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Líderes do grupo são alvo de ações

publicado: 06/11/2025 09h00, última modificação: 06/11/2025 09h00
Duas grandes forças-tarefas cumpriram ordens de detenção contra integrantes da facção, dentro e fora do estado
2025.11.05 Coletiva de imprensa sobre as operações Leviatã e Libertas © Julio Cezar Peres (1).JPG

Autoridades da Polícia Civil da Paraíba concederam entrevista coletiva, ainda ontem (05) | Foto: Julio Cezar Peres

por Maria Beatriz Oliveira*

A Polícia Civil do estado (PCPB) deflagrou, ontem (05), duas grandes ações integradas, para cumprir 33 mandados de prisão e 41 de busca e apreensão, com o objetivo de desarticular a facção criminosa paraibana conhecida como Nova Okaida. As operações Leviatã e Libertas resultaram de investigações conduzidas ao longo de mais de quatro meses, em parceria com autoridades do Rio Grande do Norte.

As forças-tarefas foram executadas simultaneamente em oito municípios da Paraíba — Campina Grande, Picuí, Algodão de Jandaíra, Pedra Lavrada, Cuité, Baraúna, Nova Palmeira e São Vicente do Seridó —, assim como em localidades do Rio Grande do Norte e do Rio de Janeiro.

Das 33 ordens judiciais de detenção, 29 haviam sido efetivadas, até o fechamento desta edição. Segundo a PCPB, a maioria delas refere-se ao crime de organização criminosa. Entre os investigados, 12, incluindo algumas de suas principais lideranças, já se encontravam reclusos no sistema prisional do estado, mas permaneciam exercendo influência dentro do grupo-alvo.

“Ressaltamos a prisão de dois líderes da facção: um deles é o presidente da organização em Campina Grande e no Sertão paraibano, e o outro é chefe da facção no Curimataú. O indivíduo de Campina já estava preso no Complexo Penitenciário do Serrotão, mas continuava comandando o grupo de dentro do presídio, utilizando celular para ordenar crimes e até determinando práticas de tortura contra outros detentos — o que eles chamam de ‘disciplina’”, relatou o delegado Paulo Ênio, superintendente regional da Polícia Civil em Campina Grande, durante uma coletiva de imprensa realizada na cidade para detalhar as atividades de ontem. “Consideramos as operações bem-sucedidas, especialmente, por termos alcançado os principais líderes, além de não termos registrado nenhum confronto durante as ações”, destacou o delegado.

De acordo com Paulo Ênio, as empreitadas também representaram um “golpe financeiro nos criminosos”, graças a uma série de apreensões executadas em meio às diligências. “Vale destacar que também houve o sequestro de bens e de valores. Apreendemos uma caminhonete, avaliada entre R$ 150 mil e R$ 200 mil, além de drogas — maconha e cocaína —, totalizando cerca de 2 kg, bem como dinheiro em espécie e balanças de precisão”, revelou.

Outros investigados

Entre os alvos, estavam ainda dois homens localizados no Rio Grande do Norte e acusados de comercializar armas de fogo para a Nova Okaida, incluindo uma submetralhadora calibre 9 mm, produzida em impressora 3D, que havia sido apreendida em março, no município de Nova Floresta, no Curimataú paraibano.

Também chama atenção que um dos investigados é um ex-guarda municipal, condenado por roubo a banco em 2022. Mesmo após a condenação, ele chegou a ser recontratado, neste ano, para o mesmo cargo, sob o regime de “excepcional interesse público”, recebendo mais de R$ 10 mil em remuneração. Não foi divulgada a cidade onde o homem atua e se ele está entre os presos de ontem.

As operações mobilizaram equipes da Unidade de Inteligência Policial (Unintelpol) da PCPB, além da Delegacia de Roubos e Furtos (DRF) de Campina Grande, das Delegacias de Picuí e de Esperança e do Grupo Tático Especial (GTE) da 23ª Delegacia Seccional de Polícia Civil (DSPC), entre outras unidades.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 6 de novembro de 2025.