Um novo sítio arqueológico foi localizado nesse domingo (30) pela equipe do Laboratório de Arqueologia e Paleontologia (Labap), da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), no município de Cachoeira dos Índios, Sertão da Paraíba, com a ajuda da população. A novidade é que se trata de um possível sítio tupi no Sertão, região que, pelos levantamentos anteriores, seria área de domínio dos antigos cariris. O achado reforça a hipótese da presença desse grupo humano também no interior da Paraíba, onde já foram descobertos 18 sítios tupis.
Situado na zona rural da cidade, a cerca de sete quilômetro do Centro, o sítio abriga objetos de cerâmica que, provavelmente, pertenceram ao povo tupi, e que estão ali há cerca de 600 anos, tempo que só será comprovado após o processo de datação, conforme o arqueólogo e paleontólogo Juvandi de Souza, coordenador do Labap. Só será confirmado se é realmente um sítio tupi quando forem realizadas análises comparativas da cerâmica. Algumas são feitas no Labap.
O Laboratório está desenvolvendo um grande projeto de pesquisa sobre a presença tupi nos sertões da Paraíba e este novo sítio reforça que esse povo esteve no Sertão antes dos europeus chegarem por aqui. “Até pouco tempo, acreditava-se que os tupis só tinham habitado o Litoral e áreas próximas. Agora sabemos que não. Estamos reescrevendo a história da ocupação indígena da Paraíba, introduzindo os tupis também no interior”, explicou.
Após a localização do sítio, o coordenador do Labap/UEPB vai informar sobre o achado ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e pedir autorização para trabalhar no local. Ele também vai buscar apoio da prefeitura da cidade para escavar a área e desenvolver atividades de educação patrimonial.
“Com essas descobertas, cada vez mais a Paraíba se consolida como um grande berço histórico, arqueológico e paleontológico. Este é um dos 18 sítios tupis localizados no interior. Antes, imaginava-se que esta era uma área apenas dos tapuias cariris e tarairius. Agora temos, em definitivo, a presença dos aguerridos tupis, também chamados de ‘os romanos do Brasil’, porque se espalharam por quase todo o território do atual Brasil”, afirmou o arqueólogo Juvandi de Souza.
Quem mora nas regiões onde, normalmente, são encontrados sítios arqueológicos ou paleontológicos e anda por esses locais, pode reconhecer um sítio. “No caso de um sítio aldeamento, geralmente tem bastante fragmento de cerâmica e materiais líticos (pedras) aflorando à superfície. Fica fácil identificar”. Porém, uma orientação é não tocar nas peças para evitar retirar os materiais arqueológicos do contexto. Em seguida, acionar o Iphan ou o Labap/UEPB.
*Matéria publicada na edição impressa de 02 de maio de 2023.