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Paraibanos protestam contra as reformas trabalhista e da Previdência

publicado: 16/03/2017 00h05, última modificação: 16/03/2017 07h27
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A manifestação realizada na capital reuniu cerca de três mil pessoas - Foto: Marcos Russo

tags: reforma da previdência , reforma trabalhista , governo temer , manifestação , joão pessoa


Rachel Almeida - Especial para A União

Contra a Reforma da Previdência e Trabalhista, cerca de três mil pessoas realizaram uma manifestação, na tarde de ontem, em João Pessoa. Integrantes de centrais sindicais, partidos políticos e movimentos sociais caminharam ao som de gritos de ordem em contraposição ao governo Temer, da Avenida Getúlio Vargas, com o início da concentração no prédio da Dataprev, até a Rua Elizeu Cesar, no prédio da Previdência Social, onde o ato foi finalizado.

Seguindo um carro de som, os manifestantes levavam cartazes com frases negativas ao golpe, privatização dos correios e previdência social, além de entregar panfletos explicativos à população sobre a Reforma da Previdência, protocolada na Câmara dos Deputados como PEC 287 em dezembro de 2016. De acordo com Fernando Cunha, diretor de política sindical da Associação dos Docentes da Universidade Federal da Paraíba (ADUFPB), nos dias 30 de março e 1º de maio ocorrerão outras manifestações na Capital em defesa dos trabalhadores no Brasil e contras as reformas.

Devido a PEC 287, direitos garantidos constitucionalmente serão retirados, o tempo de contribuição do trabalhador para ter o direito da aposentadoria será ampliado para 49 anos, segundo o diretor da ADUFPB. Ele disse que a Reforma da Previdência é a pior alteração na constituição brasileira nos últimos 50 anos e é considerada um grande ataque à classe trabalhadora. “O trabalhador vai ter que trabalhar e contribuir mais tempo. Então, imagine a pessoa contribuir a vida inteira com o percentual do salário dele e depois de 49 anos receber metade desse percentual que ele trabalhou todo esse tempo”, lamentou Fernando. Ele comentou que a reforma acaba com o direito de receber a pensão e a aposentadoria, obrigando o trabalhador a escolher um dos dois, e, caso opte pela pensão, receberá apenas metade do valor do (a) companheiro (a).

Com relação à Reforma Trabalhista, Fernando mencionou que serão retiradas a proteção das leis trabalhistas, o direito de ter férias consolidadas, a possibilidade de negociação clara entre trabalhador e patrão e a garantia do trabalhador de receber um salário mínimo, exemplificando que isso já ocorre em algumas empresas de Telemarketing. “Em nenhum lugar do mundo isso foi experimentado. Sabemos que na relação entre patrão e trabalhador, o primeiro tem mais força, por isso observamos que essa reforma destrói as proteções de direitos sociais no Brasil. Então é uma coisa que a gente não aceita, e vamos brigar até as ultimas consequências”, afirmou.

Para o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Gilberto Paulino, a Reforma da Previdência e Trabalhista não são reformas, mas sim um meio dos políticos tirarem os direitos da classe trabalhadora. Ele disse que as categorias de trabalhadores não são a favor sequer de uma emenda das reformas, pois deveriam melhorar a situação, mas nesse caso elas só pioram e tiram os direitos da classe trabalhadora.

Segundo Paulino, um fator que coopera para que muitas pessoas sejam a favor das emendas da Reforma é a falta de conhecimento. “A população precisa se conscientizar e entender melhor as reformas. Infelizmente não temos um meio de comunicação a nosso favor, como a Rede Globo, por exemplo. Na verdade, essa grande emissora manipula a população do país e se mostra a favor das reformas, alegando inclusive ser uma coisa boa e que existe um déficit na Previdência, quando na verdade temos um superávit, mas o dinheiro é utilizado para outros fins”, lamentou.

O diretor financeiro do Sindicato dos Trabalhadores de Água e Esgoto da Paraíba (Sindágua), Domingos Sávio, disse que o Congresso não representa o povo e que não foi eleito para fazer reformas que prejudicassem os trabalhadores e tirar direitos conquistados ao longo de muitos anos.

Como jovem, a estudante de Educação Física da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Carolina da Silva, afirmou que se sente perdida com relação ao futuro, pois por ser uma aluna em licenciatura e ter se deparado com a criação de leis em que a Educação Física não está mais inserida no ensino médio, além da atual Reforma da Previdência, fica a dúvida de como será para sobreviver. “Acho que esse movimento unificado esclarece a população que não tem muita consciência do que está acontecendo. E se a gente consegue atingir o maior número de pessoas esclarecidas, é como diz o ditado “a união faz a força”, e dessa forma conseguiremos bater no Congresso”, finalizou.

Também marcaram presença no ato público a Frente Brasil Popular, Central Sindical e Popular (CSP), Partido Comunista Revolucionário (PCR), Sindicato dos Trabalhadores em Serviço Público Federal no Estado da Paraíba (SintSerf) e Sindicato dos Trabalhadores da Limpeza Urbana da Paraíba (SindLimp).