Eles já foram a única forma de comunicação a distância, em tempo real. Hoje, com a popularização do celular, os telefones públicos, mais conhecidos como orelhões, tornaram-se obsoletos. Em João Pessoa, ainda é possível encontrar alguns deles, “esquecidos” pelas ruas — mas são equipamentos que não funcionam mais e acabaram se tornando uma espécie de lixo urbano. Na Paraíba, segundo informações da empresa de telefonia Oi, existem cerca de 2,4 mil orelhões, sendo 243 deles localizados na capital paraibana.
Alguns desses equipamentos podem ser encontrados na Rua Estevão Brett, em frente à creche pré-escola Glauce Burity, no Distrito Industrial de João Pessoa. Porém, como em muitos outros lugares, eles não funcionam, estão sujos, enferrujados, pichados e quebrados. Nesse setor, há nove orelhões, todos sem uso. Segundo informações de moradores locais, que não quiseram se identificar, a impressão é de que a empresa os descartou ali para “desocupar o depósito”. Eles dizem ainda que nunca viram nenhum passar por manutenção e que, há mais de dois anos, eles estão inativos.
Quem passa por lá, pode notar a situação de abandono em que se encontram esses telefones públicos — inclusive, com muito mato crescendo no seu entorno. Silvana Mendonça, auxiliar de sala, reforça que eles não funcionam há bastante tempo. Ela acrescenta que, alguns anos atrás, no condomínio onde mora, havia um orelhão dentro e dois na calçada. “A gente usou durante muito tempo. Mas, depois do celular, os moradores pediram para recolher”, conta. Mas ela destaca que esses equipamentos, em algumas situações e locais específicos, ainda podem ser essenciais. “No caso de uma emergência, se a pessoa for assaltada, os orelhões podem ser úteis”, diz.
Manutenção
Orelhões sem funcionamento acabam poluindo o espaço urbano e sendo, muitas vezes, alvo de vandalismo. Mas, segundo explica a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), qualquer cidadão pode solicitar o reparo desses equipamentos à concessionária responsável pelo serviço — que, na Paraíba, é a Oi. As manutenções devem ser feitas em até 24 horas.
Em nota enviada pela sua assessoria de comunicação, a Anatel explica o seguinte: “Em localidades atendidas exclusivamente por acesso coletivo, situados à distância geodésica superior a 30 km de uma localidade atendida com acessos individuais, esse reparo deve ser feito em, no máximo, 10 dias. Caso a reclamação não seja atendida no prazo, este fato deve ser informado à Anatel, por meio de um de seus canais de relacionamento com os consumidores”.
A agência também destaca que houve algumas mudanças no Plano Geral de Metas, em decorrência dos avanços tecnológicos e das necessidades da população. Com isso, não é mais obrigatório que as concessionárias mantenham orelhões a cada 300 metros, no caso de localidades atendidas com acesso individual, como também não existe mais a obrigação de garantir a densidade de quatro orelhões para cada mil habitantes por município.
Devido a isso, alguns desses equipamentos vêm sendo retirados. “As concessionárias iniciaram a retirada dos terminais não mais obrigatórios e começaram a reduzir de 50% para 10% da quantidade de terminais instalados em locais acessíveis ao público, 24 horas por dia”, destaca a nota. Sobre as fiscalizações, a agência fala que realiza o acompanhamento da disponibilidade da planta de orelhões e que tem uma gerência para essa finalidade.
Segundo a Oi, responsável pelo serviço no Estado, a manutenção dos aparelhos é feita com um custo anual estimado em R$ 95 milhões, em todo o país, apesar de quase não serem mais utilizados pela população. “Mais da metade (66%) dos cerca de 78 mil orelhões da Oi existentes no Brasil registram uma média de menos de uma chamada por dia”, afirmou a empresa, em nota.
Canais de Atendimento
■ Anatel
Central de Atendimento Telefônico (gratuito): 1331 | www.gov.br/anatel
■ Oi
Atendimento por telefone: 103 31 ou 0800 6481118 | www.oi.com.br
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 20 de julho de 2024.