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Justiça pede extradição do casal

publicado: 04/03/2024 09h29, última modificação: 04/03/2024 09h29
Antônio Neto e Fabrícia Farias foram presos em Belén de Escobar, Argentina. A ela foi concedida prisão domiciliar
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Segundo o delegado regional executivo da PF, Guilherme Torres, ainda não há informação sobre o ressarcimento das pessoas que foram enganadas | Foto: Edson Matos

por Alinne Simões

O delegado regional executivo da Polícia Federal da Paraíba, Guilherme Torres, confirmou, em entrevista coletiva realizada ontem em João Pessoa, a prisão de Antônio Inácio da Silva Neto e Fabrícia Farias, donos da Braiscompany. O casal foi preso em Belén de Escobar, na Argentina. Os próximos passos relativos à prisão dos empresários dependem dos trâmites da Justiça argentina, mas a PF confirmou que o juiz do caso já deu andamento ao pedido de extradição dos empresários.

Conforme a PF, o casal passará por uma audiência judicial, parecida com a audiência de custódia que vai deliberar sobre a situação jurídica dos dois. E só em seguida será pedida a extradição deles. A gente já tem informação de que o juiz federal do caso já está pedindo essa extradição. Isso vai para o órgão central aqui no Brasil, que é o DRCI, lá em Brasília. Do DRCI ele vai para a Argentina. Tem todo um trâmite”.

O provável é que o processo de extradição siga os mesmos trâmites e prazos da extradição de Victor Hugo Learth, ex-funcionário da Braiscompany, e considerado o braço direito de Antônio Neto, que foi preso em junho do ano passado, quando tentava atravessar a fronteira, próximo à cidade de Foz do Iguaçu, no Paraná.

“Podemos lembrar que já tivemos uma extradição nesse processo, a do Victor Hugo, que hoje está preso em Campina Grande. No caso do Victor Hugo, demorou cerca de três meses para completar a extradição dele. Então, a gente trabalha com essa previsão”, explica Guilherme, que não sabe ainda se ao voltar para o Brasil, o casal também seguirá para o presídio em Campina Grande. “A gente não sabe, não depende da gente para onde eles serão encaminhados”.

A Polícia Federal está trabalhando com cautela em relação à prisão dos empresários, por isso, alguns detalhes ainda estão sendo preservados e não puderam ser repassados durante a coletiva.

Segundo informações publicadas pelo El Clarín, jornal da Argentina, o casal passou a noite de quinta-feira em uma delegacia da Polícia Federal, acompanhado por uma assistente social. Na manhã de ontem, Fabrícia Farias foi colocada em prisão domiciliar, após decisão do juiz federal argentino, Sebastián Ramos.

 

Crianças

De acordo com o delegado, ainda não se sabe o destino dos dois filhos do casal, que estavam morando com eles na Argentina. “A gente não sabe informar a situação das crianças, também não sabemos se há algum parente lá no local, mas isso será definido pela autoridade judiciária da Argentina. Por isso que vai ter essa audiência judicial para definir,”, declarou.

 

Ressarcimento

Também não se sabe como as pessoas que foram enganadas pelo casal serão ressarcidas. Entre os clientes enganados há políticos, empresários, figuras públicas, comunicadores, influenciadores, famosos, cantores e, principalmente, moradores de Campina Grande. O processo referente ao ressarcimento não acontecerá na vara penal, mas na cível, da cidade de Campina Grande.

“O ressarcimento, até onde a gente sabe, vai ser tratado nesse ponto. Mas, analisando outros casos, quando você tem a prisão, é possível obter mais informações para a gente obter bens e possibilitar o ressarcimento das vítimas. É importante lembrar que o trabalho de investigação foi muito bem feito aqui pela equipe da Polícia Federal e recuperou, à época, cerca de R$ 80 milhões”, ressaltou o delegado da PF.

 

Prisão

Segundo o delegado Guilherme Torres, o casal foi preso em Belén de Escobar, na Argentina, próximo à cidade de Tigre, na Grande Buenos Aires, em razão de uma difusão vermelha da Interpol que havia sido solicitada pela Polícia Federal e foi deferida pela 4ª Vara Federal de Campina Grande.

“Ainda não temos todos os detalhes, mas eles foram presos na chegada do Antônio, num condomínio de luxo. A gente só confirmou a prisão de ambos no final do dia de ontem (quinta-feira), porque a diligência estava sendo levada a cabo pela Polícia Federal da Argentina, que é o escritório da Interpol local, e a gente só poderia divulgar com a autorização deles”, declarou Guilherme.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 02 de março de 2024.