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Médico não comparece à delegacia

publicado: 09/08/2024 08h37, última modificação: 09/08/2024 08h37
Segundo advogados, Fernando Cunha Lima passou mal na madrugada e foi levado para o Hospital da Unimed
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Fernando Cunha Lima, 80 anos, está sendo acusado de praticar abusos sexuais contra crianças | Foto: Marcos Russo/Arquivo A União
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Imagem: Reprodução
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por Cardoso Filho*

Um problema de arritmia, dor no peito e mal-estar. Essas foram as alegações dos advogados para justificar a ausência do médico pediatra Fernando Paredes Cunha Lima à Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Infância e a Juventude para não prestar depoimento. Ele seria ouvido pela delegada Isabela Emanuela sobre as acusações de abuso sexual contra crianças, sendo uma delas de nove anos.

Passava das 10h quando advogados do pediatra estiveram na delegacia para informar que Fernando Cunha Lima foi socorrido às pressas para o Hospital da Unimed, em João Pessoa, pois teria passado mal durante a madrugada, sendo necessária sua internação. Lucas Mendes Ferreira e Igor de Lucena Mascarenhas, que defendem o profissional da Medicina, emitiram uma nota afirmando que as denúncias são infundadas e que o pediatra vai esclarecer logo que tiver condições de prestar depoimento.

O médico pediatra Fernando Paredes Cunha Lima, 80 anos, está sendo apontado como autor de abuso sexual contra uma criança de nove anos, do sexo feminino, no dia 25 do mês passado, dentro de seu consultório, durante consulta médica. A mãe da menina afirmou, ao prestar queixa na Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Infância e a Juventude, que flagrou o momento em que ele teria tocado as partes íntimas da filha.

Na ocasião, ela estava com outra filha e resolveu retirar, imediatamente, as crianças do local e se dirigir à delegacia especializada no atendimento ao menor vítima. Mesmo tendo sido registrado momentos depois do flagrante, o caso só veio a público na quarta-feira (7).

Com a revelação do caso, outras mulheres também resolveram denunciar que teriam sido vítimas de Fernando Cunha Lima. Entre as vítimas, estão duas sobrinhas dele, que revelaram o que passaram na residência do pediatra. As sobrinhas sofreram os abusos, segundo denunciaram, quando ainda eram menores de idade e hoje estão com mais de 40 anos.

Providências

Ontem, a Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), do qual Fernando Cunha Lima era diretor, divulgou uma nota informando o afastamento do pediatra de suas funções como membro da diretoria da instituição.

Na nota, a associação afirma que a decisão foi tomada por unanimidade numa reunião extraordinária entre a diretoria executiva e o conselho de administração, realizada na tarde de quarta-feira (7). A Apae é uma instituição que atende pessoas com deficiência intelectual e múltipla e suas famílias.

Ainda de acordo com a Apae, o médico pediatra não atuava como médico no local desde 2022 e, enquanto profissional voluntário, realizava consultas exclusivamente na presença de familiares e membros especializados da equipe multiprofissional.

Já o Conselho Regional de Medicina (CRM-PB) informou que já abriu uma sindicância para apurar o caso. O presidente da entidade representativa dos médicos, Bruno Leandro, disse que será verificado o que consta no teor da denúncia, solicita do denunciado que faça suas alegações iniciais e, a partir daí, tudo será analisado por conselho disciplinar, que decide, por meio de um julgamento, se merece arquivamento ou transformar num processo ético profissional. “Temos um prazo de 30 dias para essa conclusão”, disse Bruno.

Enquanto isso, a delegada Isabela Emanuela solicitou dos advogados de Fernando Cunha Lima um documento que comprove a internação para poder marcar a nova data para ouvir o pediatra. Ela já ouviu vítimas, familiares e testemunhas sobre o caso, que está em segredo de Justiça.

O delegado Cristiano Santana, superintendente da 1ª Região de Polícia Civil, disse que o inquérito está instaurado com vários depoimentos, exames realizados, e que está seguindo seu trâmite normal. A delegada tem 30 dias para concluir o inquérito, podendo ter prorrogação.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 09 de agosto de 2024.