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incêndio no interior

Helicóptero reforça combate ao fogo

publicado: 19/09/2025 08h38, última modificação: 19/09/2025 08h38
Órgãos ambientais e Forças de Segurança prosseguem operação para extinguir chamas em São José do Bonfim
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Acauã é novo aliado no esforço dos bombeiros, que ocorre desde o dia 13 | Foto: Divulgação/Sedap-PB

por Emerson da Cunha*

Com ações de mitigação e extinção de incêndio, desde o último sábado (13), em uma área de cerca de 160 hectares da Serra do Cruzeiro, próxima ao Parque Nacional Serra de Teixeira, em São José do Bonfim, a equipe multissetorial que inclui a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), as polícias Civil (PCPB) e Militar da Paraíba (PMPB), o Corpo de Bombeiros (CBMPB), o Ministério Público (MPPB) e o Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio) utilizou, ontem, o helicóptero Acauã, da PMPB, para contribuir com as atividades. O veículo é capaz de transportar 400 l de água em cinco minutos — valor que se compararia ao trabalho de 20 bombeiros em uma hora. Além do helicóptero, o trabalho de contenção do fogo, executado por 70 bombeiros e nove policiais militares, deverá ser reforçado, a partir de hoje, com mais 37 agentes do CBMPB.

“Podemos dizer que o uso do Acauã evita que o incêndio tenha proporções mais significativas. A eficiência do helicóptero é muito grande”, disse o gerente-executivo de  Áreas Protegidas da Semas, Thiago Silva, explicando que, conforme seus protocolos de uso, o veículo aéreo só é adotado contra casos do tipo quando a força humana não é suficiente para combater as chamas. “Há os custos do sistema de logística, para levar o Acauã de João Pessoa ao interior, o consumo de combustível e o tempo de voo”, esclareceu Thiago, acrescentando que ainda não há certeza sobre a utilização do helicóptero nas próximas fases da operação, já que o plano de cada dia depende da avaliação sobre os esforços do dia anterior.

Além do Acauã, a empreitada dispõe de um caminhão capaz de comportar 12 mil l de água; sete caminhonetes; dois quadriciclos; dois drones de monitoramento; 39 mochilas costais e seis sopradores.

Entre os próximos passos, estão a intensificação dos combates e o monitoramento contínuo, por drones e via satélite, dos focos de calor. O agravo em relação à fauna e à flora locais vão desde as perdas de espécies vegetais e animais, passando pelo assoreamento e impactos sobre o solo e os cursos d’água, chegando à liberação de gases de efeito estufa e à perda de carbono estocado.

Obstáculos

Segundo Thiago Silva, há uma série de dificuldades no campo que inviabilizam o andamento mais célere das ações: o terreno é cheio de fragmentos de rocha, o que dificulta o acesso até o local do incêndio, além de tratar-se de uma floresta espinhosa, com uma quantidade enorme de arbustos. Há as dificuldades com os equipamentos, pois cada um dos bombeiros leva 20 l de água nas costas. Como os acessos à área são feitos por trilhas pequenas, de caminhadas, isso impede o transporte de caminhões de água para pontos mais próximos, ficando os veículos a 1 km ou 2 km de distância dos focos do incêndio, que os bombeiros precisam percorrer. A estiagem e as altas temperaturas também favorecem a propagação do fogo.

Investigação

A PCPB trabalha com a hipótese de incêndio criminoso, uma vez que, entre outras características, o fogo surgiu de focos muito distantes entre si. O inquérito deve pedir a autorização de quebras judiciais de dados que possam levar a quem estava na mata, no período do início do incêndio, na noite do último dia 12. Conforme testemunhos, há atividades de caça de animais na área — prática que, por si só, é criminosa —  e de coleta de abelhas, por exemplo. Além disso, o próprio fogo estaria sendo utilizado na prática de manejo do solo no local. Nos próximos 15 a 20 dias, conseguiremos identificar quem esteve na área”, disse o delegado Claudinor Lúcio.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 19 de setembro de 2025.