Uma operação realizada na manhã de ontem, em João Pessoa e Bayeux, prendeu quatro pessoas apontadas como envolvidas no incêndio a um ônibus da empresa Transnacional, na capital do estado, que provocou a morte do motorista Silvano da Silva, de 48 anos. Numa entrevista coletiva realizada na sede da Polícia Federal, na capital, na ação foram cumpridos quatro mandados de prisão e 12 de busca e apreensão. Houve a apreensão de armas de fogo, munições, droga e coletes balísticos. Na terça-feira já havia sido apreendido um veículo clonado pela Polícia Militar. Também foi localizado um carro clonado. Um dos presos usava tornozeleira eletrônica e chegou a atirar contra os policiais.
Os mandados, expedidos pela 2ª Vara Criminal da Capital, foram cumpridos nos bairros Mário Andreazza e Aeroporto, em Bayeux, e em Cruz das Armas, em João Pessoa. A força-tarefa utilizou cerca de 150 policiais, incluindo militares, civis, federais, penais, Corpo de Bombeiros e agentes do Gaeco, além de batalhões das corporações especiais, tais como canil, helicóptero Acauã, sendo apreendidas também aves silvestres através do Batalhão Ambiental da PM.
Segundo a superintendente da Polícia Federal, na Paraíba, Cristiane Machado, a operação acontece 32 dias após o fato ocorrido, mas o trabalho foi e está sendo intensificado desde a data do fato grave, todas as forças de segurança se imbuíram no propósito de identificar os envolvidos levando a junção de todas as forças de segurança para elucidar esse crime e atuar na prevenção, repressão e principalmente de dispersão à criminalidade organizada no estado.
A superintendente disse ainda que a ação foi uma continuidade do trabalho realizado há cerca de 15 dias, quando houve a prisão do primeiro suspeito de envolvimento com o incêndio no ônibus, que provocou uma morte e deixou mais três pessoas feridas. “Conseguimos prender dois executores do crime, outro envolvido havia sido morto em confronto com outros criminosos. “O trabalho terá continuidade, pois ainda faltam ser localizados mais dois envolvidos’, disse a delegada.
A delegada Maira Araújo, da Polícia Civil, disse que dos presos, cinco foram identificados como sendo executores do crime e três mandantes do crime. Entre os executores, dois estão presos, outro foi morto em confronto entre facções criminosas, um deles tem mandado de prisão expedido e outro está sendo identificado pela polícia.
Maira informou que esta foi a fase dois da operação e acrescentou que o trabalho continua, pois faltam ser cumpridos mais dois mandados e duas pessoas a serem ainda completamente identificadas.
O coronel Sérgio Fonseca, comandante da Polícia Militar da Paraíba, disse que foi fundamental a participação do serviço de inteligência da PM nas investigações para a identificação das localizações e dos apontados como envolvidos no ataque ao ônibus.
Ele acrescentou que somente no mês de agosto, em Bayeux, já houve a apreensão de mais de vinte armas de fogo, três coletes balísticos, mais de duas mil embalagens de diversas drogas, 63 pessoas presas e veículos apreendidos. “O objetivo dessa força tarefa é garantir a tranquilidade aos moradores de toda a região de Bayeux, que vinham nos últimos dias sendo importunados por criminosos, que com ameaças forçaram o fechamento de escolas, creches e postos de saúde”, pontuou o coronel Sérgio Fonseca.
Relembre o caso
A operação aconteceu 32 dias após o ataque ao ônibus, ocorrido por volta das 21h do dia 18 do mês passado, no bairro Padre Zé. Imagens de monitoramento da rua onde ocorreu o fato registraram o momento que homens entram no coletivo, ameaçaram o motorista e os cinco passageiros, inclusive determinando que as portas fossem fechadas. Em seguida, descerram e jogaram coquetéis molotov, provocando o incêndio.
As pessoas que ficaram no interior do coletivo conseguiram sair, foram levadas para o hospital de Emergência e Trauma. Apenas o motorista Silvano da Silva, com a maior parte do corpo queimado, permaneceu internado e, no dia 29 ele não resistiu aos ferimentos. Um dia antes da morte de Silvano, a polícia prendeu o motorista de transporte alternativo Antônio Gomes da Silva, de 44 anos, que confessou ter sido condutor do veículo e que deu suporte com os autores do crime.
Três Cabeças
O nome da operação remete à mitologia grega, onde Kerberos é um monstruoso cão de três cabeças que guardava a entrada do inferno, o reino subterrâneo dos mortos, evitando que as almas que estavam no inferno voltassem ao mundo.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 24 de agosto de 2023.