- Polícia Civil monta novo inquérito contra o pediatra, que já é alvo de 10 denúncias | Foto: Reprodução/TV Câmara
Após a 10a denúncia de abuso sexual contra o pediatra Fernando Cunha Lima, o médico voltou à Delegacia de Crimes Contra a Infância e Juventude da Paraíba, ontem, para prestar novo depoimento. Na saída, ao ser questionado pelos profissionais da imprensa, ele negou a prática dos crimes e sugeriu que o motivo das denúncias poderia ser financeiro. “Em verdade, eu não sei. Talvez estejam atrás de dinheiro”, alegou.
O segundo depoimento do médico integrará um novo inquérito instaurado pela Polícia Civil, assim como as novas quatro denúncias protocoladas contra ele. “Em posse dessas novas denúncias, a Polícia Civil instaurou um novo inquérito, que está sendo finalizado para que novas informações sejam divulgadas”, explicou o delegado Cristiano Santana, da Polícia Civil.
O advogado das vítimas, Bruno Girão, acredita que as novas denúncias serão importantes para fortalecer o processo e para convencer a Justiça da prática dos crimes do médico. “Esperamos que, com base em todos os depoimentos já realizados, a Justiça possa, enfim, decretar a prisão dele, assim como fez em outros casos semelhantes no estado”, defendeu.
A denúncia mais recente foi feita na última quarta-feira (4), pela mãe de um menino de três anos, trazendo ao caso uma nova conotação em relação aos alvos dos abusos supostamente praticados pelo pediatra, já que todas as outras denúncias se referiram a menores do sexo feminino. O padrão adotado pelo médico, entretanto, foi o mesmo, de acordo com o depoimento da mãe: no consultório. Na denúncia, ela lembrou ter achado estranho que, durante as consultas, Fernando tocava nas partes íntimas de seu filho, mesmo quando não havia queixas relacionadas aos órgãos genitais.
Pedido de prisão é negado
O Ministério Público da Paraíba (MPPB) chegou a pedir à Justiça a prisão preventiva de Fernando Cunha Lima, mas o juiz José Guedes, da 4a Vara Criminal de João Pessoa, negou a solicitação. Ele também negou o pedido de busca e apreensão de documentos e equipamentos eletrônicos do médico. O magistrado apenas determinou o bloqueio dos bens e o afastamento do pediatra de suas funções médicas. O Ministério Público, porém, recorreu da decisão. No início da semana, familiares das vítimas chegaram, inclusive, a se reunir, em frente ao Fórum Criminal, em João Pessoa, em protesto à decisão do magistrado.
O advogado de defesa do investigado, Aécio Farias, entretanto, acredita que a Justiça manterá a liberdade dele. “Estamos esperando que a Justiça mantenha a liberdade dele, já que não há provas, concretas, da prática do crime, a qual ele nega, veementemente. O que temos, hoje, são indícios, mas nenhuma prova até o momento”, argumentou.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 07 de setembro de 2024.
