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josé cardoso filho

Grande profissional, homem imenso

publicado: 08/01/2025 08h57, última modificação: 08/01/2025 08h59
Familiares, amigos e colegas se despedem do querido jornalista e editor de A União, falecido ontem, aos 73 anos
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Além de parentes, velório reuniu muitos companheiros de trabalho | Foto: Carlos Rodrigo

por João Pedro Ramalho*

A imprensa paraibana despediu-se, ontem, de um de seus representantes de destaque, o jornalista José Cardoso Filho. Ele ingressou no Jornal A União em 1981, no qual trabalhou até 2003 e para o qual retornou em 2012; ele vinha atuando como editor desta página 7, do caderno Paraíba. Também teve passagens por outros veículos, como o Correio da Paraíba e O Momento, e pela Secretaria de Estado da Comunicação Institucional (Secom-PB). Cardoso, como era chamado por familiares, amigos e colegas, faleceu durante a madrugada de ontem, aos 73 anos, em decorrência de uma obstrução intestinal, e foi sepultado no Cemitério do Cristo, em João Pessoa.

As pessoas que trabalharam com Cardoso são unânimes em destacar sua dedicação ao jornalismo, especialmente, à cobertura policial. A diretora-presidente da Empresa Paraibana de Comunicação (EPC), Naná Garcez, recorda uma ocasião, no fim da década de 1980, em que pôde observar essa qualidade. “Eu trabalhei com ele no jornal O Momento e me lembro que era a editora escalada no domingo, às 20h30, quando teve um assassinato na Avenida Epitácio Pessoa. A gente já estava fechando o jornal, mas Cardoso não se incomodou de sair para fazer a matéria. Ele estava disposto, não importava a hora, e isso foi sempre uma marca dele”, comenta.

Para o diretor de Mídia Impressa da EPC, William Costa, o comprometimento de Cardoso não se restringia à escrita e à edição das matérias, mas se estendia ao cuidado com a infraestrutura do local de trabalho. “Ele sempre estava reivindicando melhorias no ambiente de trabalho, porque tinha essa preocupação que cada colega exercesse sua profissão da forma mais confortável possível. Ele achava que não bastava ter só um talento jornalístico, era preciso ter também as condições para desenvolver esse talento, e eu admirava muito essa preocupação”, aponta.

Além de editor desta página, Cardoso assumia a chefia de Reportagem do Jornal A União quando a atual ocupante da função, Teresa Duarte, estava de férias. A jornalista lamenta o falecimento do companheiro. “Ele era o meu parceiro mesmo de trabalho. A gente dividia pauta, a gente conversava muito, e um ajudava o outro no que era necessário”, relata Teresa.

A editora-geral do Jornal A União, Gisa Veiga, também lastima profundamente a morte do colega: “Cardoso era muito comprometido com o trabalho e estava sempre disposto a ajudar outros colegas. Sua dedicação ao jornalismo deve servir de exemplo a todos nós, profissionais da imprensa”.

Em nota, a Associação Paraibana de Imprensa (API-PB) também prestou homenagens ao jornalista: “Profissional dedicado e respeitado, Cardoso Filho deixa um legado de importantes contribuições ao jornalismo paraibano, especialmente, na área policial, onde atuou com afinco, por muitos anos, no Jornal A União. Sua trajetória também inclui relevantes serviços, prestados ao Governo do Estado, como assessor de comunicação. A API-PB se solidariza com familiares, amigos e colegas de profissão neste momento de dor e tristeza, reconhecendo a inestimável perda para a imprensa paraibana”.

Pai e amigo

As virtudes de Cardoso foram além de sua dedicação profissional. A jornalista Conceição Coutinho, que foi sua colega nos jornais O Norte e A União e na Secom-PB, rememora a convivência no trabalho. “Como editor de página, ele sempre foi muito cuidadoso e, como colega, era sensacional, porque era aquela pessoa de muito bom humor, sempre presente e brincalhona, de bem com a vida e com os colegas”, evidencia.

Ao falecer, Cardoso deixou a viúva de seu segundo casamento, Maria Adalgiza, que é subgerente de execução financeira e orçamentária da EPC. Com ela, o jornalista teve uma filha, Jéssica. Já com sua primeira esposa, Irani, ele foi pai de três filhos: Joseni, Jeferson e Joelson.

Para Jéssica, as memórias que ficam são as do “melhor pai do mundo”, que não media esforços para a conquista dos sonhos da filha, e que lhe ensinou a amar o Clube de Regatas Vasco da Gama. Também fica o exemplo de uma pessoa atenciosa e que buscava trazer amor e alegria para seus familiares.

“Ele tinha uma música que sempre dedicava para minha mãe, dizendo que ele era o ‘nego lindo’ dela e que ela era a ‘baixinha’ dele. Ela ficava irritada, mas adorava e achava engraçado. Ela cuidou dele todos os dias, até o último momento, nunca deixou ele na mão, e ele também cuidou dela até quando pôde. E a nossa família é assim, um cuidando do outro”, afirma Jéssica.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 08 de janeiro de 2025.