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Saúde infantil

Número de leitos será ampliado

publicado: 03/06/2025 08h29, última modificação: 03/06/2025 08h57
Atendimentos pediátricos motivados por síndromes respiratórias aumentaram 63,5% de fevereiro a abril
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O local de referência para casos de SRAG, em João Pessoa, é o Hospital Infantil Arlinda Marques. A maioria de casos registrados na instituição, até o mês de junho, foi de doenças respiratórias | Foto: SES/João Pedro

por Redação*

Diante dos casos de atendimentos a crianças por síndromes respiratórias agudas graves (SRAG), o Governo da Paraíba instalará mais 116 leitos pediátricos em hospitais do estado. A medida, que integra um conjunto de ações emergenciais e preventivas da Secretaria de Estado da Saúde (SES), inclui Unidade de Terapia Intensivas (UTIs), enfermarias e leitos semi-intensivos. Atualmente, são 354 leitos, os novos serão implementados de forma gradativa, totalizando 470.

Até o fim de maio, foram registrados 1.807 casos de SRAG no estado, número inferior ao do mesmo período de 2024, quando houve 2.051 notificações. Apesar da queda nos dados gerais, que engloba crianças e idosos, houve um aumento de 63,5% nos atendimentos pediátricos de fevereiro a abril, com destaque para os municípios de João Pessoa, Campina Grande, Sousa e Queimadas.

Na capital, a instituição de referência para o atendimento de casos graves de SRAG é o Hospital Infantil Arlinda Marques, localizado em Jaguaribe. Para casos mais simples, o atendimento pode ser feito por meio da Atenção Primária à Saúde, para a qual a porta de entrada é pelas Unidades Básicas de Saúde (UBSs).

Durante os primeiros quatro meses de 2025, o Hospital Arlinda Marques registrou um volume significativo de atendimentos, com destaque para os casos relacionados a doenças respiratórias. Em janeiro, foram realizados 1.865 atendimentos, dos quais 718 foram casos respiratórios, representando 38,5% do total. No mês de fevereiro, o número total de atendimentos foi de 1.882, com 746 casos respiratórios, o que corresponde a 39,6%. Em março, o hospital observou um aumento expressivo na demanda, com 3.189 atendimentos. Desses, 1.246 foram relacionados a problemas respiratórios, o que significa 39,0% do total. Em abril, a tendência de alta nos atendimentos respiratórios acentuou-se. Dos 3.143 atendimentos realizados, 1.639 foram por causas respiratórias, o que equivale a 52,1%. De sexta-feira (30) até domingo (1°) houve 501 atendimentos. Desse total, 33 foram por motivo de tosse, 12 em função de infecção aguda das vias áreas superiores, 14 pacientes com  dificuldade respiratória e 17 com resfriado comum.

De acordo com a médica pediatra e coordenadora do Pronto Atendimento do Complexo Pediátrico Arlinda Marques, Thaís Ferreira, para prevenir quadros respiratórios, é preciso evitar aglomerações e contato de crianças com pessoas que apresentem sintomas, realizar higiene adequada das mãos e, sobretudo, manter o calendário vacinal em dia. Além disso, a médica explica que o aumento dos casos de gripe está relacionado à época do ano. Ela lembra que, durante o outono, que vai de março até 20 de junho, e também no início do inverno, que começa imediatamente após o fim do outono e vai até 22 de setembro, as variações de temperatura e a baixa umidade do ar favorecem a circulação de vírus respiratórios, o que contribui para o aumento das infecções.

Quanto aos sintomas que indicam que a criança precisa ser levada ao hospital, a médica chama atenção para sinais de alarme, como cansaço, esforço para respirar, dor no tórax, febre alta persistente (acima de 39°C que não baixa com antitérmico), e a falta de apetite.

Medidas da SES

Além da ampliação da estrutura hospitalar, a SES reforçou escalas de profissionais, ativou a sala de situação da pediatria, distribuiu insumos e medicamentos às unidades de saúde e intensificou o uso da Rede Cuidar com teleinterconsultas em tempo real. O plano estadual inclui ainda protocolos clínicos atualizados, capacitação profissional, ações integradas de testagem, vigilância e regulação.

Entre as iniciativas está a implantação do Protocolo Estadual Estendido de Palivizumabe, que oferece proteção a prematuros nascidos de 29 e 31 semanas e seis dias até 11 meses e 29 dias de vida contra o vírus sincicial respiratório (VSR). O protocolo é exclusivo da Paraíba e da Bahia e representa um investimento inicial de R$ 3,5 milhões. A aplicação das doses começou em fevereiro, com busca ativa das crianças elegíveis, e há a previsão de expansão da cobertura ainda este ano.

Em relação ao número de óbitos infantis por SRAG, no mesmo peíodo, houve uma queda de 13, em 2024, para cinco, em 2025. Também houve redução no número de casos confirmados da doença, que passaram de 991 para 514. Os principais sintomas entre os casos diagnosticados incluem tosse, febre, fadiga, dispnéia e desconforto respiratório.

Boletim Epidemiológico

Até o momento, a Paraíba contabiliza 45 mortes causadas pela Covid-19 e 31 óbitos por outros vírus respiratórios, sendo 10 atribuídos ao influenza tipo A, segundo dados do Boletim Epidemiológico n° 06, divulgado ontem. O documento revela, também, que quase todos os casos (99,39%) ocorreram entre residentes do estado, incluindo 125 pacientes transferidos de outras localidades.

Dos 1.807 casos notificados, 621 tiveram confirmação de infecção por vírus respiratórios por meio de testes RT-PCR, sendo que 22 apresentaram co-detecção, ou seja, mais de um vírus identificado na mesma amostra. O relatório aponta que os principais vírus em circulação neste período foram o influenza A, o rinovírus e o vírus sincicial respiratório (VSR).

O influenza A teve maior incidência em crianças menores de cinco anos, representando 31,71% (39 casos) dos infectados. O rinovírus também afetou majoritariamente essa faixa etária, com 58,38% (101 casos). Já o SARS-CoV-2, responsável pela Covid-19, teve predominância entre pessoas com mais de 60 anos, com 49,06% (78 casos) dos diagnósticos.

Vacinação

Com o objetivo de reduzir complicações, internações e mortes relacionadas ao vírus influenza, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) ampliou a vacinação para toda a população a partir dos seis meses de idade, conforme disponibilidade de doses nos municípios. A meta para 2025 é atingir 90% de cobertura vacinal nos grupos prioritários, como crianças, gestantes e idosos com 60 anos ou mais.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 03 de junho de 2025.