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explosão de bombas

JP e CG têm 41 casos de queimaduras

publicado: 26/06/2024 08h51, última modificação: 26/06/2024 08h51
Período junino é o que registra maior número de ocorrências, devido à tradição de fogueiras e fogos de artifício

por Samantha Pimentel*

Cirurgião plástico, Saulo Montenegro luta para tornar permanente campanha de prevenção | Foto: Leonardo Ariel
Cirurgião plástico, Saulo Montenegro luta para tornar permanente campanha de prevenção | Foto: Leonardo Ariel

O Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena, em João Pessoa, registrou 26 casos de queimaduras, entre os dias 21 a 24 deste mês — uma redução de 32%, em relação ao mesmo período do ano passado, quando houve 38 ocorrências do tipo. Acidentes envolvendo queimaduras ocorrem com mais frequência no período junino, devido ao manuseio de fogos de artifício, tradicionalmente utilizados nas comemorações e festejos de São João.

Os dados fazem referência aos atendimentos realizados entre a meia-noite de sexta-feira (21) e as 23h59 da segunda (24). O maior número de pacientes se queimou com fogos de artifício (7), sendo quatro desses, crianças. Os demais casos foram em razão de contato com objeto em alta temperatura (seis), por fogo (seis), por líquido em alta temperatura (seis) e outros (um).

Segundo o cirurgião plástico Saulo Montenegro, que trabalha na Unidade de Tratamento de Queimados (UTQ), do Trauma de João Pessoa, o caso mais grave foi de um paciente que precisou ser entubado. “O acidente aconteceu com um adolescente, que, com explosão e a inalação da fumaça quente, teve de ser entubado. Depois de sair do quadro agudo, ele foi extubado e está na enfermaria, para o tratamento das queimaduras, que ocorreram principalmente na face. Estimamos alta a partir de oito dias”, contou.

Outro caso foi o do filho adolescente de Jacilane Almeida, moradora do bairro Valentina. Ela precisou levar o rapaz ao hospital depois de ele se queimar com uma bomba de São João. “Ele disse: ‘Vou sair, mãe! Volto logo!’, aí só ouvi o grito dele, no meio da rua. Ele foi pegar a bomba, porque pensou que ela tinha falhado. Mas acabou estourando em cima dele, no rosto”, disse. De acordo com Jacilane, o seu filho deve ter alta ainda hoje. Ele terá de retornar ao hospital apenas para fazer os curativos.

Em Campina Grande

Na Unidade de Queimados do Hospital de Emergência e Trauma Dom Luiz Gonzaga Fernandes, em Campina Grande, foram atendidas 15 pessoas vítimas de queimaduras, da 0h do sábado (22) até as 23h59 da segunda-feira (24). As ocorrências foram causadas por fogos de artifício e líquidos quentes, com sete crianças, um adolescente e sete adultos entre as vítimas.

Diferentemente do que aconteceu em João Pessoa, em Campina Grande houve aumento dos casos de queimaduras. O crescimento foi de 50%, em relação a 2023 — no ano passado, foram registradas 10 ocorrências de acidentes do tipo, durante o período junino.

Recomendações

Os festejos de São Pedro acontecem na próxima semana, o que significa dizer que ainda podem acontecer acidentes com fogos de artifício. Por essa razão, Montenegro alerta para alguns cuidados. “É importante evitar fogos de artifício que não sejam de fabricantes conhecidos e não sigam as normas de segurança. Também é fundamental, além de dar atenção às fogueiras e aos fogos, ter cuidado com as crianças na área da cozinha, durante a preparação de comidas típicas”, orientou o cirurgião.

O médico também ressaltou que a mistura entre álcool e fogos de artifício pode ser muito perigosa. “As pessoas bebem e ficam com o discernimento e os reflexos prejudicados, na hora de acendê-los, o que pode causar acidentes graves”, disse.

Para sempre

Durante todo o mês de junho, o Hospital de Trauma de JP vem realizando uma campanha de prevenção às queimaduras, intitulada Marcas que Ficam Para Sempre. O objetivo é alertar e diminuir as ocorrências desse tipo de acidente nesta época — e, segundo o cirurgião, é um movimento que deveria ser contínuo, para alertar a população sobre esses riscos. “A gente sempre lutou para ser permanente. Em relação ao ano passado, houve uma pequena diminuição nos acidentes, mas, se a campanha for permanente, inclusive com ações nas escolas, essa redução pode ser maior”, defendeu Montenegro.

Em casos de queimaduras, ele reforça que as pessoas não devem usar, como “remédio”, substâncias como pasta de dente, manteiga ou café, popularmente indicadas. “O ideal é lavar o local com água corrente e procurar atendimento médico imediatamente”, aconselhou. Montenegro informou ainda que, neste período, o Hospital de Trauma de JP disponibiliza o Disk Queimados, pelo telefone 3216-5721. “Por esse número, o paciente pode receber as orientações da nossa equipe, ainda no local do acidente”, destacou.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 26 de junho de 2024.