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Pesquisa da ANP mostrou a diferença entre os valores praticados nos estados

Gasolina sobe, mas PB tem menor preço do Nordeste

publicado: 28/04/2022 08h43, última modificação: 28/04/2022 08h43
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Foto: Marcus Antonius/Arquivo

por André Resende*

O preço médio da gasolina aferido nos postos de todo Brasil, entre 17 e 23 de abril, indicou um novo recorde, de acordo com os registros da Agência Nacional de Petróleo (ANP), R$ 7,270. O valor superou a maior média, registrada entre 13 e 19 de março deste ano, que era de R$ 7,267. Apesar da alta nacional, de acordo com a pesquisa da ANP, a Paraíba segue como combustível mais barato do Nordeste e o quarto mais baixo do Brasil, estipulado em R$ 7,036.

Dados do Sistema de Levantamento de Preços (SLP) da ANP indicam que, na semana entre 17 e 23 de abril, a média por região foi menor no Sul, com R$ 7,109, e maior no Centro-Oeste, com R$ 7,440. O maior valor encontrado para a gasolina foi R$ 8,559 e o menor, R$ 6,190. A pesquisa envolveu 5.235 postos de abastecimento em todo o país.

A escalada do preço do combustível se acentuou no ano passado. A primeira vez que o litro da gasolina comum passou de R$ 5 foi em março, quando os postos do país cobraram, em média, R$ 5,484. Em setembro do ano passado, o valor chegou a R$ 6,078.

Procurado pelo jornal A União, o Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e Derivados de Petróleo no Estado da Paraíba (Sindipetro-PB) informou por meio de sua assessoria de imprensa que, desde o estabelecimento da política de Preço de Paridade Internacional (PPI) pela Petrobras, o valor do combustível que chega às bombas nos postos é fortemente influenciado pelo câmbio e ao valor internacional do barril de petróleo, que são muito mais voláteis.

Ivandro Oliveira, porta-voz do Sindipetro-PB, explica que o Brasil, muito embora seja autossuficiente em sua produção de petróleo, não dispõe de estrutura adequada para refinamento do petróleo bruto, fazendo com que as distribuidoras comprem o combustível que vai para os postos do exterior, ou seja, comprando em dólar.

“Você tem um movimento de mercado que acompanha as operações do próprio dólar, que faz com que o preço do combustível obedeça esses movimentos, tanto para cima, quanto para baixo. A Petrobras sinaliza, mas o preço é determinado pelo mercado, pela volatilidade do câmbio. O elo mais frágil da cadeia, composta pelas refinarias, distribuidoras e postos, é a ponta, o varejo, o dono do posto. Em todos os casos em que acontecem reajuste para mais, os postos apenas repassam o reajuste que vem de cima”, explica.

Margem de lucro

Ainda conforme informações da Sindipetro-PB, os postos, de forma geral, aplicam uma margem de lucro de aproximadamente 9% em cima do valor do combustível adquirido junto às distribuidoras. A margem de lucro apertada prejudica ainda mais os pequenos empresários, que não trabalham com rede de postos, uma vez que a aquisição dos combustíveis junto às distribuidoras não é a mesma dos grandes empresários donos de redes de postos, o que permite um poder de barganha pelo alto volume na compra.

“Ainda temos uma guerra no mundo que interfere o ocidente, gerando ainda mais instabilidade no mercado. Outro fator que complica qualquer previsão é o fato deste ano ser ano eleitoral, o que incide na volatilidade do câmbio e incide por consequência no mercado dos combustíveis fósseis”, acrescentou.

Valor médio do diesel tem alta por falta do produto

Embora a Paraíba tenha os menores preços médios da gasolina no Nordeste, e o segundo menor do etanol na região (R$ 5,337), atrás apenas de Alagoas (R$ 5,303), o estado paraibano sofreu com o aumento do preço do diesel. Conforme última pesquisa divulgada pela ANP, o valor regular desse combustível está em R$ 6,576 no estado.

Segundo Ivandro Oliveira, do Sindipetro-PB, o estado, assim como outros vizinhos do Nordeste, passou por um período de falta do produto no mercado, fazendo com que, pela lei da oferta e da demanda, houvesse um aumento no preço do diesel no estado. Entretanto, o mercado normalizou a situação e a tendência é de que não haja novos aumentos.

“A gente teve uma dificuldade com a aquisição do produto, sobretudo no diesel. Tivemos a chegada do diesel pelos portos de Cabedelo e de Suape, em Pernambuco, mas em uma quantidade menor. Aconteceu um atraso nas distribuidoras por falta de produtos. Tivemos esse problema, mas que foi equacionado”, concluiu.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 28 de abril de 2022