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João Pessoa

Mercado Central aguarda reforma

publicado: 02/09/2025 08h43, última modificação: 02/09/2025 09h21
Estrutura precária, falta de estacionamento e alagamentos afetam vendas; Sedurb anuncia projeto de R$ 34,8 milhões
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Comerciantes reclamam do aspecto de alguns lugares, marcados pela falta de saneamento, sujeira e má iluminação, problemas intensificados nos períodos chuvosos | Fotos: Leonardo Ariel
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Proposta para o espaço conta com praça de alimentação | Arte: Divulgação/Seinfra-JP
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por Samantha Pimentel*

Quem circula pelo Mercado Central de João Pessoa depara-se com problemas na estrutura do espaço. Comerciantes relatam condições precárias em algumas áreas, como sujeira, infiltrações, falta de drenagem para a água da chuva, ausência de ligações elétricas, entre outras dificuldades.

O local é administrado pela Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedurb-JP), que informou estar em andamento uma licitação para reforma e ampliação do Mercado. O valor previsto para as obras é de R$ 34,8 milhões, mas ainda não há prazo definido para a conclusão do processo licitatório e o início dos trabalhos.

O comerciante Daniel Henrique da Silva, que atua no Mercado Central há mais de 35 anos, relata que o espaço passou por apenas uma reforma nesse período, restrita a parte da estrutura. Segundo ele, essa intervenção ocorreu há cerca de 20 anos, quando foram construídos os galpões, mas desde então não houve manutenção. “De lá para cá, não passaram nem uma mão de tinta aqui. O que foi feito já acabou quase tudo”, lamenta. 

Além da falta de conservação, o comerciante aponta, como um dos principais problemas do local, a ausência de estacionamento, o que dificulta o acesso dos clientes e impacta diretamente nas vendas. Ele chama atenção, ainda, para o fato de que os problemas estruturais do Mercado Central intensificam-se em dias de chuva. Segundo Daniel, quando chove muito, “a parte de baixo vira um rio, a água desce e alaga tudo”, relata.

A situação elétrica, sobretudo nesses dias, também preocupa. Ele explica que uma forte chuva derrubou os medidores da área destinada à venda de frutas, deixando os comerciantes sem energia. “Tivemos que puxar fiação de outros lugares para não ficarmos no escuro. Nunca vieram refazer”, afirma.

Daniel pontua que os pontos comerciais localizados próximos à entrada principal, na Avenida Dom Pedro II, recebem maior fluxo de clientes, enquanto outras áreas ficam prejudicadas. Para ele, falta uma melhor distribuição dos espaços. “Existem pessoas que já tem box e ocupa espaço lá também. Não há organização”.

Por fim, o vendedor destaca a necessidade urgente de melhorias. “Espero que essa reforma saia mesmo e que façam uma área de estacionamento”, conclui.

Outro comerciante do Mercado Central, Walter Damião de Souza, que trabalha há 14 anos com a venda de plantas, vasos e artesanatos, relata que em sua área não há tantos problemas estruturais, mas ressalta a precariedade em setores específicos. Segundo ele, as dificuldades concentram-se na parte de trás, no cruzamento das Avenidas Princesa Isabel e Marechal Almeida Barreto.

“Falta saneamento, quando chove, alaga tudo; falta iluminação. Na parte onde ficam os galpões de peixe, falta educação das pessoas em relação ao lixo. Eles descartam de qualquer jeito, e fica um mau cheiro horrível”, afirma.

Walter defende que, além das melhorias físicas, é fundamental investir em capacitação dos comerciantes, para aprimorar o atendimento ao público e garantir boas práticas de organização e higiene. Ele também aponta falhas na gestão do espaço. “A administração está sempre mudando. Várias pessoas já passaram por aqui, mas sinto falta de alguém que escute mais os comerciantes. Hoje, só procuram a gente quando há algum problema mais grave, não existe esse contato direto no dia a dia”, lamenta.

A comerciante Hudes Cristina Soares da Silva, que há 11 anos vende tapioca e lanches no mercado, reforça que o espaço não recebe reformas há muito tempo. “Desde que cheguei escuto dizer que vai reformar, que vão fazer, mas até agora nada. Sentimos muita falta de um estacionamento, os clientes reclamam muito disso. Quando chove, fica tudo cheio d’água, os banheiros precisam de melhorias, e seria importante organizar as barracas, padronizar, colocar mais iluminação”, avalia.

Em relação à segurança, Hudes considera que a situação está controlada. “Hoje, eu me sinto tranquila com o meu box, faz muito tempo que não ouvimos relatos de assaltos por aqui”, acrescenta.

Licitação

No Portal da Transparência da Prefeitura Municipal de João Pessoa é possível consultar as informações sobre a licitação para contratação de empresa especializada em engenharia, que será a responsável pela execução das obras do Mercado Central, sob a gestão da Secretaria de Infraestrutura (Seinfra-JP).

Proposta para o espaço conta com praça de alimentação | Arte: Divulgação/Seinfra-JP

A data de publicação do edital é de setembro de 2024, e o projeto envolve a estruturação do espaço, com área de alimentação; galpões setorizados para o comércio de verduras, carnes, cereais, frutas e roupas; cozinha-escola; prédio administrativo; central de monitoramento; alamedas com espaços verdes e estacionamento. O planejamento inclui, também, a captação e geração de energia solar, além de ligações elétricas, de água, esgoto e drenagem.

Segundo a Sedurb-JP, ao todo são 13 mercados da capital com obras entregues, em andamento ou em licitação. Um investimento de mais de R$ 90 milhões. De acordo com o prefeito Cícero Lucena, todos os mercados públicos de João Pessoa serão requalificados e alguns transformados, também, em espaços de convivência, com praças de alimentação, áreas de lazer e práticas culturais.

O secretário de Desenvolvimento Urbano, Marmuthe Cavalcanti, destacou que a gestão municipal mantém atenção especial aos mercados públicos e reforçou que há ações de manutenção frequentes. Segundo ele, esses espaços recebem limpeza semanal. “Além disso, os comerciantes também têm o compromisso de zelar pelo local onde trabalham, garantindo boas condições de atendimento ao público”, afirmou.

Prédios históricos

O Mercado Central de João Pessoa foi construído de 1943 a 1948 e é formado por um conjunto de cinco edifícios. Localizado próximo a um dos principais cartões-postais da cidade, a Lagoa do Parque Solon de Lucena, o espaço tem relevância histórica, cultural e econômica.

De acordo com os documentos licitatórios, as obras previstas deverão preservar a construção original, respeitando as características arquitetônicas e a importância simbólica do mercado, o que exige cuidados especiais no planejamento das intervenções.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 2 de setembro de 2025.