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No Bessa e no Seixas: corais estão fragilizados e doentes

publicado: 26/04/2022 08h46, última modificação: 26/04/2022 08h46
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Foto: Christine Eloy/IFPB

por Nalim Tavares*

Pesquisadores do projeto “Coral Eu Cuido”, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), apresentarão hoje os resultados da primeira fase de uma pesquisa que supervisiona a condição de saúde dos corais paraibanos. De acordo com os dados coletados, foi constatado um grande evento de branqueamento durante uma anomalia térmica em março de 2020, e a maioria dos corais monitorados permanecem fragilizados e doentes. O evento acontecerá no Auditório do Centro de Ciências Exatas e da Natureza (CCEN), a partir das 8h30, para apresentar o estado de saúde do ecossistema e divulgar estratégias para preservar e recuperar os recifes de corais da Paraíba.

A intenção da equipe organizadora é reunir agentes de turismo, operadores de catamarã e gestores ambientais do município e do estado para falar sobre a cobertura bêntica — análise dos organismos que vivem em associação com o fundo de ambientes aquáticos, como é o caso dos corais — dos recifes do Bessa e do Seixas, que são os mais visitados da Paraíba. Os dados que serão apresentados foram coletados no período de  agosto de 2018 até janeiro de 2020, mas a segunda fase da pesquisa, que já está em andamento, confirma o adoecimento dos recifes em todo o litoral nordestino.

De acordo com a coordenadora do projeto, a professora Cristiane Sassi, “existem áreas, tanto nos recifes do Bessa quanto nos recifes do Seixas, que estão extremamente sensíveis em termos de diversidade de espécies, de quantidade de corais jovens e em termos de corais doentes.” Pensando nisso, os pesquisadores do projeto mapearam esses organismos e montaram um relatório para apresentar aos gestores durante o evento.

Segundo a professora, o projeto vem para alertar sobre as formas de turismo que estão ocorrendo no Bessa e no Seixas, que precisam de um ordenamento que leve em conta o monitoramento permanente da saúde dos recifes e também das anomalias térmicas. “Se ocorre um turismo muito desordenado, com muita gente dentro dos recifes, isso vem a prejudicar negativamente o ambiente.”

Criado pelo Laboratório de Ambientes Recifais e Biotecnologia com Microalgas (Larbim) da UFPB, o “Coral Eu Cuido”, que é desenvolvido de forma presencial, esteve pausado durante a pandemia. Voltado para a divulgação da prática de condutas conscientes e do estado de conservação dos recifes costeiros da Paraíba, o projeto também trabalha realizando campanhas de sensibilização ambiental, orientando os turistas, visitantes e agentes de turismo sobre os cuidados com os corais. No final de 2020, um relatório foi entregue às autoridades responsáveis pela preservação desses ecossistemas, apresentando sugestões de restrição e precauções que devem ser tomadas para preservar a saúde dos organismos.

Nas palavras de Cristiane Sassi, “os corais são considerados termômetros do mar. Qualquer alteração no ambiente marinho, eles são os primeiros animais a darem um alerta.” Por isso, esses organismos são utilizados como “animal bandeira”, e a análise da saúde deles pode oferecer dados sobre todo o ecossistema marítimo de uma região.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 26 de abril de 2022