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vale dos dinossauros

Novo status reforça preservação

publicado: 14/10/2025 08h36, última modificação: 14/10/2025 08h36
Declarado Patrimônio Material do estado, sítio ganhará maior proteção; turismo também deve ser favorecido
Vale dos Dinossauros em Sousa - foto Sudema (3).jpeg

Situada em Sousa, no Sertão, Unidade de Conservação mantém um dos acervos mais ricos de pegadas fossilizadas do Brasil, com relevância científica reconhecida pela Unesco | Fotos: Divulgação/Sudema

por Priscila Perez*

Símbolo da história natural e do potencial turístico do Sertão paraibano, o Vale dos Dinossauros, em Sousa, com suas pegadas fossilizadas e relíquias que atravessam milhões de anos, foi oficialmente declarado Patrimônio Material da Paraíba. Publicada no dia 8 de outubro, no Diário Oficial do Estado (DOE-PB), a lei reconhece o valor histórico, científico e cultural da área e amplia a proteção do sítio paleontológico administrado pela Superintendência de Administração do Meio Ambiente (Sudema).

Mais do que um selo de reconhecimento, a novidade representa um importante passo para impulsionar o desenvolvimento da região e projetar o estado como polo de turismo sustentável. Esse potencial é sublinhado pela secretária de Estado do Turismo e Desenvolvimento Econômico da Paraíba (Setde), Rosália Lucas, que enxerga na medida um marco não apenas para o município de Sousa, mas para toda a Paraíba. Com a consolidação do Vale dos Dinossauros como um bem de relevância cultural, ele ganha ainda mais proteção e visibilidade. “Isso amplia as possibilidades de captação de recursos e parcerias, fortalece a governança local, e coloca o município em evidência como um dos principais destinos de turismo científico e de natureza do Nordeste”, destaca Rosália. Segundo ela, os impactos também são bastante práticos na região, já que, a partir desse reconhecimento, ampliam-se as oportunidades de geração de emprego e renda, expandindo a rede de turismo local. 

Com mais de meio século de descobertas e reconhecimento internacional — a própria Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) atesta sua relevância científica —, o Vale dos Dinossauros guarda um dos mais ricos registros de pegadas fossilizadas do país. São evidências de animais pré-históricos que habitaram a Bacia do Rio do Peixe há, aproximadamente, 80 milhões de anos. Espalhadas por trilhas e formações rochosas, as marcas ajudam a contar parte da história do planeta, compondo um dos maiores acervos a céu aberto do tipo no Brasil.

Foco de investimentos nos últimos anos, espaço terá mais um museu

Com o reconhecimento do Governo do Estado, o Vale entra em uma nova fase. O título não apenas reforça o trabalho que já vem sendo feito na região, como também amplia as possibilidades de investimento por lá. A própria lei estabelece que o Estado deve adotar medidas voltadas à preservação, à valorização, à promoção e à divulgação do patrimônio, assegurando sua proteção e o incentivo a ações educativas. Para o superintendente da Sudema, Marcelo Cavalcanti, o que já era bom pode ficar ainda melhor, já que, ao tornar-se Patrimônio Material, o equipamento passa a contar com proteção legal reforçada. “Esse reconhecimento é importante por ampliar a atenção social e a sensação de responsabilidade coletiva em torno de sua preservação — que, mais do que nunca, torna-se um bem da Paraíba e do povo paraibano”, destacou.

Local passou por recentes melhorias estruturais, incluindo reformas e restaurações | Foto: Divulgação/Sudema

Do ponto de vista ambiental, isso significa garantir não apenas a conservação do sítio, mas também o equilíbrio entre o fluxo de visitantes e a sua preservação. Algo que, segundo Marcelo, vem sendo trabalhado há mais de duas décadas, desde que o espaço foi transformado em Unidade de Conservação Estadual de Proteção Integral. O superintendente da Sudema explicou que o plano de manejo da área, publicado em abril de 2021, é um instrumento fundamental nesse processo, uma vez que garante a definição das regras de zoneamento e de uso dos recursos naturais. “Esse plano é essencial para garantir o equilíbrio entre turismo e preservação, meta que temos buscado em todas as 14 Unidades de Conservação do estado”, detalhou.

Fósseis originais

Nos últimos anos, o espaço passou por importantes melhorias estruturais, incluindo a reforma de pontes e passarelas que dão acesso às pegadas, além da reestruturação do museu, que ganhou nova fachada, réplicas restauradas e tecnologias interativas, como impressões em 3D e recursos de realidade aumentada. O acervo também passou a expor fósseis originais — entre eles o do Sousa Titan, uma das espécies mais emblemáticas encontradas na região.

A iniciativa que mais chama atenção, entre os atuais investimentos citados pelo representante da Sudema, é a criação de um novo museu, cujo projeto arquitetônico já está pronto. O empreendimento é resultado de uma parceria entre a Sudema e a Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Secties), com a colaboração de museólogos e paleontólogos que estão definindo o conteúdo das futuras exposições. A proposta é fortalecer a dimensão científica e educativa do espaço, transformando o Vale dos Dinossauros em um centro de referência em pesquisa e turismo.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 14 de Outubro de 2025.