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no final de ano

Fogos costumam estressar os pets

publicado: 26/12/2023 09h17, última modificação: 26/12/2023 09h17
Veterinários alertam que estampidos dos artefatos provocam agitação e até desmaio nos animais domésticos

por Ítalo Arruda*

A chegada do fim de ano, embora seja motivo de alegria e boas expectativas para muita gente, acaba sendo uma preocupação para os tutores de animais. Isso porque, nessa época específica do ano, o manuseio e, consequentemente, a explosão de fogos de artifícios tendem a aumentar significativamente. Além de situações de medo e estresse, os estampidos desse tipo de artefato podem provocar graves riscos à saúde física dos pets, podendo, inclusive, levá-los a casos de fuga ou até mesmo ferimentos.

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Animais como cães e gatos têm a sensibilidade auditiva quatro vezes maior do que a dos humanos - Foto: Freepik

É o que afirma o médico veterinário Andreey Teles, ex-assessor técnico do Conselho Regional de Medicina Veterinária da Paraíba (CRMV-PB) e atual assessor técnico do CRMV do Rio Grande do Norte. Segundo ele, qualquer época do ano, cujas festividades são celebradas com a soltura de fogos de artifícios, representa momentos estressantes para toda a fauna e, de modo particular, para os animais domésticos, como os cães e gatos.

“É relevante ressaltar que os pets possuem uma sensibilidade auditiva muito maior do que a dos humanos, notadamente naquilo que se configura como sons agudos. Há relatos de que essa sensibilidade esteja na casa de quatro vezes mais quando comparada à sensibilidade auditiva dos humanos”, destaca Andreey Teles, alertando para o fato de que quando esses animais são expostos a barulhos desse tipo, “sentem-se ameaçados e desenvolvem sentimento de medo, buscando mecanismos para se proteger, tais como fugir ou esconder-se”.

De acordo com o veterinário, mesmo que alguns animais de estimação consigam encontrar uma maneira de sair daquela situação, podem apresentar sintomas como agitação intensa, bem como medo, ansiedade, desmaios, e, em determinados casos, aumento da temperatura corporal e até convulsões.

“Eu já atendi animais seriamente machucados após terem passado por período onde houve intenso barulho de fogos de artifício. É uma situação muito triste. Vale lembrar que, o fato de os donos apresentarem pavor por empatia aos bichos, o estampido reforça no pet que aquela é uma situação de desespero”, ressalta Andreey Teles.

É importante lembrar, ainda, que além do barulho, as luzes brilhantes e as explosões dos fogos e rojões podem causar confusão nos animais, interferindo em seus padrões normais de comportamento, principalmente quando se trata de bichos noturnos e aves, que podem ficar desorientados e perder sua rota migratória.

Legislação

Nos municípios de João Pessoa e Cabedelo, a legislação vigente proíbe a soltura de fogos de artifício com estampidos em festividades e eventos promovidos pelas prefeituras das duas cidades. Na capital, isto foi determinado pela Lei nº 1.947, de 13 de agosto de 2020, enquanto na cidade portuária, a medida consta da Lei nº 2.202, de 29 de março de 2022. Para os eventos privados, entretanto, não tem nenhuma determinação judicial nesse sentido.

Fumaça

A fumaça resultante desses produtos contém produtos químicos tóxicos que podem irritar os olhos, nariz e pulmões dos animais, sob o risco de desencadear problemas respiratórios e alergias.

Para evitar tais problemas e aproveitar as festas de fim de ano com mais tranquilidade, além de adotar alternativas silenciosas e conscientes, como fogos de artifício sem estampidos é importante oferecer aos bichos de estimação ambientes adequados para lidar com esse tipo de situação.

“O preparo de um ambiente acolhedor, que possua esconderijos, lugares altos (para felinos) e objetos impregnados com o cheiro do dono, ajudam bastante. Entretanto, a companhia do dono é essencial para transmitir segurança ao pet. Há ainda alguns donos que empregam essências florais”, destaca Teles.

Ele também ressalta que podem ser utilizados, sob a prescrição de um médico veterinário, medicamentos alopáticos – que têm como função controlar a ansiedade e tranquilizar o bicho –, dependendo da situação.

“Alerta-se ainda o fato de que animais deixados sozinhos nesse período poderão se acidentar mais severamente quando comparados aqueles que estejam na companhia dos donos”, pontuou Andreey.

 *Matéria publicada originalmente na edição impressa de 26 de dezembro de 2023.