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temporada dos ipês

Floração embeleza paisagens de JP

publicado: 05/11/2025 08h40, última modificação: 05/11/2025 08h40
Coloridas em roxo e amarelo, árvores encantam moradores e turistas, mas são ameaçadas pelas mudanças climáticas
2025.11.04 Floração Ipê Rosa © Leonardo Ariel (10).JPG

Segundo a Secretaria de Meio Ambiente, cidade soma 552 exemplares de duas espécies | Fotos: Leonardo Ariel

por Íris Machado*

Quem passa pelas avenidas de João Pessoa já pode encontrar flores amarelas e roxas nos canteiros: a temporada de florescimento dos ipês começou. De acordo com a Secretaria de Meio Ambiente (Semam) da capital, existem 552 árvores do tipo catalogadas entre os bairros da cidade.

O ipê-amarelo, considerado símbolo de João Pessoa, é uma espécie nativa da Mata Atlântica e pode ser visto por todas as localidades da cidade, presente em cartões--postais como o Parque Solon de Lucena — a Lagoa — e o Parque Arruda Câmara — a Bica. Não à toa, a proximidade do pessoense com a árvore rendeu a João Pessoa o título de “cidade dos ipês”.

O motorista Ivanildo Vieira, que mora no município de Alhandra e estava de passagem pela capital, revelou o encanto pela paisagem pessoense. “É muito bonito para a cidade. Você vê aquela paisagem e tem uma sombra para se refrescar. E João Pessoa já é considerada uma das cidades mais verdes do Nordeste”. Já a agente administrativa Célia Monteiro acredita que o colorido da árvore transforma o dia a dia da população. “Dá um destaque muito lindo. Todo lugar era para ser assim. Era para ter mais, né?”. 

A capital abriga duas espécies de ipês: o ipê-amarelo, introduzido a partir da década de 1920, e o ipê-rosa, vindo de El Salvador, na América Central, por volta dos anos de 1970. Os que predominam, nos dias atuais, são os de flores rosas, cujo período de floração concentra-se nos meses de setembro a novembro, segundo o chefe da Divisão de Arborização da Semam, Anderson Fontes.

O cuidado com as árvores não é garantido apenas pela Prefeitura Municipal, mas também conta com o apoio dos moradores. “É uma ajuda mútua para manter os ipês floridos e com saúde. A equipe técnica da Semam é especializada em árvores, mas nós também temos técnicos voltados exclusivamente a estudar ipês. É uma concentração que a gente sempre teve, levando em conta a simbologia dessas árvores para a cidade”, explicou Anderson.

Além desse monitoramento, a Semam realiza diagnósticos, podas e um tratamento fitossanitário para reduzir os danos das mudanças climáticas nessas árvores. A Divisão de Arborização e Reflorestamento acompanha os dados registrados ao longo do ano e avalia o trabalho executado dentro do cronograma de atividades do órgão municipal.

“São árvores mais sensíveis, então a amputação de um galho tem que ser mais delicada. Tem que fazer a poda muito, muito antes da floração. Depois da floração, vem a frutificação e a área de repouso. É um trabalho minucioso em relação à manutenção dos ipês na cidade”, contou o especialista.

Alerta

De fato, o símbolo da paisagem de João Pessoa sente os efeitos das mudanças climáticas. Para o chefe da Divisão de Arborização da Semam, esse é um problema preocupante, devido à sensibilidade das espécies de ipês. “A temperatura dificulta o processo de floração e a torna mais tímida, ficando entre oito, 10, 12, até 15 dias. A poluição atmosférica na cidade aumentou muito. Isso amplia o desgaste para a árvore desenvolver a fisiologia para a floração”, afirmou Anderson.

Nas áreas verdes da cidade, por enquanto, o impacto é menor. Apesar disso, as árvores estão em perigo de perder o brilho que deslumbra tanto moradores quanto turistas. “As pessoas admiram muito, mas a árvore sofre dentro das próprias condições fitossanitárias de saúde”, alertou.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 5 de novembro de 2025.