanharam a missa de corpo presente e o sepultamento do arcebispo emérito da Paraíba, Dom Marcelo Pinto Carvalheira, na tarde de ontem (27). Conhecido como “Dom da Ternura”, defensor dos menos favorecidos, oprimidos e perseguidos pela ditadura militar no Brasil, Dom Marcelo foi ovacionado durante o sepultamento por familiares, bispos, fiéis, padres e autoridades presentes no local. O governador Ricardo Coutinho marcou presença na celebração. As pessoas se emocionavam com as palavras do administrador apostólico Dom Genival Saraiva, que presidiu a celebração, juntamente com o padre Ruy Braga.

De acordo com o governador Ricardo Coutinho, é preciso não só chorar pela dolorosa perda de Dom Marcelo, mas celebrar a vida e a caminhada dele. O governador afirmou que o arcebispo foi um homem que fez o bem por onde passou e que seu trabalho dignificou a igreja, o povo “que ele tão bem representou”, e que deixou um legado de muita determinação, luta pela justiça social e ternura. “Eu acho que homens como Dom Marcelo deixam uma lacuna enorme na sociedade”, comentou Ricardo.

“Ele dedicou a vida inteira à igreja, desde muito novo, e o lema dele, quando veio a João Pessoa, para ser arcebispo, era evangelizar e dar atenção aos mais necessitados e injustiçados”. Foi assim que o sobrinho de Dom Marcelo, Marcos Carvalheira, o descreveu, comentando que todos sentiam muito orgulho da pessoa do arcebispo, como alguém que mesmo sendo preso e torturado defendendo os injustiçados na Ditadura Militar do Brasil, nunca renunciou de servir à igreja. Marcos afirmou que só conheceu o "Dom da Ternura" após a chegada dele de Roma, mas que sempre contou com o arcebispo. “Foi uma alegria tê-lo em nossas vidas, pois ele celebrou meu casamento, o batismo e casamento dos meus filhos, e desde sua existência sempre atendia os chamados de todos. Ele defendia a verdade, a justiça, e fazia o bem indiscriminadamente”, relatou Marcos.

A pessoa de Dom Marcelo falava para várias gerações, pois desde seu tempo de jovem sacerdote em Olinda e Recife, ele já tinha muita identificação com o povo, segundo o administrador apostólico Dom Genival Saraiva. O administrador comentou que ao ser nomeado bispo auxiliar da Paraíba, em 1975, até sua renúncia em 2004, Dom Marcelo foi uma pessoa muito visível no Estado. “Eu o vejo mais como Dom Marcelo da vida do que da morte. Quero dizer, a sua pessoa, antes de tudo, vendo-o como ser humano, bem além dessa leitura social, do seu pastoreio. Então, é essa pessoa de ternura que estamos entregando a Deus, aqui também como o quinto arcebispo da Paraíba”, declarou Dom Genival.

Religiosos

Bispos, padres e freis da Paraíba e de outros estados marcaram presença na celebração. No início da missa, todos entraram em uma grande fila, seguindo o caixão com o corpo de Dom Marcelo, em direção à Basílica Menor. Representantes religiosos de Cajazeiras, Ceará, Patos, Campina Grande, Guarabira, Pernambuco, Alagoas e Rio Grande do Norte estiveram presentes no local, além do pastor Estevão, da Primeira Igreja Batista em João Pessoa. Dentre as autoridades, estavam o presidente da Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB), Gervásio Maia Filho, e o prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo.

Sepultamento

O corpo de Dom Marcelo foi sepultado na Capela Batismal da Catedral Basílica de Nossa Senhora das Neves. A forma do corpo ser colocado no caixão obedece uma tradição da Igreja Católica para o enterro dos arcebispos. Como simbologia para entrar no céu com os braços abertos, o corpo deve estar com os braços ao lado, e não com as mãos cruzadas sobre o peito como as pessoas são normalmente sepultadas. A vestimenta é roxa devido à quaresma e o caixão deve ser simples, para demonstrar a humildade do religioso.